Nesta semana, o mercado do boi gordo apresentou variações positivas em diversas praças e os pecuaristas segue aguardando nova valorização nos preços da arroba. Hoje o ritmo de negócios efetivados é lento e os compradores se deparam com escalas curtas e ofertas restritas.
Nesta semana, o mercado do boi gordo apresentou variações positivas em diversas praças e os pecuaristas segue aguardando nova valorização nos preços da arroba. Hoje o ritmo de negócios efetivados é lento e os compradores se deparam com escalas curtas e ofertas restritas.
Diante da dificuldade em adquirir a matéria-prima, muitos frigoríficos precisaram alterar os preços e, nesta quinta-feira, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 81,65/@, como valorização de 0,81% na semana. O indicador a prazo teve alta de 0,78%, sendo cotado a R$ 82,40/@. Apesar da alta, o preço ainda está 3,07% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, em 28 de maio de 2008 a arroba do boi gordo era cotada a R$ 85,01/@.
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio
Com exceção do iene, a moeda norte-americana recuou frente as principais divisas internacionais nesta quinta-feira (28), conforme sinais positivos da economia do país diminuem a demanda por ativos de menor risco.
Em sessão de forte instabilidade, o dólar alternou entre perdas e ganhos até o fechamento desta quinta-feira, quando encerrou cotado a R$ 2,0136, queda de 0,59% na semana. Com esta queda, o dólar acumula desvalorização de 7,47% em maio.
Em audiência sobre a crise global na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o dólar deve perder espaço como principal moeda no mercado internacional. “Vai haver um enfraquecimento de moedas como o dólar, a libra esterlina, o euro e o iene”, disse Mantega.
O ministro ressaltou que as moedas refletem a situação econômica de cada país e, com a deterioração dessas economias com a crise, a tendência é de que suas moedas também percam a importância no mercado. Com isso, divisas como o real tem se valorizado. Para ele a perspectiva é de que esse movimento ganhe vigor.
No mercado físico, os compradores têm encontrado dificuldade em conseguir grandes lotes para o abate e precisam negociar preços e prazos para fechar negócios. As escalas encurtaram e no geral atendem a 5 dias de abate e a maioria das indústrias estão trabalhando com ociosidade, com alguns precisando alternar dias de abate.
Compradores reclamam que a maioria dos pecuaristas tem exigido pagamentos à vista para efetivar negócios e tem tornado as compras mais difíceis.
Essa semana pecuaristas do Centro-Oeste fecharam um acordo para restringir as vendas de gado para os frigoríficos. Produtores de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul decidiram que não venderão mais a prazo. A comercialização só ocorrerá mediante pagamento à vista. Além disso, os produtores decidiram que não venderão mais para os frigoríficos que estão em processo de recuperação judicial e que tenham dívidas com os pecuaristas.
Apesar de a estratégia ter sido adotada pelos pecuaristas do Centro-Oeste, a ideia é levar as propostas para os produtores de outros Estados, especialmente Minas Gerais e São Paulo, que também são importantes no abastecimento das indústrias. “Vamos parar de financiar as indústrias e os frigoríficos que têm dívidas com os produtores terão que sair da cadeia”, disse Ademar Silva Júnior, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).
O leitor do BeefPoint, Cleber Vieira Neves, de Petrolina de Goiás/GO, nos informou que na sua região o boi gordo está sendo negociado a R$ 71,00/@, com 3 dias de prazo e a arroba da vaca gorda é vendida a R$ 66,00.
Diego C. Vitti, informou através do formulário para troca de informações sobre o mercado, uma iniciativa do BeefPoint e da Bayer, que em Palmeiras de Goiás/GO o frigorífico está pagando R$ 70,00 pela arroba d boi godo, com prazo de 30 dias.
Como está o mercado do boi gordo, vaca gorda e reposição de sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor” ou clique aqui e acesse nosso formulário para troca de informações sobre o mercado.
Na BM&FBovespa todos os vencimentos acumularam valorização durante a semana. O primeiro vencimento, maio/09, fechou a quinta-feira a R$ 81,27/@, com alta de R$ 0,38 na semana. Outubro/09 teve variação acumulada de R$ 2,14, terminando o pregão da quinta-feira valendo R$ 89,74/@.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 21/05/09 e 28/05/09
Segundo o Boletim Intercarnes, o mercado segue estável e a procura é apenas especulativa, visto que agora os distribuidores e o varejo aguardam definição de como se comportarão as vendas no final de semana. A expectativa é otimista em função do início de mês. No contexto geral as ofertas seguem regulares, contudo os volumes foram menos expressivos em comparação aos observados em meados da semana.
O traseiro foi cotado a R$ 6,00, o dianteiro a R$ 4,30 e a ponta agulha a R$ 4,00. O equivalente físico foi calculado em R$ 76,16/@ e o spread (diferença) entre indicador e equivalente ficou em R$ 5,50/@.
Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina
Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
Na reposição o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 643,59/cabeça, na semana a valorização acumulada foi de 0,73%. Agentes do mercado comentam que o mercado caminha a passos lentos. A relação de troca está em 1:2,09.
Exportação para a UE
Essa semana foi fechado em Bruxelas um acordo bilateral entre Brasil e União Europeia (UE) buscando compensações ao Brasil pelas perdas que os exportadores brasileiros tiveram depois da entrada de Bulgária e Romênia no bloco, em 2007. Espera-se que o acordo traga um ganho adicional de 200 milhões de euros em exportações de açúcar e carnes para a União Europeia (UE).
“Passaremos a exportar mais volumes em alguns casos, e com valor muito mais alto do que ocorria para aqueles dois países”, afirmou o embaixador brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, que negociou o acordo.
Na área de carnes, a UE concedeu ao Brasil mais 5 mil toneladas da cota Hilton de carne bovina, dobrando o volume do produto de alta qualidade que o país poderá exportar com tarifa de 20%. Na venda fora da cota, a taxa é de 12,5% mais 3.042 euros por tonelada.
O acordo prevê flexibilidade para que o Brasil consiga ocupar toda a cota Hilton. O país tem tido dificuldade de preencher as atuais 5 mil toneladas por conta do número restrito de fazendas que pode fornecer bois para abate e venda da carne ao bloco. “O acordo agrega valor à exportação e vai ser ainda mais importante quando as questões sanitárias estiverem solucionadas”, afirmou Azevedo.
A UE abre ainda uma cota de 9 mil toneladas de carne bovina congelada, com tarifa de 20%, teoricamente para todos os exportadores, mas na prática procurando atender ao Brasil.
O acordo não agradou aos frigoríficos brasileiros. Isso porque o acordo fechado entre o Itamaraty e as indústrias nacionais previa que o volume mínimo a ser aceito era de 8 mil toneladas de Hilton, mais 9 mil toneladas dentro da cota GAT Indústria, que tem uma tarifa intermediária. Hoje, o Brasil tem uma Cota Hilton de 5 mil toneladas.
“Sabemos que uma cota de 20 mil não seria possível, por isso, quando o Itamaraty nos procurou falamos em um volume menor, mas nem isso foi atingido”, disse uma fonte de um frigorífico.
Atualmente, os frigoríficos têm dificuldade de cumprir a cota de 5 mil toneladas as quais o Brasil tem direito por limitações na oferta de carne. O pequeno número de fazendas habilitadas para exportar ao bloco europeu restringe a oferta de carne dentro das exigências. “Hoje, essa é a realidade. Mas quando falamos em ter uma cota maior estamos pensando no futuro, em que o número de fazendas será maior, teremos mais carne e teríamos uma cota maior para atender”, disse a fonte.
O principal questionamento dos frigoríficos com relação ao Itamaraty refere-se à capacidade de negociação e barganha do Brasil frente a UE. A fonte da indústria cita como exemplo a cota de 45 mil toneladas que os Estados Unidos conseguiram do bloco para exportar carne bovina sem hormônio. “Com uma única tacada os americanos conseguiram uma cota desse tamanho e nós temos que nos contentar com uma cota de 5 mil toneladas”, disse a fonte.
Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, até o fim do ano, o Brasil deverá retomar a comercialização de 50% do volume de carne bovina que exportava para a União Europeia (UE) antes do imbróglio do País com o bloco a respeito de rastreabilidade, ocorrido no início de 2008.
Para vender a carne para a União Europeia, há, conforme o Ministério, 1 mil propriedades habilitadas. Mas a fila de interessados é bem maior, de acordo com Stephanes. “Temos recebido uma média de 100 a 150 candidatos por mês querendo passar pela auditoria para exportar para a União Europeia. Só do Mato Grosso tem mil candidatos”, relatou. “O que não há é capacidade para auditar tantos interessados”, continuou.
Acordo entre UE e EUA
Os detalhes de um acordo bilateral entre a União Europeia e os Estados Unidos, estabelecendo nova cota para importação de carne bovina de alta qualidade pelos europeus, alimenta a irritação de outros exportadores, a começar pelo Brasil, e pode terminar em disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Pelo entendimento, a UE dará uma cota de 20 mil toneladas por ano, livre de tarifas, para carne de alta qualidade de bovinos tratados sem hormônio. O volume vai vigorar nos três primeiros anos. A partir do quarto ano, serão 45 mil toneladas. Em contrapartida, Washington concordou em não impor novas sanções contra produtos europeus, em reação à proibição de Bruxelas à entrada de carne bovina com hormônio.
O embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, subiu o tom, reiterando que não descarta questionar o acordo no Órgão de Solução de Controvérsias se sua implementação resultar em “discriminação injustificada” contra as exportações brasileiras. A Austrália pediu consultas com a UE, e o Uruguai, Argentina e outros países vão levantar o tema em próxima reunião na OMC.
Importação de gado do Paraguai
O Governo do Mato Grosso do Sul está estudando a liberação da comprar bovinos do Paraguai. Pela proposta, será aberto um corredor sanitário na ZAV (Zona de Alta Vigilância) para a venda do gado para o Estado.
Segundo o governador André Puccinelli (PMDB), a medida tem o objetivo de garantir a reativação do frigorífico Marfrig em Porto Murtinho. A secretária estadual de Desenvolvimento Agrário, da Produção e do Turismo, Tereza Cristina Corrêa, criticou a reação da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), que alertou para os riscos da importação de gado em pé do Paraguai.
“Estão fazendo uma tempestade em copo d´água”, ressaltou. Ela explicou que o Governo estadual fez uma consulta prévia sobre a importação ao Ministério da Agricultura. O órgão brasileiro deu sinal verde, só faltando a concordância do Governo paraguaio. Tereza Cristina disse que só serão 10 mil animais por ano. Além de garantir o funcionamento do frigorífico, a compra tem o objetivo de equilibrar o mercado regional.
Os riscos da possível importação de animais em pé do Alto Paraguai para abate no Mato Grosso do Sul assustam pecuaristas do Estado, principalmente os de cidades próximas da fronteira como Porto Murtinho e Bela Vista. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Ademar Silva Junior, posicionou-se contra a importação por razões econômicas e sanitárias.
O presidente do Sindicato Rural de Porto Murtinho, Italívio Coelho Neto, teme que a importação “gere expectativa de excesso de oferta e derrube os preços da arroba” em Porto Murtinho. “Ela [a vinda de gado do Paraguai] é perigosa também na questão da sanidade porque a faixa vizinha ao Alto Paraguai não está com a ZAV (Zona de Alta Vigilância) concluída, não temos garantia de nada”, afirma Coelho Neto.
Redução de ICMS para a venda de boi em pé no MT
O governo de Mato Grosso confirmou ontem que estenderá por mais 30 dias o prazo de vigência da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de 7% para 3,5%, nas operações relativas a saídas interestaduais de gado em pé para abate, oriundas dos municípios da região Nordeste de Mato Grosso. A medida foi prorrogada para todo mês de junho. Um decreto sobre o assunto deve ser publicado ainda esta semana.
O benefício que vigorava deste abril, expiraria no fim deste mês, mas ontem, teve o pedido de prorrogação feito pelo segmento pecuário atendido pelo governador Blairo Maggi e pelo secretário de Fazenda, Eder Moraes. Em reunião, o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Mário Candia, apresentou as justificativas para o pedido.
“A Acrimat tem o governo como parceiro e explicamos para o governador e o secretário a importância ao setor em se prorrogar esse benefício, pois a situação não só na região noroeste, continua a mesma, sem frigorífico para abater o gado. Eles compreenderam e concordaram na prorrogação de mais 30 dias da redução”, disse Mário Candia.
Segundo o presidente da Acrimat, o decreto do governo já previa a prorrogação, “mas o governo estava resistente a essa idéia, pois alguns empresários das indústrias frigoríficas se queixaram da medida. Porém, prevaleceu a necessidade de atender os pecuaristas”.
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Caso as moedas alencadas na matéria , como o dolar e outras percam espaço como moedas de mercado internacional,quais poderiam substitui-las? A moeda chinesa, pais com pouca visibilidade e transparencia politica?Pergunta que faço a redação.Emgoias os pecuaristas estão muito apreensivos diante do calote que vem sofrendo dos frigorificos.Realmente não há nenhuma disposição de venda a praso e mesmo assim so vendem pequenos lotes e diluidos em vários frigorificos.por outro lado a reposição está muito extremamente desinteressante, vez que um boi gordo so compra 2 bezerros desmamados.
Gostaria de parabenizar os pecuaristas do centro-oeste pela união e bom senso, pois até agora nós pecuaristas estamos totalmente dependentes dos frigorificos e não ao contrário, pois se produzimos carne de qualidade e precocidade, nada pagam a mais por isto. Teriamos que nos unir e não mais vender da forma que eles querem e sim da forma que nos interessa, pelo nosso custo de produção e pela qualidade do nosso produto.
A grande ideia não é nada inovadora, na verdade é bem antiga, união das classes produtoras.