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Argentina volta a ser livre de aftosa com vacinação

A Argentina conseguiu na terça-feira a restituição do status de país livre de febre aftosa com vacinação ante a Organização Internacional de Epizootias (OIE), um reconhecimento sanitário que, em curto prazo, significaria a chave para a abertura do mercado da China, com uma população de 1,3 bilhão de pessoas.

Com mais de 70 destinos no mundo, os embarques de carnes alcançaram durante 2004 um volume de mais de 500 mil toneladas por um valor de mais de US$ 1 bilhão. Foram os melhores índices dos últimos 15 anos e, partindo deste anúncio, as expectativas são muito promissoras.

Na terça-feira, a Comissão Científica para Doenças Animais da OIE declarou a “zona da Argentina situada ao norte do paralelo 42 livre de febre aftosa com vacinação, com efeito imediato”, segundo informou um comunicado da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação (SAGPyA). A recuperação do status compreende o território nacional localizado ao norte da Patagônia, pois esta última região conta com o maior padrão sanitário de livre de febre aftosa sem vacinação há vários anos.

“Isso significa uma oportunidade única para os frigoríficos e a possibilidade de uma melhora na rentabilidade do produtor”, disse o secretário da Agricultura da Argentina, Miguel Campos. “Devemos ser otimistas, já que durante 2004, 30 mercados foram abertos para nós sem esta condição sanitária e agora, nos permitiria automaticamente aumentar o número de destinos e o volume exportado a gigantes, como é o caso da China”.

As últimas negociações argentinas com o gigante asiático incluíram um capítulo referente à entrada de cortes frescos e congelados, ainda que esta possibilidade tivesse ficado sujeita a uma nova situação sanitária oficializada nesta semana pela OIE. Este país, apesar de seu enorme potencial de demanda, não é um grande consumidor de carne bovina. Os chineses consomem apenas três quilos por ano, contra os cerca de 70 quilos consumidos pelos argentinos. Desta forma, esta abertura não significa negócios imediatos, segundo disseram analistas do setor.

“É um mercado que devemos desenvolver com paciência e visando nichos de alto poder aquisitivo das grandes cidades nas quais podem abrir oportunidades para as carnes frescas”, disse o diretor executivo do Consórcio de Exportadores de Carne Bovina Argentina, Héctor Salamanco. Este consórcio, que agrupa mais de 80% das empresas exportadoras do país, já recebeu formulários de autoridades chinesas para solicitar a habilitação das fábricas.

De acordo com Campos, na próxima semana, uma delegação do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) viajará para a China para concretizar o início das negociações. “Um mercado é importante à medida que se aproveite e este avanço sanitário abre uma vantagem maior”, disse Campos. No ano passado, a Argentina exportou para a China somente 80 mil toneladas de carne processada, o único tipo de produto autorizado para entrar neste país.

América do Norte

A restituição do status sanitário impulsionará em médio ou longo prazo as negociações com Estados Unidos, México e Canadá, mercados de alto valor que ainda permanecem fechados. No entanto, estes países dispõem de mecanismos de importações independentes das decisões da OIE, de forma que levariam mais tempo que a China para aceitar a carne argentina.

“No entanto, já não é mais necessário convencer a ninguém de que a aftosa está sob controle; esse anúncio nos outorga um reconhecimento científico internacional”, disse Campos.

“É uma notícia muito boa para o país, mas é necessário entender que para crescer devemos estar livres destas doenças”, disse o presidente do Instituto de Promoção de Carne Bovina Argentina (IPCVA), Arturo Llavallol. O vice-presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), Hugo Luis Biolcati, por sua vez, disse que “a restituição do status provocará um efeito cascata e podemos esperar um panorama muito mais otimista”. No entanto, ele pediu um programa de incentivo pecuário para poder satisfazer o provável aumento da demanda externa de carne.

Fonte: La Nación, adaptado por Equipe BeefPoint

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