A Associação de Produtores de Carne Bovina Argentina (Aprocaboa) pôs em marcha um plano piloto do Programa Carne Solidária, do qual participarão, em princípio, os produtores de carne da Província de Santa Fé. Os produtores doarão (de forma voluntária) um quilo de produto vivo para ser transformado em cortes congelados ou resfriados, para contribuir com os consumidores escolares da Província, escolhidos pela instituição de caridade Cáritas Argentina. A distribuição será feita por várias organizações não governamentais.
“A profundidade da crise e os planos sociais instrumentados pelo Estado têm demonstrado que o subsídio não é suficiente para cumprir com seus objetivos”, informou a entidade. A crítica à estratégia oficial para minimizar a pobreza aponta, sobretudo, à “tendência assistencialista” da mesma. Os membros da Aprocaboa informaram que estão preocupados com a sustentabilidade das políticas de ajuda social, de forma que decidiram “incorporar a carne bovina à dieta das crianças com necessidades básicas insatisfeitas”.
Considerando-se que a produção de bovinos da Argentina foi de 11,3 milhões de cabeças em 2002, provenientes de estabelecimentos controlados pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa), os produtores estimam reunir 3,39 milhões de quilos de carne, o que significa um total de 39,9 milhões de porções anuais (de 100 gramas por pessoa) para 1,28 milhão de crianças em situação de pobreza.
A organização decidiu iniciar o Programa em Santa Fé, considerando a concentração de frigoríficos na Província. Porém, assim que a logística de ajuda for ajustada, o programa se estenderá para o restante do país.
Na Província de Santa Fé, em particular, espera-se reunir cerca de 588 mil quilos, volume que atingiria 6,92 milhões de porções com destino a 223,375 mil crianças. Neste caso, o cálculo também se apoiará na estatística oficial de produção.
O produtor deverá manifestar no documento de trânsito animal sua vontade de doar um quilo de carne por cabeça que envia para o abate, detalhando sua categoria e informando o movimento do animal dentro de 24 horas à Unidade de Gestão Operacional. O frigorífico, por sua vez, realizará a liquidação dos quilos doados e estenderá um certificado aos produtores, com fins administrativos e impositivos. O frigorífico processará a carne e a manterá à disposição do Banco de Proteínas de Carne e derivados, até que a Unidade de Gestão Operacional determine seu destino. Será criada uma rede informatizada que concentre os dados e permita o controle cruzado dos movimentos. Todo o processo será examinado pelo Foro Solidário, além de contar com uma auditoria externa.
Há vários anos a entidade busca promover o consumo de carne bovina. Agora, a dura crise está gerando um compromisso de maior amplitude, admite Girardi, que é o de contribuir com a nutrição de menores carentes. Considerando-se que a carne é uma fonte de proteína e que a qualidade da mesma é superior à do alimento vegetal, compreende-se o valor deste aporte, disse ele.
Fonte: La Nación, adaptado por Equipe BeefPoint