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Argentina: supermercados congelam preço da carne

Decidido a manter sob controle o preço da carne bovina, que até agora neste ano subiu 11,3%, o Governo da Argentina assinou ontem com a Associação de Supermercados Unidos (ASU) e com a Câmara Argentina de Supermercados (CAS) um convênio para manter pelos próximos 90 dias o valor médio da segunda quinzena de agosto de 12 cortes de carnes de consumo popular.

O acordo vem complementar o que as autoridades oficiais já tinham fechado há uns 10 dias com os frigoríficos, consignatários e com os supermercados com produção própria para estabilizar também os preços por três meses, ainda que, neste caso seja para a média rês bovina, integrada por 17 cortes, que não chegam diretamente às prateleiras.

Segundo o convênio, as mais de 50 empresas que fazem parte através da ASU e da CAS, onde há redes como Coto e Carrefour, respectivamente, comprometem-se a manter o preço médio por quilo da segunda quinzena do mês de agosto para cortes de assado, bife ancho (Noix), coxão duro, carne picada, carne com osso, matambre, paleta, rosbife, contrafilé, alcatra, coxão mole e fígado.

O cálculo do valor médio que tinha cada empresa nesse momento do ano surgirá de um quociente entre o valor total faturado, líquido de descontos e bonificações e dos quilos que esses varejistas tinham comercializado.

Assim como no acordo firmado há 10 dias, neste também será criada uma comissão com diversos representantes do setor para poder realizar um seguimento do convênio de preços e das eventuais mudanças que possam afetar seu cumprimento.

“Isto é fruto de um compromisso solidário entre o setor público e o setor privado”, disse o secretário da Agricultura da Argentina, Miguel Campos, durante o fechamento do convênio. Campos estava acompanhado do, entre outros funcionários, secretário de Política Econômica, Oscar Tangelson, que disse que esse acordo tem a intenção de manter a capacidade de compra dos consumidores. “O propósito disso é conseguir uma recuperação efetiva da demanda”, disse o diretor executivo da ASU, Josué Fernández Escudero, concordando com Tangelson. Estimulada pela reativação econômica, entre 2002 e o ano passado, o consumo de carne bovina na Argentina subiu de 56 a 64 quilos per capita por ano.

Apesar de ter fechado um acordo com os supermercados agrupados nessas duas câmaras que canalizam entre 18% e 20% da carne bovina vendida ao público, o Governo argentino ainda não conseguiu negociar com os açougues, setor que comercializa mais de 60% deste produto no país.

As intenções do Governo de evitar aumentos nos alimentos com estes convênios parecem não estar dando os resultados esperados, segundo denunciaram algumas entidades de consumidores. Neste sentido, a presidente da Associação de Defesa dos Usuários e Consumidores da Argentina (Adecua), Sandra González, disse que por mais que haja acordos, há aumentos nos preços, citando alguns aumentos ocorridos em 22 de setembro em alguns cortes de carnes.

Funcionários do Governo argentino reconheceram que no começo de setembro houve alguns aumentos na carne bovina e em outros produtos, como frutas e verduras, mas se preocuparam também em destacar que o convênio firmado ontem servirá para reverter a situação.

Além dos acordos de preços, o Governo está interessado em tomar medidas de longo prazo. Com este objetivo, deverá se reunir com representantes da cadeia de carnes para buscar consensos com o fim de que a medida que proibirá a partir de primeiro de novembro por 180 dias que o abate de animais com menos de 300 quilos se transforme em lei. As autoridades não descartam a possibilidade de que, com uma lei, sejam tomadas medidas impositivas para impulsionar a produção de animais pesados. O Governo já tem informação de que o limite de abates aumentará a produção de carne em 180 mil toneladas dos três milhões atuais.

Fonte: La Nación (por Fernando Bertello), adaptado por Equipe BeefPoint

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