Com uma oferta que os analistas chamam de cadenciada, a safra do boi gordo, de janeiro a junho, não foi tão traumática em termos de preço este ano. As chuvas de abril e maio ajudaram a manter o capim e, conseqüentemente, os animais por mais tempo no pasto.
No mesmo período em 2003, por exemplo, segundo o analista da Scot Consultoria, Fabiano Rosa, o mercado de São Paulo teve recuo de 8% no valor da arroba. Este ano, entre janeiro e junho, a diferença foi de apenas R$ 1. Em janeiro a arroba valeu R$ 61 e hoje está em R$ 62 (para bois rastreados).
A chamada venda escalonada foi provocada também pelo cumprimento dos prazos de credenciamento de animais destinados ao abate junto ao Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). Primeiro o prazo era de 40 dias de monitoramento de animais destinados ao abate e exportação da carne. Depois mudou para 90 dias e agora retornou aos 40.
Antes da mudança nos prazos muitos pecuaristas reclamavam por não conseguir cumprir o monitoramento. Neste período, segundo Rosa, quem precisou de dinheiro mais rápido teve que vender bois não rastreados e receber de R$ 1 a R$ 4 a menos por arroba.
Segundo ele, a dificuldade em cumprir os prazos junto ao Sisbov estava na demora do processo: visita de certificadoras e dificuldade na compra de brincos para os animais. Isso complicou a oferta de animais terminados no mercado e, de certa maneira, segurou o valor da arroba.
De um prazo que era de 90 dias de monitoramento o processo acabava somando até 200 dias. Com o retorno da quarentena acredita-se que o processo seja normalizado. Mas para isso, o pecuarista tem que se planejar. Fazer todo o processo burocrático com antecedência.
Mesmo com as dificuldades em atender o prazo para credenciamento, Rosa defende a adesão. ”A volta da quarentena deve ajudar”. Alguns frigoríficos têm remunerado R$ 2 a mais por arroba o que, na conta final, compensa o custo de adesão à rastreabilidade que fica entre R$ 4 e R$ 5 por animal.
Por conta do período, daqui para frente, a oferta de animais de pasto, prontos para abate, deverá ficar reduzida. Os confinamentos, fechados mais tarde este ano, devem começar a desovar animais em final de setembro e começo de outubro. Por isso, até esse período deve ficar mais difícil comprar bois prontos no Centro-Oeste, Sudeste e Paraná.
Quando vencer a quarentena, avisa Rosa, pode haver uma possível reação no preço do boi gordo, já que não haverá muita oferta no mercado em função da entressafra. A previsão para o pico da entressafra, em outubro, é de R$ 68 a R$ 70 em São Paulo. No Paraná, as cotações devem variar em R$ 1 a menos.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Cláudia Barberato), adaptado por Equipe BeefPoint