O pedido realizado pelo governo da Argentina à Organização Internacional de Epizootias (OIE) para que o país seja declarado como “livre de febre aftosa com vacinação” após superar o ressurgimento da doença em todo o país em 2001 e em algumas regiões do norte em setembro de 2003, tem na fronteira uma luz amarela.
O falso alarme que surgiu nos últimos dias no Brasil, com a suspeita de que bovinos estavam infectados com o vírus C da doença no estado do Mato Grosso do Sul, a 800 quilômetros da fronteira argentina, voltou a abrir o debate sobre a necessidade de aumentar a vigilância no país.
A Sociedade Rural Argentina (SRA) encabeçou esta semana uma ação pública para pedir ao governo uma ação firme que impeça o regresso da febre aftosa (veja artigo relacionado). As razões do temor são a falta de uma quantidade necessária de vacinas para combater a cepa C, uma variante da doença que foi exterminada do país há mais de 10 anos.
O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) informou que o país tem um estoque de dois milhões de doses para combater o vírus, mas a vacinação de todo o rebanho bovino com o antígeno está prevista para a segunda campanha de vacinação deste ano, que começará em setembro.
A SRA está solicitando que a vacinação massiva contra essa cepa comece no próximo mês. Na Argentina, o último foco desta cepa foi em 1994, enquanto que a última epidemia ocorreu em 1987.
Em 22 de dezembro passado, as autoridades veterinárias do Brasil levantaram a possibilidade de um novo foco da doença no Mato Grosso do Sul – zona declarada como livre da doença com vacinação -, que está conectado com a Argentina através do rio Paraná. A presença da doença foi descartada na última quarta-feira pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) do Brasil.
Em setembro, as autoridades sanitárias deste país informaram sobre o aparecimento de um foco de febre aftosa da cepa C em bovinos no município de Careiro da Várzea, na região leste do Amazonas, próximo à cidade de Manaus, algo que não ocorria há nove anos. Apesar de os animais infectados estarem fora do programa de vacinação do país, que cobre todos os estados exportadores no centro e sul, a Rússia – principal comprador de carne bovina congelada e fresca do Brasil – suspendeu suas compras por tempo indeterminado. Recentemente a carne argentina substituiu a brasileira no mercado russo.
Apesar de o Brasil ser hoje o principal exportador mundial de carne bovina, o MAPA solicitou aos 27 estados a implementação “urgente” de programas veterinários para erradicar definitivamente a doença em 2006.
A inquietude dos pecuaristas para começar em fevereiro a vacinação contra o vírus C foi recebida pelo Senasa, que considera que a situação é “de risco calculado” e não “de emergência”. O diretor de Sanidade Animal da entidade, Jorge Dilló, explicou que na primeira campanha de 2005 será aplicada a vacina preventiva monovalente C3 Indaial ao longo de 1300 quilômetros, em uma faixa de 25 quilômetros da fronteira de Formosa e Salta; além da atual vacina tetravalente que reúne os tipos O e A. Os custos da aplicação da nova vacina serão absorvidos pelo Senasa.
A partir do segundo semestre do ano, data em que se estima que a indústria fornecedora da vacina terá um estoque suficiente, as Unidades Executoras Locais (UEL) deverão vacinar contra o tipo C todo o rebanho nacional, calculado em cerca de 54 milhões de cabeças.
Fonte: La Voz del Interior, Córdoba (por Alejandro Rollán), publicado em E-campo.com, adaptado por Equipe BeefPoint