A manutenção do mercado em patamares abaixo da expectativa do produtor, mesmo diante da redução de oferta de animais, se explica pelo fato de os frigoríficos terem reduzido a escala de abate. Para o analista da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP), Fabiano Ribeiro Tito Rosa, esta é uma estratégia para impedir que os preços subam e também porque o atacado está abastecido.
“No geral, a indústria tem operado com escala de abate de três dias por semana”, informa. Ele ainda acrescenta que, no Paraná, a programação pode cair para dois dias, pois a intenção é abater apenas às segundas e sextas-feiras, suprimindo o processamento das quartas-feiras.
Do lado produtor, as opiniões se dividem. Há quem classifique o mercado de “muito fraco”, como o tradicional pecuarista em Cascavel (PR) e em Eldorado (MS), Euclides José Formighieri, diante do cenário atual, com preços entre R$ 39,00 e R$ 41,00 pela arroba nas regiões onde atua.
Mas há quem aposte em reação. O pecuarista Mauro Morofuse, de Primavera do Leste (MT), entende que os R$ 39,00 pagos pela arroba na região ainda podem melhorar, principalmente a partir de julho. Por isso, muitos pecuaristas insistem em manter os animais nos pastos ou vender aos poucos. O preço para animar o produtor a decidir pela venda em maior volume é de R$ 41,00.
Os preços baixos, na avaliação de Formighieri, devem-se ao bom estado da pastagem, que permite que os animais se mantenham gordos ou ganhem peso, à ausência do frio, que retarda a entressafra, e também por causa da redução do preço da carne de suínos e de frango. Para ele, estas proteínas passam a ter a preferência dos consumidores e não permitem a valorização da bovina.
Com isso, os preços não sinalizam reação. Nas praças paulistas a arroba tem sido negociada entre R$ 42,50 e R$ 43,00, respectivamente, para pagamento em 30 dias e descontado o Funrural; no Paraná está em R$ 42,00.
Reposição pressiona mercado
“Diante de um mercado suprido, a perspectiva não é nada boa para a pecuária de corte”, avalia Formighieri. Segundo ele, tem produtor segurando mais um pouco o boi no pasto na esperança de uma melhora do preço. “Agora, se não vier o frio, quem tem boi gordo e animais em confinamento começará a contabilizar prejuízos dentro de 60 e 90 dias”, diz.
Ele lembra que o preço da reposição continua alto. Ele avalia que, atualmente, com o resultado da venda de um boi de 18 arrobas, o pecuarista não compra nem dois bezerros na desmama, quando a relação normal seria de 2,5. Formighieri entende que o setor só se normalizará dentro de dois anos, quando o plantel de matrizes estiver recomposto.
Fonte: Gazeta do Povo/PR, adaptado por Equipe BeefPoint