O presidente da SRA (Sociedade Rural Argentina), Luciano Miguens, criticou o acordo fechado entre o governo e o setor varejista, que prevê o congelamento do preço da carne bovina por 90 dias. Ele chamou a medida de “eleitoreira” e disse que ela resolve apenas os problemas de curto prazo.
“A nós [produtores] não agrada muito porque temos experiências históricas que mostram que essas medidas não são favoráveis à regulamentação dos preços da carne”, disse.
No acordo fechado na semana passada com o governo argentino, frigoríficos, empresas exportadoras e supermercados se comprometeram a garantir a manutenção dos preços da carne bovina por três meses.
Com essa medida, o governo de Néstor Kirchner quer impedir que o preço da carne afete o índice de inflação deste mês.
Segundo dados do governo argentino, a carne já acumula uma alta de 11,3% neste ano, contra uma inflação de 7,7% no período. Em agosto, o quilo da carne na Argentina custava, em média, 4,10 pesos (R$ 3,24).
Miguens criticou o mecanismo de congelamento por contrariar a lei de oferta e demanda, “que é a que forma os preços”. Segundo ele, o congelamento pode afetar a qualidade do produto no mercado, pois os preços dos melhores animais estão no mesmo patamar daqueles de qualidade inferior.
Os operadores buscarão outra forma de vender seus rebanhos fora do Mercado de Liniers, o maior centro de compra e venda de gado gordo da Argentina, disse Miguens.
Ele afirmou ainda que os rebanhos precisam se recuperar do período do inverno e que os preços do gado se formam entre outubro e novembro.
Fonte: Folha On Line, adaptado por Equipe BeefPoint