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Argentina espera forte alta nos embarques de carne bovina em 2003

Depois dos estragos causados pela descoberta de casos de aftosa em 2001, e de uma crise econômica nacional sem precedente em 2002, a indústria de carne bovina da Argentina deposita todas as suas esperanças em 2003.

“Será um ano forte”, resume Ignácio Iriarte, diretor do Livestock Report, uma importante publicação argentina do setor. Alejandro Fried, porta voz da Swift Armour S.A, maior exportadora de carne bovina do país, concorda. “No ano que vem, exportaremos mais para mais mercados”, diz.

Para analistas, os embarques aumentarão por duas razões: reabertura de mercados fechados em 2002 na esteira da aftosa e desvalorização da moeda argentina em relação ao dólar.

Para Iriarte, o país deverá exportar entre 500 mil e 600 mil toneladas em 2003, ante as cerca de 300 mil toneladas previstas para este ano. Ele sabe que sua estimativa é otimista, mas confia nela.

A Secretária de Agricultura do país projeta exportações de até 380 mil toneladas em 2003, principalmente de cortes sem ossos resfriados e congelados e carne bovina cozida processada. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trabalha com 360 mil toneladas.

Para Fried, 400 mil não é irreal, ao passo que Miguel Schiariti, presidente da Câmara de carne bovina da Argentina (CICRA), prevê 450 mil. “Podemos atingir este nível desde que Canadá e EUA abram seus mercados. Sem isso, cresceremos apenas 10%”.

Como outros países, Canadá e EUA baniram a carne argentina em Março de 2001, depois da descoberta de casos de aftosa no rebanho platino. Antes disso, a Argentina era o quarto maior país exportadora mundial.

Desde Janeiro de 2002, depois de uma aparentemente bem-sucedida campanha de vacinação contra a doença, cerca de 50 países reabriram seus mercados.

Mas ainda existem possíveis obstáculos à retomada plena das exportações argentinas. Há o remoto risco, por exemplo, de que a descoberta de casos do vírus nos vizinhos Paraguai e Bolívia possa respingar do outro lado da fronteira. Além disso, a Argentina é um dos maiores exportadores mundiais de grãos, e, na opinião de alguns analistas, à medida que o cultivo se torna mais lucrativo, alguns pecuaristas poderão vender gado e se bandear para este segmento, principalmente para a lucrativa soja.

Além disso, o argentino médio consome 60 quilos de carne bovina por ano, e a demanda interna absorve 85 % da produção de carne bovina local, deixando apenas 15 % para as exportações. Mas nem todos vêem isso como um obstáculo. Para Shiariti, o consumo de carne de alta qualidade pode cair devido à alta do preço doméstico da carne, liberando oferta para exportação.

Fonte: Valor Online (por Taos Turner), adaptado por Equipe BeefPoint

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