Arroba do boi gordo aumenta 2% em SP

Após as fortes quedas registradas desde abril, o mercado de boi gordo reagiu na última semana. Segundo levantamento da Scot Consultoria, a arroba do boi gordo subiu de R$ 41,50, na última sexta-feira, para R$ 42 em Barretos (SP), e de R$ 41 para R$ 42 em Araçatuba (SP), ou seja, 2%. No Triângulo Mineiro, a arroba passou de R$ 40 para R$ 41 e em Dourados (MS), de R$ 39 para R$ 40.

Para o analista da Scot, Gustavo Beduschi, a alta é resultado de uma reação dos pecuaristas, que, animados pelas poucas chuvas registradas essa semana, passaram a reter animais. “Os frigoríficos começaram a buscar boi em praças fora de São Paulo, mas a alta acabou sendo generalizada”, diz Beduschi. Contudo, ele não acredita numa nova valorização e espera estabilidade de preços para a próxima semana.

Os preços do boi estavam depreciados. Em abril, o preço da arroba caiu 6,8%, de R$ 44 para R$ 41. Com o consumo interno fraco e a demanda do atacado pequena, os frigoríficos reduziram o volume abatido e chegaram a falhar dias de abate. A situação só se normalizou no final do mês, quando o mercado atacadista ajustou a demanda e oferta e voltou a comprar.

A alta verificada nesta segunda semana de maio também é conseqüência das exportações. Segundo Beduschi, alguns frigoríficos exportaram o dianteiro para o Oriente Médio, o que ajudou a enxugar o mercado.

Os embarques brasileiros, no entanto, estão em queda. Segundo dados preliminares da Secretária de Comércio Exterior (Secex) e compilados pela Scot, o faturamento da exportação de carne bovina em abril chegou a US$ 54 milhões, 21,7% menos em relação aos US$ 69 milhões de março.

Ligeira alta não agrada pecuaristas goianos

A informação de que frigoríficos goianos estão pagando até R$ 40,00 pela arroba do boi gordo, ou R$ 1,00 a mais que a média registrada nos últimos 30 dias, não animou os produtores goianos. Embora essa tendência de alta tenha se observado em todo o País, as entidades de produtores entendem que ainda é muito tímida para configurar uma nova expectativa de mercado. O coordenador do Fórum Nacional da Pecuária de Corte, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antenor Nogueira, apela aos pecuaristas para que retenham ao máximo os seus estoques de bois.

O coordenador argumenta que os frigoríficos estão com escalas de abate muito justas e que serão obrigados a melhorar a cotação da carne se os produtores não aumentarem a oferta de animais. Segundo ele, vários frigoríficos reduziram pela metade os seus abates para gerar um excedente de oferta no mercado que pressione os preços ainda mais para baixo. A estratégia da indústria, conforme Nogueira, é derrubar os preços do produto nesse final de safra, para que as cotações não cheguem a patamares mais elevados no segundo semestre, quando ocorre o pico da entressafra no setor.

Estiagem

O coordenador do fórum diz que a recente queda na cotação do boi gordo decorreu de um certo pânico dos pecuaristas com a estiagem, que procuraram descartar estoques para que os animais não perdessem peso. “Acabamos entrando no jogo dos frigoríficos, aumentando a oferta justamente quando os preços estão em baixa e isso não pode acontecer”, diz. Ele argumenta que não há motivo para excessiva pressa na comercialização do gado para abate, tendo em vista que as pastagens ainda estão razoáveis e há previsões de mais chuvas no Centro-Oeste antes do período normal de seca.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes (Sindicarne), José Magno Pato, disse ontem que o preço da arroba do boi não está elevado e nem baixo, mas dentro dos parâmetros normais para esta época do ano. Ele admite que as cotações do boi gordo devam subir a partir de junho ou julho, como é natural, devido à intensificação da estiagem e à conseqüente perda de qualidade das pastagens.

Quanto à questão de reter estoques, Magno Pato diz que deve ficar a critério do próprio pecuarista, que numa avaliação custo/benefício, faz a opção que lhe parecer mais favorável.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Raquel Landim) e O Popular/ GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint