Os preços do boi gordo acumulam alta superior a 22% entre maio e o fechamento da última sexta-feira (16) do indicador Esalq/BM&F. A arroba, que era negociada a R$ 40,75 no início de maio em São Paulo, fechou a semana cotada a R$ 49,83. Desde 21 de junho o indicador apresenta variações positivas e sem interrupções.
A retração da oferta de animais provocada pelo período de entressafra é apontada por analistas como o principal motivo da elevação. “O frio não prejudicou tanto as pastagens, o que permitiu que os pecuaristas mantivessem o gado no pasto, deixando o mercado desabastecido”, afirma o diretor da FNP Consultoria, Vicente Ferraz.
Faltam animais
De acordo com Ferraz, ainda há espaço para novas altas, pois os frigoríficos encerraram a semana precisando de animais para abate imediato, segundo o consultor. “O limite dessas elevações será o poder de compra do consumidor. Enquanto os preços estiverem subindo os produtores irão segurar os animais à espera de preços cada vez melhores”, afirma.
Para o consultor da Scot Consultoria, Alcides Torres, agosto está sendo o mês de menor oferta de gado terminado deste ano. “A oferta só vai melhorar em setembro e outubro, mas os preços do boi devem permanecer firmes nesses meses”.
No mercado futuro da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) o contrato de boi gordo com vencimento em agosto fechou a R$ 51,94 por arroba, na última sexta-feira. Para setembro e outubro a tendência se mantém para cima, com os negócios sendo fechados a R$ 53,55 e R$ 54,40, respectivamente. O mercado futuro aponta retração, mas ainda assim com preços altos, apenas em novembro com os contratos com vencimento previsto para esse mês sendo feitos a R$ 53,50 por arroba.
Exportações aquecidas
O consultor da Scot lembra que a valorização do dólar frente ao real cria um cenário favorável para que os frigoríficos ampliem as exportações. “Esse fato aquece a demanda por parte desses frigoríficos e sustenta as cotações”, diz.
Representantes do setor informam que frigoríficos exportadores já estariam comprando carne de outros frigoríficos para poder honrar contratos de exportação. “As indústrias não estão encontrando carne para entrega imediata e não podem deixar de cumprir contratos”, diz uma fonte.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que o Brasil ampliou as exportações no primeiro semestre. De janeiro a junho foram embarcadas 176,04 mil toneladas, 27,2% superior às 138,30 mil toneladas de 2001.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Alexandre Inacio), adaptado por Equipe BeefPoint