A China poderá começar a comprar carne argentina. "Estamos próximos de abrir o mercado chinês", disse o embaixador argentino na China, César Mayoral. Com uma negociação já aberta, Mayoral contou que as negociações começaram há mais de um ano. Além disso, informou que há um memorando firmado para o acesso do produto a esse destino.
A China poderá começar a comprar carne argentina, produto que devido à febre aftosa não pode entrar no mercado do gigante asiático.
“Estamos próximos de abrir o mercado chinês”, disse o embaixador argentino na China, César Mayoral. Com uma negociação já aberta, Mayoral contou que as negociações começaram há mais de um ano. Além disso, informou que há um memorando firmado para o acesso do produto a esse destino.
Mayoral recebeu na semana passada, na sede diplomática, uma delegação de 89 argentinos que foram participar da VIII Conferência Mundial da Soja e nessa ocasião começaram as negociações sobre a carne.
Em 2005, a Argentina tinha conseguido a reabertura do mercado chinês. No entanto, em fevereiro de 2006, a descoberta de um foco de febre aftosa em Corrientes freou esse processo. Finalmente, em novembro de 2007, a China voltou a reconhecer a Argentina como país livre de aftosa com vacinação, dando início a um caminho que agora desembocaria em novos negócios.
De fato, já houve uma visita à Argentina de autoridades da Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena (Aqsiq) e somente faltaria esse órgão e o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) fecharem o entendimento. No entanto, uma fonte do Senasa informou que houve uma reunião entre representantes chineses e argentinos em julho e concordaram em retomar o assunto em setembro. Sobre os prazos de abertura, essa fonte disse que “não acredita que haja novidades ainda esse ano”.
Contudo, para os funcionários argentinos na China, a Argentina poderia vender cortes de alto valor em hotéis e restaurantes. A Argentina teria que competir nesse segmento com a carne importada da Austrália, que fornece à China 65% desses cortes.
Em linhas gerais, as importações de carne hoje se concentram sobre os miúdos. A carne importada pela China tem dois nichos de mercado. O primeiro, pedaços de carne com gordura e miúdos congelados, destinados ao prato típico chinês hot pot; línguas congeladas, servidas em pratos frios, disse o adido agrícola da embaixada argentina na China, Omar Odarda. Os miúdos e línguas congeladas em conjunto representam 75% das importações chineses em volume, há três anos.
Segundo Odarta, o outro nicho de mercado é o setor gastronômico e hoteleiro, que está crescendo em cidades como Pequim, Xangai, Shenzhen, Cantón e Tianjin. Há três anos, o país importava pouco menos de 600 toneladas.
A China tem uma forte produção interna que faz com que quase 99% do produzido se consuma localmente. Ainda que baixo, o consumo de carne bovina e carne de cordeiro, consideradas em uma só categoria, chegou a uma marca, em 2007, de 3,9 quilos por habitante.
Assim como em outras categorias, a China tem apostado em aumentar sua produção e seus estoques. Segundo Odarda, desde 1990 sua produção passou de 1,3 milhão de toneladas para mais de 8 milhões de toneladas. Além disso, o rebanho pecuário subiu de 101 para 139,44 milhões de cabeças.
Diferentemente do que ocorreu na Argentina, cujo rebanho está em queda, na China o rebanho bovino cresceu em quase 40 milhões de animais nesse período. Segundo Mayoral, a China poderia ser para a carne uma alternativa para o mercado europeu, que também demanda cortes de alto valor. “A Argentina tem que diversificar os produtos exportáveis”.
Segundo o trabalho de Odarda, em curto prazo, muitos consumidores chineses passariam à carne bovina ou de frango pelo aumento no preço da carne suína. Além disso, ele destacou também que, com a melhora na renda da população urbana e com as influências ocidentais, estaria por ocorrer uma mudança nos hábitos de consumo.
“A China é um dos principais produtores de carne do mundo. Embora tenha sido auto-suficiente até o momento, desperta interesse nos principais países exportadores, como Argentina, por capturar uma parte desse mercado”, disse Odarda.
A reportagem é do La Nación, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.