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12 de agosto de 2009
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14 de agosto de 2009

Arroba volta a subir e indicador tem valorização de 1,42% na semana

Após um período de pressão sobre os preços da arroba do boi gordo, 15 baixas consecutivas e retração de 5,65%, no início dessa semana o indicador voltou a registrar variação positiva. Nesta quarta-feira, o indicador a prazo teve alta de 1,42%, sendo cotado a R$ 79,89/@. No mercado físico, a semana começou com forte pressão por parte das indústrias que tentaram forçar novos recuos, porém o ritmo dos negócios segue lento.

Após um período de pressão sobre os preços da arroba do boi gordo, 15 baixas consecutivas e retração de 5,65%, no início dessa semana o indicador voltou a registrar variação positiva.

Nesta quarta-feira, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 78,95/@, com valorização de 1,36% na semana. O indicador a prazo teve alta de 1,42%, sendo cotado a R$ 79,89/@. Em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (Cepea) levantou que a arroba do boi gordo com prazo de 30 dias valia R$ 91,86/@, a variação é de -13,03%.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

O dólar compra fechou a última quarta-feira em queda, sendo cotado a 1,8378 – desvalorização de 0,38%. A pauta econômica norte-americana esteve em foco, com destaque para decisão do Federal Reserve. Por aqui, a intervenção do BC e o fluxo cambial foram analisados. Com esta queda, o dólar acumulou desvalorização de 1,13% na semana. No ano a variação acumulada da moeda norte-americana já chega a -21,09%.

Com a conclusão do segundo dia de reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), ficou decidido que a taxa básica de juro norte-americana será mantida no patamar atual, entre 0% e 0,25% ao ano. O comunicado oficial diz ainda que o Federal Reserve ampliará o prazo de seu programa de compra de ativos para um mês a mais do que o anteriormente estipulado, encerrando as aquisições em outubro.

As ações do Banco Central brasileiro também estiveram em foco nesta sessão, com a nova realização de compra de dólares no mercado à vista, por meio de um leilão, cuja taxa aceita ficou em R$ 1,8329. O Bacen já adquiriu entre maio e julho mais de US$ 8 bilhões através desse tipo de operação.

A autoridade monetária também divulgou os dados do fluxo cambial, que registrou durante a primeira semana do mês um saldo positivo de US$ 2,255 bilhões. No período, as compras, com valor total de US$ 7,688 bilhões, superaram as vendas, de US$ 4,992 bilhões.

Na última terça-feira, a Marfrig Alimentos S.A. divulgou os resultados do 2º trimestre de 2009 e comemora o bom desempenho destacando o aumento de sinergias, crescimento no mercado interno e na exportação e a responsabilidade socioambiental da empresa.

O diretor de planejamento estratégico e de relações com investidores, Ricardo Florence, iniciou a apresentação dos resultados comentando que “em um cenário desafiador, mais uma vez a volatilidade das taxas de câmbio criou um movimento onde foi necessária uma rápida adaptação, cujo resultado deve ser refletido ao longo desse 2º semestre do ano”.

Florence ressaltou que “alavancado pela apreciação do Real frente ao Dólar, nós tivemos a outra face da moeda do que aconteceu no ano passado. O ganho cambial impulsionou o nosso bom desempenho operacional e atingimos R$ 405 milhões ou 16,8% de margem líquida, revertendo a situação de prejuízo no 4º trimestre de 2008 e 1º trimestre de 2009”.

No mercado físico, a semana começou com forte pressão por parte das indústrias que tentaram forçar novos recuos, porém o ritmo dos negócios segue lento. As escalas continuam atendendo em média a uma semana, mas existe o sentimento de que as compras estão mais difíceis e que os pecuaristas não aceitam mais a pressão imposta pelos compradores. Nesse sentido frigoríficos menores que tem um raio de atuação mais restrito, aceitam negociar e pagar um pouco mais pela matéria-prima.

Apesar da recuperação nos últimos dias as expectativas ainda parecem não ser animadoras. O leitor do BeefPoint Tadeu Ruzza Barreto comenta que na região de Água Boa/MT, Nova Xavantina/MT e Barra do Garças/MT o desanimo é geral por parte dos confinadores e a maioria não fará o segundo giro do confinamento. “A coisa está feia, se contar a história para o carroceiro até o burro chora. Por essa razão acredito que haverá uma diminuição na oferta nos meses de novembro e dezembro e ai podemos até pensar numa retomada dos preços”.

O leitor do BeefPoint, Ernani Nogara, de Paranavaí/PR informou através do novo formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição – uma iniciativa do BeefPoint em parceria com a Bayer – que na sua região a arroba do boi gordo é negociada a R$ 76,00 à vista. Acesse o formulário e também nos envie comentários sobre os preços praticados na sua região.

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.

Na BM&FBovespa, os contratos de boi gordo apresentaram variação positiva na semana. O primeiro vencimento, agosto/09, fechou a R$ 78,86/@ na última quarta-feira, com valorização acumulada de R$ 0,54. Outubro/09 teve alta acumulada na semana de R$ 1,68, fechando a R$ 83,36/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 05/08/09 e 12/08/09

Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista tem mostrado grande oscilação nos últimos dias. Na quarta-feira (12/08), o preço do bezerro segundo o Cepea era de R$ 616,12/cabeça, com recuo de 3,73% na semana.

Segundo Ernani Nogara, na região de Paranavaí/PR, o bezerro Nelore desmamado é vendido a R$ 750,00 e as bezerras da mesma era são negociadas a R$ 630,00. Ele destaca que o boi magro de 320 kg está sendo cotado a R$ 1.100,00.

O leitor do BeefPoint Flavio Ricardo Antunes Callovy, de Alegrete/RS, comenta, “as novilhas possuem uma boa oferta devido a grande produção que tivemos no ano de 2008”. Ele nos informou através do formulário que em sua região bezerros desmamados valem R$ 2,50/kg e as fêmeas com 175kg são negociadas ao redor de R$ 390,00 (R$ 2,25/kg).

Diante da alta nos preços do boi gordo e recuo no valor do indicador de bezerro MS, a relação de troca subiu para 1:2,11.

Segundo o Boletim Intercarnes, no contexto geral o mercado se manteve inalterado, verificando-se apenas uma melhor estabilidade com relação a preços. As ofertas seguem regulares e com melhor volumes para dianteiro avulso, trazendo oscilação e indefinição às cotações deste produto. Com relação a procura existem somente especulações por parte dos distribuidores, porém nada significativo.

No atacado, o traseiro foi cotado a R$ 5,80, o dianteiro a R$ 4,00 e a ponta de agulha a R$ 3,70. O equivalente físico foi calculado em R$ 72,38/@ e o spread (diferença) entre indicador e equivalente subiu para R$ 6,58/@, consequência da valorização do preço do boi gordo.

Tabela 2. Atacado da carne bovina

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

Na semana passada, os produtores irlandeses novamente atacaram os padrões da carne bovina brasileira que está sendo exportada à União Europeia (UE). O presidente da Associação de Produtores Rurais da Irlanda (IFA, da sigla em inglês), Padraig Walshe, disse que o último relatório do Serviço de Alimentação e Veterinária da União Europeia (FVO, sigla em ingles) da UE prova novamente que a produção de carne bovina no Brasil não cumpre os padrões dos europeus, com metade das propriedades inspecionadas falhando em cumprir os requerimentos da UE em assuntos importantes como registro, rastreabilidade e controles de movimentos. Além disso, ele disse que carne bovina brasileira desaprovada entrando na UE representa riscos sérios e inaceitáveis em termos de febre aftosa para o bloco europeu.

Walshe disse que com a confirmação do FVO de que o sistema no Brasil de verificação de fazendas para exportar para a Europa tem efetivamente falhado. “Está claro e bem estabelecido por vários relatórios do FVO que as autoridades brasileiras não são capazes e nem preparadas para tomar as atitudes necessárias para cumprir os padrões da UE. A Comissão Europeia não tem outra alternativa a não ser re-impor uma barreira às importações de carne bovina brasileira”. Walshe disse que a Comissão Europeia não pode persistir com uma política de padrões duplos. Ele disse que ou o Brasil cumpre com os padrões ou não.

Em resposta a tais ofensivas, o Diretor-Executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e Presidente do Serviço de Informação da Carne (SIC), Otávio Hermont Cançado, enviou ao BeefPoint o artigo “Walshe e a racionalidade econômica mundial”. Onde comenta “Em muitos casos, podemos não concordar com a velocidade em que nossos vizinhos crescem, mas lutar contra essa evolução mostra uma visão, no mínimo, obtusa de quem, para justificar a falta de aptidão em alcançar tais mudanças, prefere desqualificar os que venceram barreiras e seguiram em frente. A insistência dos pecuaristas irlandeses e ingleses em atacar a qualidade da carne bovina brasileira é um exemplo de que, apesar do mercado mundial mudar a cada dia, há, ainda, discursos tão antigos quanto surrados pelo tempo”.

“Percebe-se no recente discurso do Presidente da “Irish Farmers Association”, Senhor Padraig Walshe, o retardo temporal próprio daqueles menos preparados ou com menor excelência competitiva. Daqueles que defendem um setor já incapaz de crescer no mercado global, e de forma arrogante e imoral tentam justificar a adoção de políticas comprovadamente equivocadas. O Brasil já tem o seu caminho traçado pela competência, maturidade e competitividade dos seus produtores e das suas indústrias processadoras. Resta saber agora quanto tempo a “criança irlandesa” necessitará para amadurecer e se tornar um competidor à nossa altura”, completou Cançado.

Comentando o artigo do diretor da Abiec, o leitor do BeefPoint Giuliano Fontolan, emitiu a seguinte opinião:

“Acredito que as autoridades brasileiras e a ABIEC não entenderam ainda que estas associações estão literalmente em guerra contra a carne brasileira e isto já vem ocorrendo a anos.

A imprensa britânica e irlandesa inundam os jornais semanalmente com notícias infundadas e mentirosas a respeito da carne brasileira. Creio que é o momento de nossas autoridades e associações, como a Abiec, entrarem nesta briga. Ninguém fala na imprensa dos riscos de consumo da carne destes países, ninguém comenta que no ano de 2007, 221 animais apresentaram resultados positivos EEB (vaca louca) e que em 2008 houve o registro de 23 casos deste mal no continente europeu, ninguém comenta que até julho de 2007 já morreram 195 pessoas deste mal na Europa. Nossas autoridades e a Abiec não questionam porque a Inglaterra pode exportar carne para comunidade Européia apenas após 30 dias do aparecimento de foco da aftosa.

Também não é mencionado, que a DEFRA órgão inglês responsável pelas auditorias de rastreabilidade na Inglaterra, em sua última auditoria publicada em 2003 encontrou aproximadamente 30% de desvio de informações (não conformidades) na rastreabilidade bovina do gado britânico.

Essa guerra está sendo injusta, somente eles nos atacam por todos os lados e nós nem sequer nos defendemos, precisamos lutar com as mesmas armas, de igual para igual senão sempre seremos massacrados, ora por aftosa, ora por rastreabilidade, destruição da Amazônia, trabalho escravo, qualidade da carne do Zebu. Pretextos protecionistas eles tem vários. Eles estão defendendo os interesses deles, nos temos que defender os nossos”.

0 Comments

  1. Vanderley Caetano de Almeida disse:

    Em Goiânia um grupo de Pecuaristas constituiram uma central de vendas e resolveram não oferecer boi gordo enquanto perdurar a pressão por baixas de preços. Com essa união, centralizando as vendas, acreditam conseguir melhores negociações e também diminuir as espectativas de oferta de animais.