As exportações de carne bovina argentina contam com maior participação das empresas estrangeiras, porém, concentrada em menos participantes: entre 2005 e 2010, os frigoríficos de capital estrangeiro passaram de 27% para 38% do controle das exportações. Isso foi indicado por um estudo realizado por Marcelo Rossi, ex-diretor da Oficina Nacional de Controle Comercial Agropecuário (ONCCA) e integrante das equipes técnicas da União Cívica Radical (ICR), sobre a base de dados oficiais.
As exportações de carne bovina argentina contam com maior participação das empresas estrangeiras, porém, concentrada em menos participantes: entre 2005 e 2010, os frigoríficos de capital estrangeiro passaram de 27% para 38% do controle das exportações. Isso foi indicado por um estudo realizado por Marcelo Rossi, ex-diretor da Oficina Nacional de Controle Comercial Agropecuário (ONCCA) e integrante das equipes técnicas da União Cívica Radical (ICR), sobre a base de dados oficiais.
Em 2010, cinco grupos externos ficaram com 38% do total das exportações. Trata-se dos brasileiros JBS e Marfrig, os norte-americanos Cargill (Finexcor) e Tyson Foods (Exportaciones Agroindustriales Argentinas) e o francês INC (Carrefour).
“Não é ruim que [as empresas externas] venham investir aqui, mas há empresas que controlam cada vez mais [o negócio total]”, disse o autor do estudo. Segundo Rossi, é a política oficial que vem intervindo no mercado, o que impulsiona uma maior concentração da atividade. Dessa forma, as empresas menores ou de menor escala são as que se prejudicam com uma perda de competitividade.
Rossi usou 2005 para fazer seu estudo comparativo por uma questão importante. Nesse momento, depois de anos de estancamento, a pecuária argentina explodiu. A produção de carne subiu de 2,5 para 3,2 milhões de toneladas. Os abates subiram de 12 para 14 milhões de cabeças (por maior produtividade e não por liquidação) e as exportações totais (considerando nesse caso carcaça com osso e somando todos os produtos) superaram bastante as 700.000 toneladas. “Cortou-se 25 anos de estancamento”.
Depois o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, interveio na atividade, pressionando sobre os preços e, com o agravante da seca, a pecuária argentina perdeu 12 milhões de cabeças e caíram os abates e as exportações. Além disso, os frigoríficos começaram a fechar suas portas.
A nível individual, o grupo que mais cresceu foi o brasileiro JBS, com suas controladas Swift Armour, Colcar e Consignaciones Rurales. Em 2010, concentrou 19,4% das exportações totais, segundo o trabalho. No entanto, em 2005, as marcas agora vinculadas com a JBS tinham 3,7% nas vendas ao exterior. De fato, a forte presença estrangeira nas exportações totais se explica pelo crescimento da JBS.
O Marfrig, outro grupo brasileiro que adquiriu a Quickfood, Estancias del Sur, Best Beef e Argentine Breeders & Packers, é outro importante participante do negócio de exportação. Teve 10,9% de participação em 2010. No entanto, retrocedeu com relação a 2005, quando se compara o desempenho que tinham suas empresas nessa época. Nesse momento, a participação das marcas que controla era de 13,9%.
Outros grupos estrangeiros vêm crescendo como INC (Carrefour) e Tyson Foods (Exportaciones Agroindustriales Argentinas SA). A Cargill, com seu frigorífico Finexcor (que agora está passando para grupos nacionais), também foi um participante importante em 2010, com vendas totais de 5,4%. No entanto, analisando-se com relação a 2005, houve redução em sua participação, já que nesse momento o Finexcor registrava 9,2% do total.
O trabalho chega também a outra conclusão importante. Somando os cinco grupos externos os nacionais Rioplatense SA, Gorina, Runfo-Offal, Amancay, Pueblo Alto e Campo del Tesoro, esse lote de onze empresas teve em 2010, 56,2% de participação nas exportações. Para comparar, em 2005 tinham 33,8%. “Isso é concentração”, disse Rossi. Entre os nacionais, destaca-se o desempenho do Amancay e do Gorina.
A cota Hilton, de 28.000 toneladas, também se concentrou, segundo o estudo. Entre os ciclos de 2007/2008 e 2010/2011, a quantidade de empresas beneficiadas para exportar baixou de 65 para 45, uma redução de 31%. “O JBS recebeu 53% mais da cota no período de 2010/11 contra 2007/08; o Tyson Foods recebeu 47%; o Runfo-Offal se beneficiou com 110% a mais que o recebido em 2007/08 e o Amancay SA foi favorecido com 188% a mais. O resto das empresas avaliadas receberam porcentagens menores quando se comparam os períodos analisados”, disse Rossi.
A reportagem é do La Nación, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.