Os produtores de bovinos da Argentina pediram ao Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) a inclusão, com caráter de urgência, de uma nova cepa dentro do esquema de vacinação contra a febre aftosa porque, segundo advertiram, apareceu um novo vírus – tipo C – na região que poria em risco as condições sanitárias do rebanho bovino nacional, que compreende cerca de 52 milhões de cabeças.
Esta inquietude surge exatamente quando a Argentina, que não registra focos de febre aftosa desde setembro de 2003, está a um passo de obter a restituição por parte da Organização Internacional de Epizootias (OIE) de seu status de livre de aftosa com vacinação.
Diante disso, a Sociedade Rural Argentina (SRA) reiterou em um comunicado que “com caráter de urgência” deveria ser aplicada uma vacina monovalente – com a cepa C – para obter uma cobertura total em nível nacional e, após estudos pertinentes, a cepa teria que ser incluída na atual vacina tetravalente, que contém cobertura para três vírus de forma simultânea.
Segundo fontes do Senasa, existe um esquema para implementar “a partir da segunda vacinação deste ano” a inoculação do gado com a cepa C. “Esta vacina já está preparada e existe um estoque para qualquer eventualidade”, disseram os porta-vozes do Senasa, dado que existem 2,5 milhões de doses de reserva.
“Cada dia que passa é um perigo e é inexplicável que não sejam utilizadas as doses imediatamente, porque se aparece um caso, o dano já está feito”, disse o vice-presidente da SRA, Hugo Luis Biolcati.
O vírus C reapareceu após nove anos no último foco de aftosa registrado no Estado do Pará, no Brasil. No Paraguai, apesar de ter sido descartado um recente foco de aftosa, segundo algumas versões, também tratava-se da cepa C do vírus.
Em setembro do ano passado, o tema foi abordado amplamente pela Comissão Nacional de Luta Contra Febre Aftosa (Conalfa) da Argentina, onde representantes da produção, da indústria veterinária e do Senasa concordaram com a necessidade de aplicar vacina contra a nova cepa.
Vaca louca
As reclamações fizeram parte de uma carta enviada pela SRA ao presidente do Senasa, Jorge Amaya, na qual também manifestou sua preocupação com relação às “precauções para manter o país livre de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), ou doença da ‘vaca louca'”.
“Solicita-se que sejam aumentadas as medidas de vigilância, sobretudo nas importações de risco e no controle das plantas de alimentos balanceados, com o fim de evitar que, por contaminação ou fraude, sejam incorporadas farinhas de carne e osso na alimentação de ruminantes”, disse a SRA, apesar de a Argentina ser livre de EEB e ser considerada um país entre os de menores riscos do mundo.
Fonte: La Nación, adaptado por Equipe BeefPoint