Analistas previam que no ano que vem as vendas externas de carne bovina da Argentina seriam as maiores em 25 anos e o país parecia estar nos trilhos para reconquistar seu status de grande player no mercado mundial.
Mas o presidente Nestor Kirchner nublou tais perspectivas ao anunciar um aumento de impostos para reduzir as exportações, aumentar a oferta interna e, assim, ajudar a controlar a inflação.
A alíquota cobrada sobre a venda externa de carne bovina saltou de 5% para 15% e pode ir a 25% se os preços não caírem. O governo também acabou com a restituição de 5% dos impostos pagos pelos exportadores e estabeleceu um peso mínimo para cada animal abatido.
Kirchner esperava que, ao aumentar o peso de abate, a produção aumentaria. Mas isso levou muitos pecuaristas a interromper a venda de animais, o que elevou ainda mais os preços da carne. A Carbap, grupo que reúne 35 mil pecuaristas donos de metade do gado argentino, ameaça reter os animais até que o governo mude sua política.
Expectativas
Se os mercados voltarem a comprar do Brasil, a política de Kirchner estará em xeque. “É difícil imaginar o governo mantendo uma taxa de exportação em 15% se o Brasil voltar ao mercado”, disse Tonelli. “Se isso acontecer, as exportações argentinas cairão de 25% a 30%. Senão, teremos outro ano como 2005”.
Outro fator que deve mexer com o mercado é a provável volta das importações dos Estados Unidos e Canadá, que baniram a carne argentina em 2001. Se a América do Norte retomar as compras, o produto pode ficar entre 15% e 20% mais caro no mercado local.
Fonte: Estadão/Agronegócios (por Ana Conceição), adaptado por Equipe BeefPoint