O Governo da Argentina decidiu limitar o abate de bovinos de menos de 300 quilos com o objetivo de incentivar a produção de carnes e reduzir a pressão da maior demanda interna sobre os preços deste produto, altamente sensível no consumo da população. No entanto, a medida provocará mudanças estruturais na produção pecuária, que nos últimos anos, estava inclinada à produção e abate de animais de menor peso.
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, anunciou que a partir de primeiro de novembro deste ano ficarão suspensos os abates de bezerros com pesos inferiores a 300 quilos, com o objetivo, segundo indicou, de enfrentar a maior demanda exportadora de carnes e um aumento do consumo interno, que nos últimos meses, provocou aumentos nos preços desse produto.
Lavagna, no entanto, reiterou que “todos os instrumentos são válidos” quando foi consultado sobre um eventual aumento nos impostos de exportação de carnes. “Há uma sensação de maior tranqüilidade”, disse ele, com relação aos preços da carne no último mês.
A norma, em princípio, tem um caráter transitório de 180 dias, ainda que possa ser prorrogada, e basicamente dispõe que não se emitirão Documentos de Trânsito de Animal (DTA) para os animais de menos de 300 quilos destinados ao abate. Mediante esta resolução, segundo Lavagna, espera-se aumentar o peso da meia carcaça de 73 quilos médios atuais para 85 quilos em médio prazo.
Desta forma, o Governo argentino busca obter um maior volume de carne produzida com o mesmo rebanho. A média atual de peso de abate dos animais é de 217 quilos, enquanto que nos principais países competidores, como o Uruguai, é 17% maior.
A indústria frigorífica, que esteve presente em uma conferência onde estavam Lavagna e o secretário da Agricultura da Argentina, Miguel Campos, disse que há tempos reclamava uma medida neste sentido, dado que, com um maior rendimento dos animais, seus custos de produção se reduziriam. “Cremos que é uma medida muito positiva porque devemos buscar mecanismos para ajudar a ter uma maior oferta de carnes, freando o aumento de preços”, disse o presidente da Swift, Carlos Oliva Funes.
O presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes, Miguel Schiariti, disse que com um aumento de 50 quilos no peso, o país produzirá cerca de 625 mil toneladas a mais de carne por ano, o que significa 22% do volume atual, de três milhões de toneladas.
No entanto, a opinião dos produtores é diferente. A Sociedade Rural Argentina (SRA) e a Confederação das Associações Rurais (CRA) mostraram sua oposição a esta medida. “Medidas como esta fomentarão o abate clandestino, aumentarão os custos de produção e reduzirão a oferta de carne”, disse a SRA.
A CRA, por sua vez, classificou a resolução como “intervencionista” e disse que “há outras formas” de obter um maior peso dos animais. As entidades defendiam um sistema de prêmios impositivos para o produtor que enviar ao abate animais mais pesados, ao invés de uma medida restritiva.
Fonte: La Nación (por Franco Varise), adaptado por Equipe BeefPoint