Mercado Físico da Vaca – 07/07/10
7 de julho de 2010
Mercados Futuros – 08/07/10
9 de julho de 2010

Arroba apresenta recuo na semana, mas oferta segue restrita

Os frigoríficos pressionaram os preços durante essa semana e forçando recuos no preço da arroba. Muitos pecuarista se retraíram diante dos reajustes e oferta ainda é pequena. O indicador a prazo foi cotado a R$ 83,62/@ na última quarta-feira.

Com o início do abates de animais terminados em confinamento, os frigoríficos pressionaram os preços durante essa semana e forçando recuos no preço da arroba. Porém a oferta ainda é restrita, muitos pecuarista se retraíram diante dos reajustes e as escalas seguem curtas girando em torno de uma semana.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo

O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 82,94/@, acumulando queda de 1,34% na semana. O indicador a prazo registrou recuo de 1,60% no período analisado (30/06 a 07/07), sendo cotado a R$ 83,62/@ na última quarta-feira.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

No mercado futuro, todos os vencimentos acumularam retração. Julho/10 apresentou queda de R$ 1,24 na semana, fechando a R$ 83,08/@ no pregão de quarta-feira (08/07). Os contratos que vencem em outubro/10 fecharam a R$ 84,36/@ com recuo de R$ 1,02.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 30/06/10 e 07/07/10

Segundo os pesquisadores do Cepea, os frigoríficos de São Paulo vêm tentando comprar animais para abate a valores mais baixos que os até então praticados. De modo geral, no entanto, a oferta de boi gordo pronto para o abate no estado continua pequena.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição informando preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

O leitor do BeefPoint, Claudio Luis de Oste, informou que em Ji-Paraná o mercado do boi gordo segue firme, com a arroba sendo cotada a R$ 73,00, para pagamento à vista. “Para lotes maiores já saíram negócios de R$ 74,00/@”, completa.

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) elaboraram um estudo que aponta que Mato Grosso tem um rebanho com apenas 1,54 milhão de cabeças, na idade de 36 meses, para abate em 2010. O problema é que os abates avançam em ritmo acelerado e 1,17 milhão desses animais já foi abatido de janeiro a maio. Os abates de machos com idade superior a 36 meses neste ano já superam em 20% os de igual período de 2009.

A oferta de gado em Mato Grosso é importante porque o Estado tem o maior rebanho nacional, somando 27 milhões de cabeças. A capacidade de abate de Mato Grosso é de 5 milhões de cabeças por ano. Em 2009, foram abatidos 4,2 milhões de animais.

Hoje publicamos a Pesquisa Top 50 BeefPoint de Confinamentos 2009/10. O levantamento apurou que em 2009 os 50 maiores confinamentos do Brasil engordaram 1.322.764 animais, o que representa uma redução de 17,3% em relação à quantidade confinada pelos estabelecimentos listados na pesquisa anterior. Segundo perspectivas dos confinadores consultados, deverá ocorrer retração também em 2010. A expectativa é de redução de 4,3%, com uma previsão de confinamento de 1.267.250 bovinos.

Gráfico 3. Animais confinados

De acordo com os dados levantados na pesquisa, houve importante queda na quantidade de animais confinados em 2009. Os principais fatores para essa retração são: alto preço da reposição e também diminuição de investimentos de fora da pecuária.

Para saber mais sobre os resultados da Pesquisa Top 50 BeefPoint de Confinamentos, que levanta os dados sobre os 50 maiores confinamentos do Brasil, analisando tendências entre esses produtores, clique aqui.

Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 688,36/cabeça na última quarta-feira, acumulando desvalorização de 2,81%. Diante desta variação a relação de troca melhorou, ficando em 1:1,99.

Na Pesquisa Top 50, a reposição foi apontada por 50% dos confinadores como o principal desafio em 2010, devido à oferta reduzida de boi magro e consequente elevação dos preços. Segundo muitos confinadores, “está difícil achar boi”.

Entre os 50 maiores confinamentos, 44% adquiriram menos de 60% dos animais que confinarão este ano e 52% já possuem mais de 60% dos animais, os 4% restantes representam os estabelecimentos que pretendem não confinar em 2010.

Gráfico 4. Distribuição dos confinamentos conforme porcentagem de animais já adquiridos

Segundo o Boletim Intercarnes, o mercado da carne bovina segue estável. A demanda se mantém em níveis satisfatórios e regulares, enquanto as ofertas apresentam leve aumento de volumes. A tendência para os próximos dias é de manutenção da estabilidade, contudo as ofertas não devem apresentar volumes muito expressivos e a procura tende a se acentuar no decorrer da semana proporcionando preços mais firmes e ajustados.

No atacado paulista, o traseiro foi cotado a R$ 6,50, o dianteiro a R$ 4,50 e a ponta de agulha a R$ 4,00. O equivalente físico foi calculado em R$ 80,93/@, com variação positiva de 1,89% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente recuou para R$ 2,02/@.

Tabela 2. Atacado da carne bovina

Vale ressaltar que alguns fatores ligados a demanda podem influenciar o mercado garantindo a sustentação dos preços nos próximos meses, entre eles temos o aumento da renda da população, maior acesso ao crédito, recuperação das exportações de carne bovina e valorização do produto brasileiro no mercado internacional. Outro ponto que pode ser esquecido é o aumento do consumo em ano de eleição. Uma pesquisa recente, realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo, revela que 47,8% dos entrevistados vão consumir um pouco mais em 2010, ano de eleições majoritárias.

No mês de junho, os exportadores brasileiros de carne bovina in natura enviaram ao exterior 96.400 toneladas do produto, que responsáveis pela receita de US$ 384,2 milhões.

Gráfico 5. Exportações brasileiras de carne bovina in natura

Na comparação com o mês anterior em junho o volume exportado cresceu 6,64% e a receita foi 7,08% maior.

Quando comparamos o resultado do mês passado com os valores registrados no mesmo período de 2009 temos que o volume embarcado evoluiu 7,29%, enquanto a receita das exportações de carne bovina in natura cresceu 32,85%, evidenciando uma forte valorização do produto brasileiro no mercado internacional.

Tabela 3. Exportações brasileiras de carne bovina in natura

O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado, disse que o desempenho das exportações em 2010 tem sido melhor que o esperado pela entidade no início deste ano, mas elas não deverão repetir o resultado obtido em 2008.

A Abiec previa um crescimento de 10% na receita com as vendas externas de carne bovina, mas no primeiro semestre o crescimento médio foi de 24% em valor e 4% em volume. Apenas em junho, os embarques aumentaram 36% em valor e 14% em volume, de acordo com o executivo. “O crescimento é bom e representa uma recuperação ante 2009, quando o setor foi mais afetado pela crise. Mas não chegaremos aos US$ 5,3 bilhões alcançados em 2008”, disse Cançado. Segundo suas estimativas, as vendas externas devem chegar perto de US$ 5 bilhões em 2010, ante em US$ 4,118 bilhões em 2009.

Código Florestal

A Comissão Especial da Câmara aprovou nesta terça-feira, por 13 votos favoráveis e cinco contrários, o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) de reformulação do Código Florestal. Foi o primeiro passo dado pela Câmara para a atualização da legislação ambiental. A próxima etapa é discutir e votar a matéria em plenário, o que deve ter início após as eleições de outubro.

Aldo Rebelo lembrou que as mudanças tiveram como objetivos principais a consolidação das áreas já ocupadas pelas atividades agropastoris e a regularização dos imóveis, ressalvadas as medidas previstas nas regras de zoneamento ambiental e nos planos de bacias.

Ele lembrou ainda que os ocupantes de propriedades que podiam ter áreas maiores desmatadas, no início da ocupação, não serão obrigados a recompô-las nem serão punidos, já que obedeceram à legislação vigente na época. Aldo Rebelo manteve o prazo máximo para recomposição das áreas desmatadas em 20 anos.

Com relação à reserva legal, o relator afirmou que a vegetação remanescente nas propriedades com mais de quatro módulos fiscais deve ser preservada, porém nos limites previstos para o bioma. Esses limites são de 80% nas florestas da Amazônia Legal, 35% no Cerrado e 20% nas demais áreas campestres. Na tentativa de buscar o consenso entre ambientalistas e ruralistas, o relator acatou sugestão de membros da comissão e tirou da competência do Estado a possibilidade de ampliar ou reduzir pela metade as Áreas de Proteção Permanente (APPs). “Alguns críticos diziam que haveria guerra fiscal por causa das margens de APPs”, afirmou.

Outro ponto do relatório aprovado ontem é a dispensa de recomposição de reserva legal em propriedade com até quatro módulos fiscais, cujas áreas já tenham sido consolidadas para produção. As áreas preservadas deverão ser mantidas.

O novo Código Florestal reduz o quadro de insegurança jurídica no campo, um dos grandes problemas da agropecuária nacional. A avaliação é da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu.

Ela lembrou que a questão das multas, motivo de preocupação no campo, foi solucionada no relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator da matéria na Comissão Especial. Pelo relatório, produtores rurais que desmataram até julho de 2008 estão isentos de pagamento de multa. “Foi um bom avanço. O relatório estabeleceu prazo e zerou todas as multas”, afirmou.

Ao comentar a aprovação do relatório, a senadora lembrou que a legislação ambiental mudou nos últimos anos, o que trouxe insegurança para os produtores rurais. “Até 2000, a reserva legal era de 50%. A partir de 2000, passou para 80% na Amazônia”, disse. Considerando a mudança, não é correto falar em anistia das multas, ressaltou a senadora. “Isso é anistiar? Isso é cumprir a Constituição”, afirmou.

Sobre o relatório, ela disse que o texto é “o possível, não o ideal”. A senadora comemorou, no entanto, o fato de a legislação ambiental estar sendo debatida no Congresso. “Nós estamos pela primeira vez avaliando atos monocráticos. O Brasil de 850 milhões de hectares não pode ser feito por uma mão só dentro de quatro paredes”, lembrou.

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