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Argentina: preços da carne poderão sofrer novo aumento

Os preços da carne bovina na Argentina poderão sofrer a partir desta semana novos aumentos de aproximadamente 10%, devido aos valores dos animais no Mercado de Liniers, que aumentaram 20% na semana passada. Para muitos varejistas será bastante complicado não transmitir este aumento aos consumidores.

Os especialistas do setor disseram que o forte aumento dos valores dos animais vivos não será transmitido na mesma proporção aos açougues e supermercados. Do início do ano até agora, em rigor, o preço do gado bovino aumentou mais de 100% em Liniers (a média passou de 0,65 pesos (17,85 centavos de dólar) por quilo vivo em dezembro a 1,481 pesos (40,68 centavos de dólar) neste mês), mas no mesmo período, o preço da carne ao consumidor subiu 34,5%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística da Argentina (INDEC).

O maior estímulo à alta dos preços do gado bovino foi a reabertura dos mercados de exportação, depois da crise da febre aftosa. Porém, a maior limitante a sua transmissão ao consumidor tem sido a notória queda do consumo interno, devido à recessão. Segundo algumas estimativas, nos últimos anos, cada argentino teve o consumo per capita de carne reduzido, de 60 quilos por pessoa por ano para pouco mais de 54 quilos por pessoa por ano.

“O preço nos açougues estão muito atrás. Normalmente a transferência do aumento do preço ao consumidor demora entre 10 e 15 dias, sempre e quando os aumentos dos produtos agrícolas se sustentam por um tempo”, disse o membro da Câmara da Indústria da Carne, Miguel Schiariti. Segundo ele, é importante analisar o que ocorreu na semana passada em Liniers, onde estavam aguardando a entrada de menos animais do que o habitual.

Neste mercado concentrador, a falta de animais durante toda a semana passada foi o que gerou o aumento dos preços. No total, entre segunda-feira e sexta-feira, entraram 38.040 bovinos, cerca de 10 mil a menos do que em uma semana normal. Segundo alguns analistas, a redução nas chuvas foi o que impediu a carga de animais de algumas zonas rurais. Porém, a maioria dos analistas acha que os produtores estão retendo seus animais porque estes constituem um capital que não corre perigo de desvalorização.

“Nenhum produtor vai vender uma vaca se não precisa do dinheiro, seja para compra de insumos, combustível ou bezerros, porque não há mais sistema financeiro na Argentina”.

Menos consumo

Sobre este assunto, empresários do setor anteciparam que estes maiores preços poderiam estar vigentes “em uma ou duas semanas, como máximo, porque os supermercados não podem seguir absorvendo os custos atuais do produto”.

Mais cautelosos, representantes da indústria frigorífica que abastece o mercado interno indicaram que, diante da forte redução registrada no consumo local de carne bovina, devido à redução do poder aquisitivo da população argentina por causa da crise, a idéia é avaliar a possibilidade de que seja conveniente aumentar o valor dos principais cortes bovinos de maior venda.

Para quem vende animais no mercado interno, a tendência que se vê é uma drástica mudança na estratégia comercial, com indicações de que a comercialização pecuária terá que se direcionar para a exportação. Sobram razões para sustentar esta possibilidade: os preços estão em níveis internacionais imemoráveis e o fato de que há seis meses o país não detectou nenhum foco de febre aftosa otimiza e aumenta diariamente a reabertura de novos mercados mundiais para as carnes argentinas.

Consumo per capita de carne bovina na Argentina


Fonte: Mercado de Liniers S.A.

Fonte: El Clarin e El Diario – Entre Ríos, adaptado por Equipe BeefPoint

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