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Argentina: governo usa ´vacas militares´ contra greve

Para rebater os efeitos da greve do setor agropecuário, que não está comprando nem vendendo carnes, o presidente da Argentina, Nestor Kirchner, enviou milhares de cabeças de gado das Forças Armadas para o mercado.

Para rebater os efeitos da greve do setor agropecuário, que não está comprando nem vendendo carnes, o presidente da Argentina, Nestor Kirchner, enviou milhares de cabeças de gado das Forças Armadas para o mercado, informou Airel Palácios, da Folha de S.Paulo.

O alvo das queixas dos ruralistas é o congelamento de preços (e redução, em alguns casos) e a retenção e limitação de exportações. O resultado imediato da paralisação foi a queda drástica do envio de gado aos mercados, além de verduras, legumes e cereais.

Ontem, o Mercado de Liniers, o principal da Argentina, estava praticamente parado, com metade do movimento de um dia habitual. De manhã, entraram 2 mil cabeças, 95% das quais pertencentes às Forças Armadas.

Em cidades como General Villegas, na Província de Buenos Aires, produtores que não aderiram à greve foram impedidos, com violência, por grupos organizados de piqueteiros das associações rurais, de entregar gado aos mercados.

Os ruralistas, liderados pelos pecuaristas, acusam o governo de ter aplicado, ao longo do último ano, medidas que desviaram de suas mãos para as arcas do Tesouro mais de US$ 1,2 bilhão. Kirchner retruca que os produtores têm grande cobiça e ´o crescimento econômico precisa ser distribuído entre todos os argentinos´.

Os analistas sustentam que esse envio de vacas militares não passa de uma mensagem política de que o governo é capaz de qualquer medida para frustrar a mobilização dos produtores. Enquanto isso, as três associações agropecuárias que estão em greve – a quarta se alinha com o governo -, a Federação Agrária, as Confederações Rurais Argentinas e a Sociedade Rural, fizeram ontem tratoraços e bloquearam um trecho da estrada que liga a maior cidade do país, Buenos Aires, ao terceiro centro urbano, Rosario, também o maior porto exportador de cereais da Argentina.

Kirchner tem obsessão por concluir 2006 com uma inflação de um dígito. Ele pretende entrar no ano eleitoral de 2007 com esse trunfo para garantir maior popularidade e disputar a reeleição em outubro – ou, como alternativa, tornar candidata a sua esposa, a senadora Cristina Fernández de Kirchner.

De acordo com o Diário da Indústria e do Comércio, o que azeda mesmo o humor dos produtores é o “xerife dos preços”, Guillermo Moreno, um homem que colocou uma arma de fogo na mesa quando foi se apresentar à cúpula da SRA, no final do ano passado, segundo informações dos empresários. Os líderes ruralistas e os empresários locais de uma forma geral qualificam Moreno como um funcionário “grosseiro” e de “índole duvidosa”, que desconhece completamente a palavra “diálogo”.

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