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Argentina: indústria frigorífica exportadora se recupera

Com comportamento diferenciado em relação a outros setores da economia argentina, a indústria frigorífica exportadora está em expansão. A reabertura dos mercados após a crise da aftosa, o aumento da competitividade produzida pela desvalorização da moeda, e a criação do Instituto de Promoção da Carne, são os três fatores de peso que determinaram a recuperação do setor.

É o que informa o relatório mensal divulgado pela Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da República Argentina (Ciccra). No entanto, a entidade advertiu também que a alteração dos preços relativos entre a pecuária e a agricultura poderá colocar em perigo a sustentabilidade da produção pecuária.

Após um longo período de grandes obstáculos, a indústria frigorífica argentina começou a sentir, através de alguns indicadores, a melhoria do setor, beneficiado sobretudo pela desvalorização do peso argentino. Esta melhora na competitividade, juntamente com a abertura de cerca de 36 mercados, segundo declarou o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa), e a sanção da lei no 25.507, que criou o Instituto de Promoção de Carne Bovina, deram força para a atividade.

Para os analistas do Ciccra, os melhores indicadores que denotam a reativação do setor são a reabertura de 6 fábricas exportadoras, a contratação de 4 mil trabalhadores e o aumento da quantidade de horas trabalhadas por pessoa.

Houve também, na Argentina, a recuperação do preço, em pesos, dos novilhos, que atingiram valores superiores aos de antes do fechamento das exportações de carnes argentinas, em março de 2001. No entanto, este aumento, em dólares, equivale a apenas 44% dos níveis daquele tempo.

A recuperação do mercado comunitário europeu e de Israel tem sido o melhor alicerce para que a indústria frigorífica exportadora argentina inicie sua recuperação, apesar de ainda faltar a abertura de alguns mercados.

Segundo os dados provisórios divulgados pelos Mercados Pecuários da Secretaria da Agricultura da Argentina, no primeiro trimestre de 2002, foram exportadas 14,1 mil toneladas de carne bovina com osso por um valor de US$ 25,5 milhões. O preço médio foi de US$ 1,807 mil FOB por tonelada de carne com osso.

Os principais compradores da carne argentina foram Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, enquanto que Holanda, Brasil e Itália vieram em seguida. Os frigoríficos que tiveram maior participação nas exportações de carne foram Finexcor, com 14,9% do volume exportado; Quickfood, com 12,7%; Gorina, com 7,6%; Swift Armour, com 6,6% e Cepa, com 6,2%. No conjunto, esses frigoríficos representaram quase metade dos volumes exportados até o momento.

Advertências

Apesar disso, nem tudo são rosas para o setor de carnes argentino, e os especialistas do Ciccra advertem sobre fatores que poderiam colocar em risco este crescimento. Neste sentido, eles asseguram que a alteração de preços relativos entre a agricultura e a pecuária pode colocar em risco a sustentabilidade do setor, e, como conseqüência, as exportações de carne bovina.

“Nos últimos meses temos visto que, como em outros tempos, é mais rentável destinar hectares ao negócio agrícola do que à produção pecuária. Esta tendência nos leva a relacionar a atual situação com o ocorrido nos anos 96/98 e lembrar que, após a redução do rebanho registrada em 1996, foram gerados preços por quilo vivo de novilho superiores a US$ 1 em 1998. A perda da competitividade que essa situação causou produziu a queda nas exportações, e obrigou a Argentina a ceder mercados a países competidores, como o Brasil e a União Européia”.

“A rentabilidade circunstancial que o exportador industrial tem diante dos preços em dólares dos novilhos pode se reverter drasticamente se não evitarmos que se repita o que aconteceu em 1996 e 1998”.

Por isso, a entidade afirmou que há a necessidade de desenvolver um mecanismo que permita a manutenção de um preço rentável para a produção e que, simultaneamente, permita a sustentação dos atuais mercados e o desenvolvimento de novos. “Há que se lembrar que a única possibilidade de crescimento da cadeia pecuária e de carnes é através do aumento das exportações”.

Fonte: La Capital – Rosario, Santa Fé, adaptado por Equipe BeefPoint

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