A Argentina é famosa por seus bifes suculentos, extraídos de vacas que pastam nas planícies a céu aberto. Os porcos, poucos e precariamente criados, nem aparecem nesse retrato. Mas o aumento do preço da carne, que pode alimentar a inflação, leva o governo a tentar convencer os argentinos de que a carne de porco pode ser tão boa quanto a de vaca –e mais barata.
A ministra da Economia, Felisa Miceli, comandou na quinta-feira um curso no qual açougueiros demonstravam como fatiar uma carcaça de porco para obter cortes bons e baratos.
“Queremos oferecer aos argentinos outros alimentos que possam substituir a carne, não só para melhorar sua dieta, mas também para que seus salários durem mais e que seu poder de compra cresça”, disse ela. Miceli recebeu um livro de receitas e um avental com os dizeres “Porco hoje!” durante o evento em San Andrés de Giles, cerca de 100 quilômetros a oeste de Buenos Aires. Garçons serviam fatias de presunto quente e empanadas de porco aos convidados.
A idéia é mostrar que o porco pode ser aproveitado nas receitas mais populares da Argentina, como o bife à milanesa, assado ou grelhado, no estilo da mais autêntica “parrillada”.
O churrasco é um símbolo cultural da Argentina, mas as autoridades querem diversificar o gosto das pessoas. O próprio presidente Néstor Kirchner propôs um boicote à carne para combater a inflação de dois dígitos, e Miceli assinou nesta semana um acordo para promover frutas e legumes.
Muitos duvidam de que uma campanha governamental consiga mudar os hábitos alimentares dos 39 milhões de argentinos. “A carne não pode ser substituída, ao menos não para mim”, disse Emanuel Rodríguez, 24, após devorar um hambúrguer no almoço. “O desejo de comer carne já é parte da gente, é necessário.”
As informações são da agência Reuters.