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Argentina: Queda nos preços afeta frigoríficos exportadores

O bom momento da indústria exportadora de carnes da Argentina, após a desvalorização e a abertura do mercado da União Européia (UE), começou a se reverter de maneira inquietante pela queda dos preços internacionais dos principais produtos e o aumento do preço do gado utilizado pelos frigoríficos para se abastecer.

As principais empresas notaram uma mudança na tendência em meados de 2002, quando o preço do novilho pesado – principal insumo – subiu 260% em pesos, enquanto a competição do Brasil se consolidou fortemente entre os tradicionais clientes da Argentina. Precisamente, devido à competitividade, este país ganhou posições durante 2001, quando a exportação de carne da Argentina estava vedada devido ao reaparecimento da febre aftosa.

“Na exportação de carnes existe uma convergência: se persistem os altos custos e o dólar baixa, o negócio se estrangula”, considerou o diretor da Argentine Breeders Consortium (ABC), Héctor Salamanco. “Um dos problemas é que hoje os mercados compradores pagam baixos preços, de modo que necessitaríamos capturar os que pagam preços maiores”, disse ao se referir à demorada reabertura dos mercados dos Estados Unidos e do Canadá, que permitiriam a entrada dos produtos de carne da Argentina a partir do final do próximo ano.

“A competição do Brasil é fundamental, porque concorre pelo mesmo nicho que a Argentina e, a partir do final dos anos noventa, começou a consolidar sua dominância no mercado de commodities”.

Apesar de a indústria frigorífica da Argentina ter conseguido retomar o caminho das exportações no ano passado, com um volume total exportado de 350 mil toneladas, ainda está muito longe das previsões de um milhão de toneladas que os especialistas esperavam. O certo é que, agora, as empresas somente podem colocar seus produtos em um terço do total de mercados mundiais por causa da febre aftosa.

“O setor está mal desde o meio do ano passado, quando o preço do produto ultrapassou o câmbio e os valores FOB das exportações se mantiveram muito frouxos”, opinou o diretor da Quickfood, Miguel Gorelick.

No primeiro trimestre do ano, as vendas de cortes resfriados alcançaram um nível de 6629 toneladas por um valor de US$ 31,4 milhões. A cota Hilton representou neste contexto 98,5% do volume e 94,1% em valor.

No entanto, a tonelada destes cortes especiais destinados à UE sofreu uma contundente queda. Em 1998, a tonelada estava em torno de US$ 7889 e, em 2002, atingiu a média de apenas US$ 4048. Da mesma forma, os preços dos cortes não Hilton baixaram 26,24% em quatro anos e os congelados baixaram até 50% no mesmo período.

“Entre os frigoríficos se pode notar uma competição feroz que produz um decréscimo das margens”, explicou um operador de mercado de gados e carnes. “O panorama internacional aparece muito complicado e as empresas estão lutando para vender a corda com a qual vão se enforcar, porque competem nos mesmos lugares e tiram os preços baixos”.

No entanto, as firmas exportadoras de carnes estão atualmente diante de problemas de dupla renda, porque o Estado mantém uma dívida pelo fator de convergência e está atrasado na devolução do imposto sobre valor agregado (IVA). “É um cenário em que se tem que trabalhar com uma administração clara, porque o ponto de equilíbrio é muito fino”, disse Salamanco.

Por outro lado, a demora na execução dos mecanismos de financiamento do Instituto de Promoção de Carnes Bovinas conspira contra a competitividade do setor. As entidades da produção reclamaram à Secretaria da Agricultura que determina uma resolução para começar a coletar e estimularam a indústria para que obtenha um acordo referente à sua representatividade no Instituto.

Fonte: La Nación (por Franco Varise), adaptado por Equipe BeefPoint

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