A arroba do boi gordo teve uma semana de alta com o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo sendo cotado a R$ 77,93/@, com valorização de 1,06%. O ritmo de negociação segue lento, mesmo com altas da arroba observadas nos últimos dias. Muitos frigoríficos continuam preenchendo as escalas da semana e, dessa forma, tiveram que aumentar os valores da arroba. Vendedores, por sua vez, seguem retraídos, à espera de novas altas nos preços. Além disso, houve dificuldade de embarque em algumas regiões devido às constantes chuvas.
A arroba do boi gordo teve uma semana de alta com o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista apresentando variação acumulada de +1,04%, sendo cotado a R$ 76,99/@ na quarta-feira. O indicador a prazo foi cotado a R$ 77,93/@, com valorização de 1,06% no mesmo período (27/01 a 03/02). Mesmo com esta alta em janeiro preço da arroba para pagamento com 30 dias acumulou recuo de 0,86%.
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio
Na semana a moeda americana registrou queda de 0,95%, terminando a última quarta-feira valendo R$ 1,8329 (Dólar compra PTAX). Diante desse recuo e da evolução nos preços do boi gordo, a arroba subiu para US$ 42,00 (+2,01%).
Apesar da retração registrada na terça e quarta-feira, hoje o Dólar começou o dia em alta e deve solidificar sua trajetória positiva, segundo o Infomoney. O fluxo de dólares para o país voltou a ficar positivo na última semana de janeiro, mas o valor não foi suficiente para atender ao aumento na procura por moeda estrangeira no mercado financeiro. De acordo com dados do Banco Central, a entrada de dólares superou a saída em US$ 1,1 bilhão no primeiro mês do ano. É o menor resultado desde março do ano passado, quando o país ainda registrava fuga de recursos por causa da crise financeira.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista, em R$ e US$
De acordo com análises do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (Cepea), o ritmo de negociação segue lento, mesmo com altas da arroba observadas nos últimos dias.
Muitos frigoríficos continuam preenchendo as escalas da semana e, dessa forma, tiveram que aumentar os valores da arroba. Vendedores, por sua vez, seguem retraídos, à espera de novas altas nos preços. Além disso, houve dificuldade de embarque em algumas regiões devido às constantes chuvas.
A leitora do BeefPoint, Andreya Vaz Vilela, de Santa Vitória/MG, informou através do formulário de cotações que no Triângulo Mineiro os frigoríficos estão pagando R$ 68,00 pela arroba do boi gordo (à vista). Ela comentou que “as escalas estão com 5 dias e não existe dificuldade para contratar vendas”.
O leitor do BeefPoint Mauro Rezende Andrade Filho, de Cuiabá/MT, comentou que no início desta semana a Sadia pagou R$ 70,00/@ (à vista para descontar Funrural), para abate em 8 e 9 de fevereiro.
Utilizando o formulário de cotações do BeefPoint para comentar o andamento do mercado na região de Luziânia/GO, Rodrigo Freitas informou que o preço da arroba está girando em torno de R$ 69,00/@.
Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição – uma iniciativa do BeefPoint em parceria com a Bayer – para informar preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.
No mercado futuro, com exceção dos contratos que vencem em março/10, todos os vencimentos de boi gordo da BM&FBovespa registraram variação positiva no acumulado da semana. Fevereiro/10 fechou a R$ 76,08/@ nesta quarta-feira, com valorização de R$ 0,05 no período analisado. Os contratos com vencimento em outubro/10 acumularam alta de R$ 0,50, fechando a R$ 81,00/@.
Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 27/01/10 e 03/02/10
Conforme noticiou o jornal Valor Econômico, o volume financeiro dos contratos futuros de commodities agropecuárias negociados na BM&FBovespa somou R$ 3,432 bilhões em janeiro. Em relação a dezembro, houve uma queda de 16,7%, enquanto na comparação com janeiro do ano passado a retração foi de 5,3%.
Apesar das novas quedas e do movimento permanecer muito abaixo dos patamares observados antes do recrudescimento da crise financeira irradiada dos Estados Unidos, em setembro de 2008, em número de contratos negociados houve sinais de reação no mês passado. De acordo com a BM&FBovespa, foram 154.162 no total, 15,9% abaixo de dezembro mas 9,1% acima de janeiro de 2009.
Boi gordo e café arábica seguem na liderança em número de contratos e em volume financeiro movimentado, mas o grande destaque continua sendo a consolidação das apostas nos contratos de milho com liquidação financeira. Conforme o levantamento, foram 38.614 contratos negociados no mês, com movimentação de R$ 335,9 milhões.
Segundo o Boletim Intercarnes, a procura segue lenta e especulativa, trabalhando com preços indefinidos, mas com pressão dos compradores por preços menores. No contexto geral, as ofertas seguem regulares não sinalizando volumes excessivos. Caso as ofertas mais retraídas se confirmarem na próxima semana, a tendência é de preços mais firmes a expectativa de vendas mais acentuadas.
No atacado paulista o traseiro foi cotado a R$ 6,40, o dianteiro a R$ 3,60 e a ponta de agulha a R$ 3,30. O equivalente físico foi calculado em R$ 73,58/@, com alta de 2,08% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente está em R$ 3,42/@.
Tabela 2. Atacado da carne bovina
Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 621,66/cabeça na última quarta-feira, com valorização de 1,61% na semana. A relação de troca recuo para 1:2,04.
Em entrevista concedida ao BeefPoint, nesta semana, Ricardo Bürgi – diretor da Bürgi Consultoria Agropecuária – que atende confinamentos em diversos Estados brasileiros, comentou que em 2009 o principal problema enfrentado pelos confinadores que ele assiste foi a dificuldade na reposição. Segundo ele muitos pecuaristas não conseguiram comprar o volume necessário para atingir suas metas e os animais que foram adquiridos estavam mais caros do que em anos anteriores, eram mais novos e tinham qualidade genética inferior.
Bürgi ressaltou que como ainda não foi observado um movimento típico de retenção de matrizes, acredita que a oferta de bezerros deve seguir reduzida causando dificuldade na reposição ainda por algum tempo. Assista esta entrevista na íntegra.
Exportação de carne bovina in natura
Esta semana o MDIC divulgou o resultado das exportações de carne bovina em janeiro de 2010, com receita estimada de US$ 241,1 milhões, registrando uma queda de 14,98% em relação ao mês anterior (dezembro/09). Apesar deste recuo, em comparação com o mesmo período de 2009, o valor cresceu 43,12%. Vale ressaltar que janeiro é um mês sazonalmente mais fraco em relação ao consumo.
Em relação ao volume, foram embarcadas 67.000 toneladas, uma evolução de 18,38% quando comparada a janeiro do ano passado, evidenciando a recuperação nas vendas no início de 2010.
Tabela 3. Exportações brasileiras de carne bovina in natura
“Os números refletem a retomada da economia mundial e a necessidade de recompor estoques”, avaliou Otávio Cançado, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Ele lembrou que, em 2009, o setor sofreu com os efeitos da crise financeira internacional e, agora, no mundo inteiro os estoques de carne estão baixos, o que deve beneficiar as exportações neste ano. Outro ponto positivo, segundo ele, está relacionado à questão do crédito, com retomada para os exportadores e importadores. Clique aqui e leia mais sobre o assunto.
Funrural
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu por unanimidade que é inconstitucional a contribuição ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de produtos rurais, conforme a Lei nº 8.540, de 1992.
O STF chegou à conclusão de que a cobrança era inconstitucional ao julgar um recurso do Frigorífico Mataboi S.A. e de uma empresa do mesmo grupo contra decisão judicial que tinha determinado o recolhimento ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) do Funrural sobre a venda dos produtos. O problema, segundo o STF, é que a contribuição foi instituída por uma lei ordinária e não por uma lei complementar, como deveria ter ocorrido. Para as empresas, instituir a cobrança previdenciária desta forma seria uma maneira de bitributação, pois, sobre os produtos, já há incidência de PIS e Cofins.
A decisão vale apenas para esse caso. Mas ela cria um precedente relevante para que outras empresas obtenham o mesmo direito de não recolher a contribuição já que o tribunal entendeu, por unanimidade, que a lei era inconstitucional.
Apesar da vitória ter sido obtida à unanimidade no Supremo, a disputa, contudo, ainda pende de uma etapa crucial: definir quem tem o direito a pedir a restituição para o governo, os produtores rurais ou os frigoríficos. A dúvida ocorre porque a contribuição é recolhida dos produtores rurais. Mas, quem retém o imposto são os frigoríficos, devido ao regime de substituição tributária, para facilitar a fiscalização. Hoje, é muito mais fácil controlar a arrecadação dos frigoríficos, que são poucos, do que dos produtores rurais, que são milhares. De acordo com o advogado Marcelo Guaritá, sócio do escritório Diamantino Advogados Associados, uma prática comum de muitos frigoríficos é não discriminar na nota fiscal de compra de produtos rurais o desconto da contribuição. “Desta forma, os frigoríficos tentam provar que foram eles, e não os produtores, que arcaram com o pagamento da contribuição”, diz. Agora, caberá ao Poder Judiciário definir quem tem direito à restituição.