A indústria frigorífica da Argentina está retomando seus níveis de atividade. Como conseqüência, também estão sendo recuperados os postos de trabalho do setor.
Em Córdoba, a reativação ocorreu nos últimos 45 dias. O frigorífico Estancias del Sur produz hoje 550 cabeças por dia e emprega mais de 400 pessoas, após 10 meses de paralisação. A situação é similar no restante do país.
Em Rosário – onde a atividade é central e tem, talvez, o maior desenvolvimento – cerca de 500 trabalhadores da indústria de carne recuperaram seus postos de trabalho até este momento do ano, e a tendência se mantém, ainda que de forma lenta, devido à aguda crise social e econômica que acomete a Argentina neste momento.
A reativação da indústria frigorífica se viu favorecida pela desvalorização, pela eliminação dos focos de febre aftosa e pela ampliação da cota Hilton (cota de carne de alta qualidade que a Argentina exporta à União Européia). O líder em reincorporações e de criação de novos postos de trabalho é o Frigorífico Swift, que hoje emprega 1900 pessoas.
Recuperação lenta
O setor de carnes da Argentina tem se convertido nos últimos meses em um “cavalo de batalha” do Governo do país na hora de dar exemplos sobre as possibilidades de reativação que existem logo após o fim da convertibilidade, ocorrida em janeiro passado. Em rigor, empresários e sindicalistas concordam que os frigoríficos ocupam agora 6 mil pessoas a mais do que há 6 meses.
Na realidade, este crescimento não tem nada a ver com a modificação do regime cambiário. A única razão foi que em fevereiro passado, a Argentina recuperou uma parte dos mercados externos que tinha perdido por causa do ressurgimento de focos de febre aftosa, em especial, da União Européia e Israel. Assim, quando o país pôde voltar a exportar carne, várias fábricas que tinham sido fechadas reabriram e retomaram os funcionários que tinham sido suspensos quando a crise se instalou, em março de 2001.
Os números oficiais disponíveis, que chegam até abril, não mostram, todavia, este fenômeno informado pelo Ministério do Trabalho. Pelo contrário, uma pesquisa mensal feita por este ministério mostrou que, durante o primeiro quadrimestre do ano, houve muito mais empresas que dispensaram gente do que empresas que empregaram.
Na Grande Buenos Aires, por exemplo, cerca de 17,6% das empresas reconheceu ter dado baixa de uma parte de seus funcionários, enquanto somente 7,3% delas tinha contratado novos empregados. Os indicadores eram piores em Córdoba – 18,3% de baixas contra 8,5% de altas – e melhoraram um pouco em Rosário – 10,6% contra 6,2%.
Segundo um funcionário do Ministério do Trabalho, a recuperação no país será um processo lento, uma vez que “implica em uma dinâmica diferente, em especial vinculada a uma melhora nas exportações”.
Segundo esta lógica, as melhoras em nível de emprego chegariam através de um aumento das exportações, que, neste ano, seriam similares às do ano de 2001, ao redor de US$ 26 bilhões.
Fonte: Clarín e La Voz del Interior – Córdoba, adaptado por Equipe BeefPoint