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27 de outubro de 2009
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29 de outubro de 2009

As conseqüências econômicas da “nova” rastreabilidade

Com a aprovação, pelo Senado, do lúcido projeto de lei PLC 135/, o Brasil acaba de resgatar a rastreabilidade total de bovinos com o sistema adotado e aperfeiçoado em nosso país há décadas - com GTA, nota fiscal, marca de fogo, inspeção federal no abate. No Brasil muita gente até hoje pensa que rastreabilidade só existe se houver brinco na orelha ou chip no bucho, e nunca parou para pensar se isso é ou não verdade. Não é.

Com a aprovação, pelo Senado, do lúcido projeto de lei PLC 135/09 (ver texto original em http://www.camara.gov.br/sileg/MontarIntegra.asp?CodTeor=572697), o Brasil acaba de resgatar a rastreabilidade total de bovinos com o sistema adotado e aperfeiçoado em nosso país há décadas – com GTA, nota fiscal, marca de fogo, inspeção federal no abate.

Toda mentira repetida muitas vezes se torna verdade, já dizia Goebbels. No Brasil muita gente até hoje pensa que rastreabilidade só existe se houver brinco na orelha ou chip no bucho, e nunca parou para pensar se isso é ou não verdade. Não é.

A eficácia deste novo/velho sistema vai ser agora ampliada com a emissão eletrônica de nota fiscal e com a integração automática, via Internet, dos bancos de dados e postos de fronteira dos órgãos estaduais de defesa agropecuária. Com isso, a sonegação de tributos e o transito de animais sem GTA (Guia de Transito Animal) vão ficar bastante dificultados. Fica viabilizada a transparência e o controle externo sobre as garantias de que a carne provém de empresa social e ambientalmente correta. Agora não mais sobre um número irrisório de propriedades como antes, nos tempos do Sisbov, mas num agregado muito amplo, englobando 90% ou mais das propriedades rurais brasileiras. Não é difícil prever que isso promova a justa valorização dos serviços dos profissionais estaduais e federais das carreiras ligadas às áreas de fiscalização sanitária. Como decorrência disso tudo, veremos o atendimento dos anseios de clientes cada vez mais exigentes, maior cobertura vacinal, mais verbas, fiscalização mais eficaz e, em breve, erradicação completa da febre aftosa do território brasileiro.

Toda a nossa população, e não apenas clientes estrangeiros, se benefíciará com o acesso a um produto que comprovadamente atende a rigorosas normas de origem, sanidade, produção e processamento. Não mais haverá diferencial de preços entre carne rastreada e carne sem rastrear. Toda a carne não-rastreada será ilegal, ponto final. Para comprá-la, o cliente precisará recorrer ao Frigomato, fonte tradicional de escoamento da carne produzida ao arrepio da lei, em ambiente devastado, com trabalhadores submetidos a condições desumanas, com reses roubadas ou doentes, com uso de fontes nutricionais proibidas, com uso de hormônios de engorda banidos.

Acaba um fator de pressão sobre o pecuarista, que nos últimos anos foi convocado a realizar uma rastreabilidade que lhe exigia alto investimento gerencial, sem nenhuma garantia de ressarcimento ou lucro. Alguns perguntarão: este esforço visava um melhor gerenciamento da propriedade, com aumento da produção, da produtividade, da justiça social, do conforto animal, do manejo sem riscos, dos cuidados com o meio ambiente, da renda? Não! Era gerenciamento de um processo que a rigor nada acrescenta à produção, nem mesmo confiabilidade ou segurança alimentar. Processo que muitas vezes está fora do alcance do pecuarista, da absoluta da maioria deles, sem que isso signifique que eles sejam incompetentes ou que os bois e novilhas de abate produzidos sejam inferiores, ou de pior qualidade. Felizmente o Congresso Nacional sentiu que havia no ar algo muito errado, e optou por retroceder no tempo, decretando o famoso KISS. Em inglês, Keep it simple, sweetheart. Mal traduzindo, e mandando uma mensagem para os que, por ideologia, falta de reflexão ou mesmo total desconhecimento, insistem em engessar a produção: – não complica, pô!

O Sisbov não vai extinguir-se, e nem deveria. Precisamos de um sistema de controle individual de todos os animais importados, até seu abate e descarte adequado da carcaça. Tal sistema deve ser gerenciado pelos órgãos estaduais de defesa agropecuária. Ao livrar-se do Sisbov, o MAPA vai se libertar de um peso que lhe consome um grande efetivo de profissionais e recursos. Estes técnicos agora poderão dedicar-se com empenho redobrado a atividades, inspeções e convênios que assegurem a completa erradicação do uso de cama de frango e farelos de origem animal na dieta de ruminantes.

Quem quiser continuar rastreando individualmente suas reses não vai ser diretamente desencorajado. Num primeiro momento, pode obter benefícios financeiros, até porque a União Européia continua a exigir que a carne por ela importada provenha de propriedades incluídas na lista TRACE. A médio prazo, todavia, a expectativa é que afrouxem estas exigências, porque os europeus sabem que vêm pagando caro por uma carne muitas vezes de qualidade sanitária inferior à nossa ou (dizem) comprada no Brasil e triangulada até chegar na Europa, com o alto custo inerente a tudo aquilo que é feito fora da lei.

Ao verem o sucesso da nova rastreabilidade, que lhes trará segurança e, principalmente, amplo suprimento, certamente os europeus apoiarão o novo paradigma. Se não, paciência. Tem mais gente na fila, a começar pelo mais recente peso-pesado interessado em nossa carne, a Coréia do Sul. A ABIEC certamente vai ajudar neste esforço de reconquista da Europa, uma vez que recentemente seu diretor técnico, Otávio Cançado, comentou em entrevista que precisa de um milhão de propriedades rastreadas, e não 1200. Agora que ele conseguiu aquilo com que sonhava, é arregaçar as mangas e fazer ampla campanha de esclarecimento na Europa.

Infelizmente as empresas rastreadoras vão sofrer um golpe ainda mais duro que aquele sofrido há cerca de um ano. Como se recorda, houve um aumento brutal nas exigências impostas sobre as propriedades produtoras de carne aceita pela Europa, que resultou no total desinteresse dos pecuaristas e no virtual fechamento da União Européia à carne brasileira. De mais de 10.000 propriedades cadastradas, o número caiu a zero e hoje não restam 1.500, sabe-se lá quantas delas ativas. Com dúvidas pairando sobre sua probidade e com esta queda radical na demanda pelos seus serviços, as empresas rastreadoras mais antenadas se associaram a parceiros internacionalmente conceituados, que atestassem sua honestidade de princípios. Elas também concentraram seus esforços na captação de clientes produtores de carnes destinadas a parcerias com redes de distribuição européias, e de produtores que atendam a nichos como o da carne orgânica. As outras rastreadoras, que já andavam à míngua, deverão agora receber o beijo da morte. Coisas da Economia, ciência que, na definição de Mankiw, estuda a maneira como a sociedade maneja e distribui seus escassos recursos.

0 Comments

  1. José Roberto Pires Weber disse:

    Lamento discordar do articulista, mas entendo que algumas das suas considerações poderiam servir se efetivamente fôssemos organizados, com um serviço de inspeção funcionando e com a informática realmente capaz de propiciar a emissão de GTAs. Na prática, no dia a dia, a questão é bem diferente. Por outro lado, a obrigatoriedade da rastreabilidade vai nivelar por baixo e, infelizmente deixaremos de receber um plus em relação ao gado não-rastreado. Quanto à exportação para a UE, não vejo possibilidade de termos vantagens, eis que lá e especialmente no Reino Unido, rastrear individualmente é condição para criar gado. E mais, a exigência deste controle é do consumidor e não do Estado. Por outro lado, a questão do preço está contida pela falta de interesse dos pecuaristas de lá, na importação de carne mais barata, que acaba se refletindo no preço por eles recebido. Aliás, estas constatações fiz ao vivo quando visitei várias propriedades na Inglaterra e Escócia e, depois quando recebi vários pecuaristas de lá, em minha propriedade.
    Aqui no Brasil, sempre somos favoráveis ao jeitinho e a simplificação das coisas! Certamente decorrentes da falta de vontade de sermos realmente eficientes e competitivos. Finalizando, entendo que temos que esperar para ver como as coisas acontecerão e se teremos alguma vantagem
    José Roberto Pires Weber

  2. Aécio Witchs Flores disse:

    Caro Humberto,

    O equivoco da interpretação se dá, no momento onde no Brasil de 2010 iremos implementar um sistema de marca a fogo criado para o Brasil de 1965.

    A nova lei de rastreabilidade é muito importante para o país como um todo, pois demonstra claramento que o setor é capaz de se organizar e acabar com a falso rotulo de sonegação e lavagem de dinheiro e ratificar a sua importância.

    O problema é que ou se marca a fogo, que não é a marca da fazenda e sim uma marca determinada em 1965, ou se coloca brinco eletrônico. É necessário que exista um trabalho de adequação para que realmente a lei de rastreabilidade seja um avanço na pecuária nacional e não mais uma lei que caia em dessuso.

    E por ultimo, mas não menos importante, não se engane em achar que não serão necessários investimentos e que as exigências serão menores. Como todo o produto seja ela de qualquer origem, as exigências sanitárias nacionais e internacionais serão cada vez maiores, pois isso já é uma regra de mercado e é importante para todos nós como consumidores, e para cumprir tais exigências, seja o produtor ou o governo vão ter que continuar investindo na busca dos benefícios que isso ira trazer.

  3. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro José Roberto,

    …se efetivamente fôssemos organizados – Na média somos, como qualquer categoria profissional. Uns mais, outros menos, mas a absoluta maioria produz carne de excelente qualidade e agora o pecuarista correto vai ser reconhecido, vai deixar de ser estigmatizado.

    …com um serviço de inspeção funcionando – Em São Paulo e Goiás funcionam de razoavelmente a muito bem, posso atestar. Não são empecilho para a garantia de qualidade, são importantes coadjuvantes.

    …com a informática realmente capaz de propiciar a emissão de GTAs – Em São Paulo e Goiás isso é realidade, e tenho certeza de que em muito breve chegará ao Rio Grande. Fico até surpreso com a informação.

    …a obrigatoriedade da rastreabilidade vai nivelar por baixo – Vai nivelar num ponto factível e satisfatório, a meu ver.

    …deixaremos de receber um plus em relação ao gado não-rastreado – Concordo, disse isso no artigo

    …a exigência deste controle é do consumidor e não do Estado – Não é não, é regulamento criado quando nada se conhecia sobre o mal da vaca louca. Como os casos ainda pululam, por lá não vai mudar tão cedo. Penso que o consumidor exige é garantia de qualidade e rastreabilidade, podendo ser manipulado pela propaganda para acreditar no mito brinco=rastreabilidade.

    …a questão do preço está contida pela falta de interesse dos pecuaristas de lá, na importação de carne mais barata – Mas os varejistas e os consumidores desejam preços menores desde que não se sacrifique a qualidade. A briga é boa.

    …Aqui no Brasil, sempre somos favoráveis ao jeitinho e a simplificação das coisas! – Contra o jeitinho, normas e transparência. Simplificacao muitas vezes é bom! (Lembre do KISS).

  4. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Aécio, estamos de acordo em quase tudo.

    …O problema é que ou se marca a fogo, que não é a marca da fazenda – É a marca da fazenda sim. Agora o rastreamento é por lotes. Como se sabe que o lote é da fazenda x? Por que embarcou lá, todos com a marca de origem, com uma nota e um GTA.

    …não se engane em achar que não serão necessários investimentos – Não serão necessários, discordo.

    …as exigências sanitárias nacionais e internacionais serão cada vez maiores – Concordo, e daí a felicidade com o novo regulamento, que vai permitir a 90% das propriedades brasileiras (ou seja, 100% de quem trabalha dentro da lei) comprovarem com orgulho a total rastreabilidade do seu produto, sem serem enxotados de um baile ao qual tão poucos foram convidados.

  5. Emerson Figueira disse:

    Rastreabilidade só existe com identificaçaõ individual, única e desde o nascimento.
    Como identificar pode ser uma questão a ser discutida. A ABCZ por exemplo usa um sistema de marca a fogo e tatuagem com letras e números que identifica cada propriedade e animal.
    Como tenha gado tanto SISBOV como ABCZ, percebo a diferença entre esses dois sistemas e cada um tem suas vantagens e desvantagens.
    Mas depois de aderir ao ERAS pude perceber o quanto é necessário a identificação de todos os animais se quizermos mesmo falar em rastreabilidade verdadeira.
    O que se tem que discutir é se queremos ou não a rastreabilidade de fato, e não chamar de rastreabilidade o sistema atual ou, muito menos, o novo proposto.
    Não creio que precisamos das certificadoras(bastam as inspeções do governo) mas temos que identificar individualmente todos os animais ou não poderemos chamar o sistema de “sistema de rastreabilidade”.

  6. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Concordo com o Sr Humberto que não haverá diferencial de preços para animais rastreados por atendimento a um lei, que portanto obriga a todos.

    Também concordo com o Sr Humberto que o SISBOV ainda é importante para rastrear animais importados (mesmo que sejam pouquissímos animais) e para seguirmos exportando carne para a UE e outros mercados, que exigem a identificação individual.

    E neste cenário, enquanto o SISBOV continuar de adesão voluntária, os frigoríficos continuarão tendo que diferenciar o preço pago para animais rastreados individualmente para motivar os produtores.

    Também concordo que “se” paulatinamente a UE e outros mercados exigentes aceitarem modelos de controles / garantias mais simples , como diz o Sr Humberto, os frigoríficos se abastecerão de animais para exportação sem ter que pagar preços diferentes e portanto acabará a motivação dos produtores continuarem em um modelo voluntário mais complexo. Todos os produtores adotarão o modelo mais simples.

    Mas no paragrafo acima há um “se” que merece reflexão. E as duas perguntas que precisam de resposta são:

    1- Será que as exigências de controles / garantias dos mercados em geral (não apenas UE) se atenuarão ou acentuarão com o tempo?

    2- Quem será beneficiado diretamente com o fim do diferencial de preços?

    Como disse antes em carta a este site o projeto de lei sabiamente não elimina escopos específicos para nichos de mercado, como a UE. Ou em outras palavras não substitui o SISBOV. E assim permite que os mercados se auto-regulem.

    Se de fato for possível oferecer de maneira simples, com a marca ferro, um nível de garantia / controle igual ou superior ao do modelo de identificação individual certamente este último será abandonado. Mas no momento este não é o caminho que os nosso principais concorrentes internacionais estão trilhando.

  7. JOSE FRANCISCO SOARES ROCHA disse:

    A nossa carne,em sua grande maioria é produzida a pasto,com um percentual acabada no cocho.portanto é de boa qualidade.

    com o tamanho do nosso rebanho,ta mais facil controlar os maus produtores, e tira-los do mercado.

    acredito com esta nova lei passamos a ter um grande rebanho,com condições de atender o mercado mundial.

    nichos especificos,com cortes especiais,controle individual,maciez,niveis diferentes de gordura entremeada,acabadas totalmente a pasto,deverão ser produzidas e incentivadas por associações de classe,pois isto envolve genetica,e produtores com vontade de atender um mercado especifico,e por certo os contratos serão feitos prevendo estes custos.
    se podemos simplificar,porque complicar !

  8. Ernesto Coser Netto disse:

    Pode-se notar que o senhor Humberto é homem letrado, mas infelizmente está dando um tiro no pé ao defender sua tese.
    Volta a deixar o pecuarista refem do monopolio dos frigorificos,
    Os “esforçados e capazes” estavam conseguindo um diferencial neste briga desleal com os frigorificos, mesmo sendo somente 1500 fazendas os firg estao conseguindo gradualmente reduzir os premios pagos.
    Hoje o cliente(soberano) UE exigiu um formato complexo, burocratico e dificil de rastreabilidade, mas é facultativo, faz quem quer.
    Muito diferente da rastreabilidade de mentira que vinha sendo feita e descoberta pelos clientes.( isto sim era jeitinho brasileiro)Rastreabilidade para Ingles ver e Ingles viu.
    E se vingar o que defende o senhor Humberto acaba qualquer expectativa de bonus.
    Tenho vários clientes que foram aprovados na lista TRACE(portanto factivel e nao utópico) e estão felizes com o bonus e mais felizes agora com os resultados obtidos atraves da melhora de gerenciamento que o SISBOB diretamente proporciona.
    Tenho clientes que estao fazendo todo o processo do SISBOV em fazendas do Paraguai, mesmo sem pretençao de exportaçao desta carne via SISBOV, mas interessados em obter nelas o mesmo gerenciamento conseguido na fazenda aprovada lista TRACE.
    Mas tudo isto realmente merece uma discussao muito mais ampla.
    -Deveríamos realmente oferecer a populaçao brasileira a mesma rastrabilidade oferecida a UE.Mas quem paga a conta?
    -O Estado de Sao Paulo que o senhor Humberto mora nao deve ser o mesmo que o meu, pois em minha regiao tenho CASAS da Lavoura onde funcionários nao sabem operar um computador e onde nao sabem se quer tirar um extrato de movimentaçao do gado.
    -Os frigorificos deveriam ensinar o consumidor brasileiro a diferenciar carne de qualidade, noa existe marketing da carne bovina, nao existe padronizaçao da carne bovina, nao existe investimento em novos formas(pratos,produtos,) de oferecer carne bovina a populaçao.
    Em resumo é realmente muito complexo esta discussao,quem sai ganhando com reduçao das exigencias(trabalho)que defende o senhor Humberto é somente os frigorificos que realmente noa pensam como cadeia, mas sim pensam extrativistamente,(se acabou o boi daqui vamos buscar bois em outro lugar e por ai vai tirando da atividade cada vez mais produtores, até uma hora que acabe e eles como já vem acontecendo se tornando criadores tambem, para poder suprir sua demanda.

  9. Aécio Witchs Flores disse:

    Caro Humberto,

    Infelizmente estamos interpretando diferente a mesma lei.

    A marca a fogo estabelecida na nova lei de rastreabilidade é baseada na lei ordem e progresso de 1965, ou seja, não é a marca da fazenda e imagina um animal que realiza cada fase do seu ciclo de produção em uma propriedade vai ter no minimo 3 marcas diferentes no modelo de rastreabilidade de acordo com a lei, mais as marcas da fazenda. E isso independe do processo ser em lote ou não.

    Realize uma pesquisa no google, “lei ordem e progresso” e você irá ver do que estou falando.

    Quanto aos investimentos. Sinceramente o senhor acha que eles não serão necessários ? Sendo que a própria presidente da CNA, a Dra. Katia Abreu, reconhece que a implantação da GTA eletrônica irá gerar custos para os produtores. Além é claro de todo o processo de gestão dos seus animais, pois rastreabilidade sem gestão de dados, não é rastreabilidade e pura e simplesmente identificação.

    Como dizem, tem muita água para rolar, até todos os pontos da nova lei serem acertados. Com certeza ela é um avanço, mas somente se for bem executada e principalmente levada a sério.

  10. Eduardo Miori disse:

    Caro Humberto
    Finalmente a luz da razão chegou à pecuaria brasileira.
    Chega de exigências exóticas e estapafúrdias.
    Só as pessoas que tentaram cumprir as regras do Sisbov e Lista Traces sabem o quanto elas são inúteis e mal-intencionadas.
    Rastreabilidade já existe na indústria alimentícia nacional e internacional há decadas e não se parece em nada com a enxurrada de bobagens a que fomos expostos.
    Parabéns por sua clara posição na defesa dos consumidores e produtores brasileiros e estarngeiros.
    Um abraço
    Eduardo

  11. washington ferreira de oliveira disse:

    fica até dificil fazer um comentario,em meio ao bombardeio de pros e contras,mas pra começar torço para que todos que ficaram fora da lista traces,continuaem de fora,pois se não saõ capazes de gerenciar seu proprio negocio,tem mais é que vender seu boi mais barato mesmo.
    quanto a marca a fogo,vai ter animal que vai se parecer com um joguinho de palavras cruzadas,a não ser que nasçam com pelo menos 8 pernas,se ja tem muito neguinho que adultera documentos e ate mesmo brincos quanto mais uma marca a fogo..o correto é colocar a mão na massa e mandar no que é seu,trabalhe mais,especulem menos.utilizem mais a calculadora.
    2% é pouco pra quem não faz conta,ou naõ tem gado no pasto.

  12. Claudecir Mathias Scarmagnani disse:

    Caro companheiros pecuaristas.
    a discusao é bastante interessante. mas pergunto? a todos senhores. quem vai pagar a conta???. afinal com essa diferença merreca de R$ 1,00/2,00 a @ é inviável discutir qualquer sistema de rastreabilidade, alias é uma vergonha esse precinho que estao nos pagando pelo boi da lista “treice”.
    rastreabilidade com garantia, sinceridade e honestidade é muito importante para toda a cadeia produtiva, mas insisto é preciso que haja um diferencial compensatório, do contrário só se for obrigado.

  13. Arlindo Pavan Filho disse:

    O bom senso chegou! Antes tarde do que nunca. A simplicidade torna tudo mais eficiente, porquê não adotá-la? Graças a Deus a luz brilhou no final do túnel!

  14. José Roberto Pires Weber disse:

    Prezado Humberto:

    Ok, tudo bem, acho que não devemos ficar debatendo, nem contrariando uns aos outros. Só lembraria que o Brasil é bem maior do que São Paulo e Goiás e que uma lei nacional tem que considerar a média e não a ponta.

    Ao companheiro produtor Eduardo Miori só lembraria que falam mal da Lista Traces os que não conseguiram chegar lá. Eu cheguei e tenho preços diferenciados.

    Digo mais, não é fácil, mas está muito longe de ser impossível! Qualquer pecuarista interessado chega lá, com certeza!

    Cordialmente,
    José Roberto Pires Weber

  15. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Agora precisamos tratar de um ponto delicado.

    Eu, e milhões de outros pecuaristas, vivemos da pecuária de corte. Tentaram marginalizar-nos através de manipulações da opinião dos atores envolvidos na cadeia da carne, com a alegação de que a única maneira de rastrear a produção de carne seria promovendo a identificação individual dos animais. Quem assim não procedesse seria um produtor de segunda classe, de escassa competência e indigno de ter o fruto de seu trabalho exportado para mercados exigentes. Ficava sempre no ar insinuação de que o consumidor brasileiro estaria sendo mal servido, correndo até riscos sanitários.

    A verdade foi restabelecida agora com uma lei, e todos devemos obedecê-la. Escrevi todo este artigo na esperança de contribuir para mostrar que todos os produtores que trabalharem respeitando as diretrizes legais brasileiras produzirão carne de ótima qualidade. Carne totalmente rastreada, certificada pelos órgãos federais e estaduais de garantia sanitária. Órgãos estes plenamente competentes, haja vista que seu pessoal foi capaz de suportar, sem chiar e sem aumento de salário, a absurda carga extra de trabalho que lhes foi imposta quando se jogou o mico do Sisbov da esfera federal para a estadual. Novos equipamentos, mais verbas, acesso a Internet, melhoram dia a dia a qualidade do serviço.

    Há dois tipos de rastreabilidade agora. Um pelo Sisbov, outro pela lei que advirá do PLC 135/09. O primeiro atende aos atuais requisitos da UE. Ambos atendem a todos os outros países e aos anseios do consumidor brasileiro por uma carne que comprovadamente atenda a rigorosas normas de origem, sanidade, produção e processamento.

    De agora em diante, todo aquele que pretenda denegrir o sistema brasileiro de produção de carne estará pondo em risco a viabilidade do nosso negócio. Qualquer fechamento de mercado devido a declarações levianas causará grandes prejuízos a milhões de pecuaristas e aos frigoríficos envolvidos.

    Pecuaristas e frigoríficos estarão muito atentos a estes movimentos de descrédito, que serão encarados como atitudes impatrióticas e inimigas, que precisarão ser combatidas com dureza e cortadas pela raiz.

  16. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Emerson Figueira [30/10/2009]

    Por todo meu artigo, e pelo meu comentário anterior, você há de notar que eu discordo dos seus argumentos. Como sei que você está na lista TRACE, prevejo que pode continuar tendo vantagem financeira durante algum tempo, como eu disse no artigo.

    Um abraço do amigo e vizinho

  17. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro José Ricardo Skowronek Rezende [30/10/2009]

    É um prazer trocar figurinha com um comentarista lúcido e assíduo do BeefPoint. Membro da lista TRACE, mas com visão crítica, flexibilidade e olhar atento ao presente e ao futuro.

    … será que as exigências de controles / garantias dos mercados em geral (não apenas UE) se atenuarão ou acentuarão com o tempo? — Se acentuarão. A PLC 135/09 e a atitude firme que teremos, antecipada no meu comentário “Agora precisamos tratar de um ponto delicado” são passos rumo a uma resposta positiva e confiável que os produtores brasileiros de carne darão ao mundo.

    …Quem será beneficiado diretamente com o fim do diferencial de preços? – Serão beneficiados os milhões de produtores brasileiros que estavam excluídos do processo de certificação. Não propriamente do fim do diferencial, que será mera conseqüência se e quando a UE não mais exigir a lista TRACE. Com o PLC 135/09, nenhum pecuarista vai ouvir do frigorífico que no momento ele só está comprando carne de ERAS, e se fizer uma exceção, será um favor ao pecuarista, tendo este que se submeter a um deságio. Se o frigorífico fizer isso, estará descumprindo a lei, parágrafo único do artigo quarto.

    …no momento este não é o caminho que os nossos principais concorrentes internacionais estão trilhando – O caminho foi consenso entre cientistas europeus quando o mal-da-vaca louca apareceu. Cientistas brasileiros, argentinos, uruguaios e australianos seguiram o estouro da boiada, incapazes de uma reflexão crítica. Americanos foram mais ponderados, e até hoje não implantaram o sistema, mesmo tendo havido casos da doença em seu território. Eles preferiram uma atitude realista baseada no famoso “Harvard Risk Assessment”, documento que provava ser ínfima a chance de contaminação de humanos.

  18. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Jose Francisco Soares Rocha [30/10/2009]

    Muito obrigado pelos comentários.

    Se podemos simplificar, porque complicar?

  19. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Ernesto Coser Netto [30/10/2009]

    Muito obrigado pelos comentários.

    … Volta a deixar o pecuarista refém do monopólio dos frigoríficos – Penso que não, pois isso ocorreu no passado quando o número de propriedades inscritas no Sisbov chegou perto de 10.000. Tendo amplo suprimento, os frigoríficos decretaram a queda do ágio. Quem tinha custo com o Sisbov deixou de ganhar, e quem não tinha, passou a ter sérios prejuízos.

    …mesmo sendo somente 1500 fazendas os firg estão conseguindo gradualmente reduzir os prêmios pagos – É verdade. Imagine se aumentasse o número. Mas vai cair, e isso pode ser bom durante algum tempo para os ERAS que segurarem o tranco. Ou pode não ser, tudo ainda é muito nebuloso.

    …deveríamos realmente oferecer à população brasileira a mesma rastreabilidade oferecida a UE. Mas quem paga a conta? – Agora, com o PLC 135/09, o custo vai ser zero, e as garantias serão equivalentes e amplamente satisfatórias.

    …em minha região tenho Casas da Lavoura onde funcionários não sabem operar um computador e onde não sabem sequer tirar um extrato de movimentação do gado – Mais uma vez repito que estes órgãos são plenamente competentes, haja vista que seu pessoal foi capaz de suportar, sem chiar e sem aumento de salário, a absurda carga extra de trabalho que lhes foi imposta quando se jogou o mico do Sisbov da esfera federal para a estadual. Novos equipamentos, mais verbas, acesso a Internet, melhoram dia a dia a qualidade do serviço.

  20. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Aécio Witchs Flores [30/10/2009]

    Muito obrigado pelos comentários.

  21. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro duplamente colega, engenheiro e pecuarista Eduardo Miori [30/10/2009]

    Muito obrigado pelos comentários. A nossa luta é a mesma, e está se tornando cada vez mais interessante.

  22. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro José Roberto Pires Weber [31/10/2009]

    Muito obrigado pelos comentários, que enriqueceram bastante nossa discussão.

  23. Jose Fernando Dantas disse:

    Caro Sr. Humberto,

    Me desculpe, aquilo escrito na lei não é “rastreabilidade”, rastrear é identificar a origem, uma marca de ferro (coisa rudimentar que destroi a utilização do couro) não indica nada, como garantir que o animal teve sua alimentação sem utilização de insumos proibidos ? lembro que um dos relatórios que faz parte do “livro SISBOV” é o controle de insumos, onde deve ser declarado todos os insumos de alimentos utilizados para o gado.

    Essa lei é uma tentativa de acabar com a rastreabilidade, que diga-se de passagem, está impondo controles que grande parte dos pecuaristas de corte não tem capacidade de fazer, a culpa não é do sistema, é da falta de capacidade técnica dos sujeitos que insistem em dar cama de frango e outros hormónios para engordar nelore.

    O medo de ter que colocar brincos individuais é que muita gente vai deixar de “lavar dinheiro” com gado de corte, ou ter que pagar imposto.

    Acho que os pecuaristas sérios não vem no atual sisbov um problema, e sim um avanço no sentido de realmente se ter transparência e controle.

    O MAPA deveria melhorar o sisbov para o próprio produtor cadastrar as suas entradas (compra e nascimentos) e as suas saidas (morte e venda).

    Com o advento da nota fiscal eletrônica deveria haver uma integração entre o sisbov e a Receita federal do Brasil (RFB) para interligação das bases de dados, permitindo que sejam gerados, no sisbov, os relatórios de insumos adquiridos.

    Deveria também ter um relatório, para o público em geral, que ao colocar o número sisbov, seja obtido todas as informações de um animal, pois ai sim, ao adquirir aqui mesmo no Brasil uma picanha, essa deveria vir com o número sisbov do boi ou vaca que foi tirado, a mais completa transparência.

    Desejo que os senhores(as) pecuaristas que não fazem parte da lista, modernizem seus controles e se capacitem a fazer parte dessa lista, é o progresso.

  24. Fábio Henrique Ferreira disse:

    Atualmente para o Brasil exportar para alguns países, produtores preenchem o Modelo B e não mais terão que fazer após aderir a esta lei Obrigatória. Conseqüências econômicas aos produtores serão as mesmas, NÃO VÃO GANHAR NADA com isto como já é hoje com o modelo B. (Isto é evidente aos produtores).

    Ótimo que sisbov, eurepgap e outros sempre existam para produtores poderem produzir e ganhar mais para atender o que determinado nicho de mercado demanda. Um sistema único não irá remunerar os Produtores.

    Fusões, aquisições e etc são sim tendência mundial e antigo em outros países, difícil de mudar mas (preço médio da @ do boi hoje em Goiás R$70,00, se os atores “mercosul, independência, quatro marcos, estrela e etc” tivessem no mercado teríamos preço médio R$73,00 ou mais, estes sempre realizaram pagamento à vista, descontemos 2,5% hoje teríamos R$71,18 ou seja, melhor para o produtor). O que está sendo trabalhado por alguns nos leva cada vez mais a um mercado Monopsônio (Um “frigorífico”comprador e muitos vendedores), atualmente o mercado é Oligopsônio (Poucos compradores e muitos vendedores) vamos cuidar do que temos hoje e tratemos aqui os problemas econômicos, mercadológicos das indústrias se tornando auto suficiente na produção de animais, para mais uma vez trazer os preços pagos aos produtores para baixo.

    O Ministério e rastreadoras são frutos da demanda da União Européia e estão desempenhando seus papéis. Produtores faziam o que queriam com o Ministério e rastreadoras a Europa embargou as exportações pelo sistema anterior ser frágil e posteriormente técnicos Europeus vieram ao Brasil demonstrar ao Ministério como queriam rastreabilidade que consequentemente repassou as rastreadoras. Hoje o Ministério e as rastreadoras são frutos da demanda Européia, não aceitam “meus vizinhos” fazerem do jeitinho que queriam. Não complica pô, o sistema é voluntário e alguns querem fazer, nada e fácil basta ter persistência que se chega e o sabor da vitória e melhor quando se tem trabalho. Já ta batido esse assunto credo.

    Temos mesmo que viver utopicamente com limites, em Goiás, agências rurais possuem funcionários (temporários s e etc), estrutura precária não possuem nem cadeira para sentar, não possui computador e muito menos quem saiba operar, algumas nem telefone imagina internet. Outras possuem colaboradores contratados e estrutura, nestes com a chegada da tecnologia os colaboradores pedem demissão. Computador pifa, impressora quebra “falta tonner” em qualquer órgão público levasse meses para se consertar (Não existe plano de contingência e o Gerenciamento disto tudo por agencia localmente como fica) e ai o sistema PARA???A retirada de GTA não para, não pode aguardar o computador ser arrumado, a impressora, o colaborador capacitado a estrutura e etc. O boi não para é dinâmico. Não podemos achar que estalaremos o dedo e tudo irá acontecer, herói só existe para as crianças, quero ver depois quem irá aparecer para pagar a conta.

  25. Fábio Henrique Ferreira disse:

    Lendo a lei Ordem e Progresso a fogo me pergunto: a origem tatua numa orelha o segundo produtor tatua na outra, boi de confinamento pode ter passado em 5 ou mais propriedades antes de morrer. Onde irão tantas tatuagens???E o couro??? E o bem estar animal???E o stress??? E a venda do couro???Amanhã lá fora seremos apontados como o País que queima por completo um animal, um bom motivo para criar barreiras ao Brasil!!!
    Tudo que é diferenciado possui preço diferenciado, atende mercado diferenciado e etc e deve ser em escala igual ou inferior a demanda que paga. Para que produzir a quem não paga ou em escala superior para perder valor. Para que um sistema único para vender um produto único e não ganhar nada com isto????

    É bom que se tenha certa dificuldade em produzir e manter algo que se quer vender a preço diferenciado, caso contrário não se terá VALOR. Carro serve para transportar o ser humano de um ponto a outro, existe quem paga para andar de fusca e quem paga para andar de Ferrari mesmo os dois automóveis tendo a mesma função, transportar o ser humano. Ao vendermos só fusca o comprador buscará novos mercados para se abastecer.

    Parabéns josé roberto e demais, convido os colegas também a participar da lista Trace. Se fosse difícil não haveriam aproximadamente 1700 propriedades ativas (http://ec.europa.eu/food/food/biosafety/establishments/bovineholding/brazil_app_bovine_holdings.pdf), com certeza existem propriedades em adesão, preparação e aguardando inserção na lista traces fases as quais passamos não e mesmo Sr. Jose Roberto e todas passam. Inicio do ano não tem boi de confinamento, vem boi de pasto e cota hilton para cumprir, o diferencial para a @ de boi da lista traces bem como a adesão ao sistema naturalmente irá aumentar.

  26. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Washington Ferreira de Oliveira [30/10/2009]

    Muito obrigado pelos comentários.

  27. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Claudecir Mathias Scarmagnani [30/10/2009]

    Muito obrigado pelos comentários.

    É sempre interessante ouvir a contribuição dos que lutaram e conseguiram se tornar ERAS, como você, o José Roberto Pires Weber, o Emerson Figueira, o José Ricardo Skowronek Rezende, o Washington Ferreira de Oliveira.

  28. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Arlindo Pavan Filho [31/10/2009]

    Muito obrigado pelos comentários. Da mesma forma que você, estou eufórico e ansioso por ajudar na disseminação dos novos conceitos.

  29. NARCISO JOSE FERREIRA disse:

    Caros companheiros produtores, creio que a rastreabilidade é necessária e se faz jus a todo o consumidor, quer seja externo ou interno; O que sempre me preocupa é que, se, com o entusiasmo exagerado com a vinda da suposta simplificação, o próprio sistema a implantar deixe correr frouxo e a nossa rastreabilidade perca confiabilidade de importantes mercados externos, levando-os a deixar de adquirir produtos brasileiros.Quero lembra-los ainda que o setor precisa muito amadurecer, ser mais coeso, elaborar e cobrar distorções existentes, por exemplo: a cobrança até hoje do funrural sobre toda nossa produção bruta quando comercializada (2,3%), imposto este votado sua isenção e vetado duas vezes sómente este ano pelo presidente LULA, que no ultimo veto alegou: “não posso isenta-lo pois provocaria desequilibrio no caixa da prvidencia social”; Mas na mesma semana que vetou o funrural, isentou a industria frigorífica de pagar o pis/cofins, que somados representa 9,25%, o que na verdade também precisava acontecer para corrigir uma grande distorção existente entre empresas exportadoras ( isentas ) e empresas com comércio restrito ao mercado interno ( tributadas ); Vale ainda lembrar que a isenção não poderá sómente servir para engordar a margem das industrias, mas que estas saibam repartir o bolo e repassar ao consumidor final, que com certeza poderá alavancar o consumo, aliviando com isso a situação do pecuarista que hoje tem dificuldades até para escalar seus animais para abate, sem falar ainda na remuneração pelo seu trabalho e dedicação ( hoje não existe, boi certificado-UE nos niveis de R$70,00/@ ), onde algumas industrias alegam não haver nem diferencial de preços para boi certificado em relação ao boi cara-limpa. Portanto a hora é de união e não ficarmos perdendo tempo com o que nada agrega.

  30. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caros

    Jose Fernando Dantas [02/11/2009]
    Fábio Henrique Ferreira [02/11/2009]

    Muito obrigado pelos seus comentários.

    A partir de agora vou deixar de fazer respostas específicas dirigidas a cada um dos comentaristas, muito embora considere importante que cada um continue expressando o que pensa para que todos nós saiamos desta discussão mais informados e mais pluralistas do que quando entramos.

    Vou, sim, abordar apenas temas que ainda não tenham sido tratados em meu artigo, desde que tenham relação estreita com o tema da rastreabilidade.

    A crítica ao “boi de 5 marcas”, baseada em suposta defesa do conforto animal não se sustenta. Afinal, um boi que passe por 5 propriedades ERAS terá, além das 5 marcas, duas perfurações de orelha. Ou o Fabio acredita que cada proprietário de ERAS deixará de apor sua marca de fogo?

  31. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Narciso Jose Ferreira [03/11/2009]

    Muito obrigado pelos seus comentários.

    O perigo que você menciona, de perdermos mercado com a “nova” rastreabilidade, inexiste. Afinal é ela que governa nossas exportações para mais de 80 países fora do âmbito da UE. Só vinte e poucos países deste bloco exigem a identificação individual do boi há coisa de uns 6 anos.

    A história é longa, e pode assim ser resumida: a UE nunca exigiu de nós esta identificação, mas um negociador brasileiro ingênuo lhes ofereceu isso de mão beijada. Agora, compreensivelmente, os europeus se aferram à exigência, porque comercialmente ela nos põe de joelhos.

    Como disse no artigo, meu palpite é que essa demanda européia vai cair à medida que eles vejam o sucesso da nova rastreabilidade, que lhes trará a segurança almejada e, principalmente, amplo suprimento de carne de ótima qualidade a baixo custo.

  32. Eduardo Miori disse:

    Caro companheiro José Roberto Pires Weber

    Com todo o respeito,você não deveria falar do que não conhece,ou seja ,o meu caso particular.
    Quanto à média ,é uma medida de mediocridade.
    Saudações
    Eduardo

  33. Maria Cristina Gontijo Peres valdez Silva disse:

    Só resumo em duas palavras tudo o que foi discutido aqui Humberto: Segurança Alimentar.

    A rastreabilidade não é só um tema ligado aos pecuaristas, mas aos consumidores, ao meio jurídico, e ao comercio exterior, com certeza. Não só os europeus, nossos maiores importadores, mas os próprios brasileiros estão mais interessados em saber de onde vem a sua alimentação. Certificação de origem, segurança, são palavras mais que mencionadas na produção alimentar atual. E felizmente, os produtores brasileiros, bem como os órgaos politicos estão se dando conta disso.

    Parabéns pelo artigo

  34. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Olá Maria Cristina Gontijo Peres Valdez Silva [06/11/2009]

    Muito obrigado pelos seus comentários.

    Com a definição do assunto por lei federal, o consumidor passa a ter a segurança de que existe toda uma trilha legal que liga o abate ao produtor.

    Qualquer dúvida relativa a resíduos e sanidade tem como ser legalmente esclarecida, e os culpados, punidos.

    Com a inspeçao federal no abate, toda esta cadeia passa a ter sua qualidade atestada, e o consumidor tem real garantia de que o alimento é seguro.

    O mais importante disso tudo é o fato de que o processo é inclusivista. Antes só uma “elite” clamava produzir carne “segura”, e isso não era verdade.

  35. Cristiana Ferreira Jardim de Miranda disse:

    O artigo é interessante, porém, a aplicabilidade da rastreabilidade ainda terá de “rastrear” muitos caminhos até ser colocada em vigor, a começar pelo número insuficiente de fiscais.
    Ainda teremos, por muito tempo, abates clandestinos que irão abastecer nosso municípios de pequeno porte – lembrando que estes equivalem a aproximadamente 80% dos municípios do país e que, nestes, a fiscalização municipal é inexistente, não só para a carne, como também a venda de leite in natura, distribuído em tambores transportados em veículos de tração animal é cenário comum no interior.

  36. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Narciso Jose Ferreira [03/11/2009]

    Complementando meus comentários, um resumo interessante dos requisitos de nossos importadores de carne pode ser encontrado em

    “Os Novos Desafios da Cadeia Produtiva da Carne Frente à Crise Econômica”

    http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=11727

  37. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Olá, Cristiana Ferreira Jardim de Miranda [10/11/2009]

    Muito obrigado pelos seus comentários.

    … muitos caminhos até ser colocada em vigor — É verdade, mas imagine se fôssemos resolver o problema impondo o rastreamento via sisbov…

    … número insuficiente de fiscais – Como disse no artigo, prevejo uma “…justa valorização dos serviços dos profissionais estaduais e federais das carreiras ligadas às áreas de fiscalização sanitária”.

    … abates clandestinos que irão abastecer nosso municípios de pequeno porte – Muita coisa mudou nestes 23 anos em que acompanho de perto a pecuária. Em Ribeirão Preto não existe Frigomato há alguns anos. Em muitas pequenas cidades de Goiás (ousaria dizer TODAS as com mais de, digamos, 10.000 habitantes) os abatedouros municipais são uma realidade, fruto econômico inesperado da sanha arrecadatória dos fiscais municipais, que sabem muito bem a taxa de saída de carne de cada açougue da cidade, e o dia de chegada de carne nova. Nestas localidades está se tornando cada vez mais comum encontrar, em distribuidores de bebidas, freezers com carne Friboi, Bertin, Mataboi ou Minerva. A turma do churrasco quer sempre cerveja gelada e carne de boa qualidade, pois todo mundo gosta do que é bom, e o padrão de consumo das classes D e E melhorou significativamente nos anos recentes.

  38. Otavio Cesar Bucci disse:

    É uma pena que no inicio do seculo 21 ainda estejamos discutindo coisa do ano de 1965, pois acredito que muitos ainda nem tinham nascido, mas tem gente que se apega ao passado e nao consegue evoluir mesmo, porque o que se esta discutindo é se vamos permanecer em um sistema arcaico de pecuaria onde bem lembrou o Sr. Jose fernando Dantas, onde se lavava dinheiro, e nao pagava impostos, e os pecuaristas mais lucidos sabem disto, ou se vamos continuar no caminho da modernidade inclusive com responsabilidade social sem sectarismos, pois foi uma opçao dos paises produtores como lembrou o Amigo Jose Ricardo Resende, a certificaçao de origem(rastreabilidade), so é real com identificaçao individual, e volto a afirmar que os adptos do atrazo deram um tiro no pé, pois a “nova” lei vai dar o marco legal que o sisbov precisava – Agora a pergunta que nao quer calar é a seguinte: Se o sisbov é voluntario porque será que incomoda tanto alguns, nimguem é obrigado a fazer, ou será que o que incomoda é ver os vizinhos organizados ganhando a merreca do diferencial enquanto vc chupa a manga, e outra se vc nao foi convidado para o baile que vc nao queria mesmo ir entao porque a chiadeira – Acho que isto é uma discussao para ser travada entre os sujeitos interessados na certificaçao de origem, pois os que sao contra nao fazem controle algun entao nao tem porque participar, simplificar o sisbov é uma necessidade premente mas manter seus ganhos tambem.

  39. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro sr. Otavio Cesar Bucci [11/11/2009]

    Muito obrigado pelos seus comentários.

    Como disse antes, é importante que cada um continue expressando o que pensa para que todos nós saiamos desta discussão mais informados e mais pluralistas do que quando entramos.

    Com exceção das ofensas, que vou relevar, todas as suas alegações foram amplamente refutadas, tanto no corpo do meu artigo como nos comentários posteriores, e assim não tenho motivo para novamente tratar delas uma a uma.

    Meu conselho é que evite posicionar-se como inimigo desta “nova” rastreabilidade, que é viável, inclusivista e sem dor. Que continue atendendo adequadamente aos anseios de seus atuais e futuros clientes, sempre refletindo se as considerações do último parágrafo do meu artigo se aplicam ou não a sua empresa.

    Sua atitude hostil está sendo acompanhada por uma platéia grande, silenciosa e atenta. Advirto novamente que tentativas de sabotagem da confiabilidade de uma indústria que gira mais de uma dezena de bilhões de dólares por ano serão repelidas com energia.

  40. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Agora é lei, recebi hoje do boletim tramitacao@camara.gov.br:

    “PL-03514/2008 – Dispõe sobre o conceito e a aplicação de rastreabilidade na cadeia produtiva das carnes bovina e bubalina.

    Em 24/11/2009 Transformado na Lei Ordinária 12097/2009. DOU 25/11/09 PÁG 02 COL 02.”

    Aleluia!

  41. José Roberto Pires Weber disse:

    Prezado Eduardo Miori:
    Ao ver seu comentário, apressei em reler o meu para examinar o que eu poderia ter escrito para merecer esta sua resposta! Não encontrei nada, nem agressivo, nem mal colocado. Em primeiro lugar, não falei do seu caso particular, nem poderia, pois não tenho o prazer de conhecê-lo. Nem mesmo sei se estás ou não na Lista Traces. Em realidade, fiz um comentário de ordem geral, que reafirmo e ratifico: quem não consegue entrar na relação de exportadores de carne bovina para a UE, tem o hábito de tentar desqualificar o sistema ou querer ingenuamente simplificá-lo! Em suma, nivelar por baixo! É um típico caso da fábula “A raposa e as uvas”. Sequer cogita da possibilidade de melhorar seus controles e gestão para chegar lá, o que nem é tão difícil assim! Espero que não seja seu caso.
    Por outro lado, ao referir-me à “média”, estava apenas dizendo que uma lei de aplicação nacional tem que atender à média das condições oferecidas no país. Não estava defendendo que o médio é o bom, embora os antigos dissessem que “in medium virtus”. Aliás, nunca aceitei o médio como meta e sempre estive na ponta de cima!
    Com a cordialidade possível,
    José Roberto Pires Weber

  42. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Olá Roberto Trigo Pires de Mesquita [27/11/2009],

    Muito obrigado pela atenção e pelas gentis comentários.

    Um grande abraço

  43. Mario Ribeiro Paes Leme disse:

    Confirmo tudo dito anteriormente,os pros e os contras e onde vou parar Eu e meus companheiros de luta na fiscalizacao, já que estamos numa greve onde ganhamos pouco para muito servico,e agora, mais uma fiscalizacao ,fiscalizando quem nao quer fazer rastreabilidade e muito menos ser fiscalizado?

  44. Mario Ribeiro Paes Leme disse:

    Hoje,mais um dia de luta pela classe. Onde vamos conseguir entrar neste contexto de trabalhar e recebermos ä altura de nosso merecimento por todo servico prestado durante décadas e até agora nada mais somos que um monte de profissionais quase nada valendo. Tudo por um Estado com seus produtores melhores renumerados e com uma manutençao de risco quase ZERO para febre aftosa, após tanta luta . Que adianta uma propriedade rastreada,na lista TRACER,se nao temos nenhuma vigilancia.

  45. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Caro Humberto de Freitas Tavares,

    Obrigado pela consideração.

    Concordo que até agora o tema rastreabilidade tenha sido tratado de forma bastante passional e que para avançarmos é importante sabermos ouvir uns aos outros.

    Nos pecuaristas e os demais elos da cadeia produtiva temos todos um interesse comum que é divulgar a qualidade e segurança de nosso produto. A rastreabilidade é apenas uma ferramenta de apoio para um conjunto de ações publicas e privadas que garantem a segurança da carne para o consumidor.

    Por isto vejo como positiva a nova lei; por construir um maior controle sobre toda a movimentação do rebanho bovino e assim oferecer mais segurança para o consumidor.

    Porém a emissão de NF, GTA e marca a ferro nos animais já são obrigações do produtor regradas em leis específicas e antigas. O que esta nova lei introduz de novidade é simplesmente a obrigação de amarração e registro etronicos destes dados pelo governo, estipulando um prazo de dois anos para sua implantação. E como qualquer nova obrigação exige sim esforço e investimento, publico e/ou privado, maiores ou menosres, para ser atendida.

    Só que se vejo a nova lei como um aumento bem vindo no rigor do controle do rebanho brasileiro em geral, importante para melhorar nossa imagem como principal exportador mundial de carne, também vejo que é um abrandamento dos controles atualmente exigidos pela UE e pela máxima do aumento das exigências com o tempo sinceramente não acredito. ao contrário de você, que a UE vá aceitar este novo modelo em substituição ao atual SISBOV.

    Mas isto não é um problema porque teremos um modelo mais brando e obrigatório e um mais rigiroso e voluntário voltado para atender um nicho de mercado convivendo, como permite a nova lei.

    A verdade é que compradores que pagam mais podem exigir mais. E em um modelo de rastreabilidade voluntário eu como produtor posso decidir livremente se quero ou não atender a este nicho de mercado.

    Por isto enquanto houver um diferencial de preços que considere satisfatório, não entro em polemica de agio ou deságio, continuarei rastreando individualmente meus animais.

    Qual o diferencial satisfatório? Depende muito da realidade de cada um.

    Na verdade rastreio individualmente inclusive rebanhos de nossas propriedades de cria que não tem seus animais exportados e portanto não trazem qualquer beneficio econômico direto simplesmente pelo maior controle gerencial que isto permite.

    Att,

  46. Fernanda Carolina Ferreira disse:

    Prezado Humberto e demais comentaristas,

    Gostaria de parabenizá-los pelo artigo e comentários, respectivamente. Além disso, gostaria de trazer a luz da reflexão alguns pontos que considero fundamentais no que diz respeito ao assunto “alimento seguro” e “carne de qualidade”.

    No meu ponto de vista, o conceito de qualidade é muito amplo. O que é artigo de qualidade para mim, pode não ser para outros. Entretanto, em se tratando de alimento seguro, o conceito pode ser simplificadamente definido como alimento que não oferece risco a saúde de quem o consome, e se ampliarmos o conceito para a a saúde animal, alimento que não oferece risco a saúde dos animais que o consomem.

    Ao afirmarmos que a nossa carne é de qualidade (e acredito que, em linhas gerais, todos concordamos com isso), atestamos características objetivas a mesma, ou seja, um produto que oferece características de aparência, sabor, textura que agradam aos nossos sentidos, tenhamos nós diferentes concepções ou sejamos de diferentes classes sociais. Como disse o autor, “…a turma do churrasco quer sempre cerveja gelada e carne de boa qualidade, pois todo mundo gosta do que é bom, e o padrão de consumo das classes D e E melhorou significativamente nos anos recentes”. Entretanto, a qualidade subjetiva, ou seja, aquela percebida pelo consumidor (e que varia de pessoa para pessoa, de mercado para mercado, de cultura para cultura) é a que buscamos quando falamos de certificações e rastreabilidade. Esse aspecto sim, é um diferencial em se tratando de remuneração, de conquista de novos mercados, de argumentos para superar barreiras comerciais.

    O sistema que temos no Brasil, ainda vigente pela IN 17 e por várias alterações a estas feitas por meio de Instruções Normativas, e mesmo com a nova proposta, não se trata de rastreabilidade. Trata-se de certificação, cujo foco principal, como sabemos, é atestar a qualidade sanitária dos nossos produtos.

    Rastreabilidade é um conceito amplo, que visa, segundo Jank (2003), identificar passo a passo o caminho percorrido pelo animal, pela sua carne e por seus produtos, desde o momento do nascimento do animal até o consumo pelo consumidor final. Visaria responder, assim, perguntas do tipo: “que alimento foi consumido por este animal” ou “quais as medicações que foram aplicadas no animal que deu origem a carne que foi utilizada para a fabricação dessa linguiça – alguma oferece potencial risco á saúde”, e ainda perguntas como “o animal é proveniente de área livre de febre aftosa”?

    Para responder essas e qualquer outra pergunta que qualquer pessoa ou mercado possa vir a fazer a respeito do animal e seus produtos, seriam sim necessários investimentos, especialmente em tecnologia da informação (item inclusive focado atualmente pelo MAPA), e um outro mais “filosófico” e “utópico”, que envolve a mudança da cultura de alguns elos, ou melhor dizendo, de alguns atores dos elos da cadeia produtiva de carne (e de tudo!) desse país – o entendimento de que é possível produzir com qualidade, utilizar os dados obtidos para gerenciar oportunidades e crescer.

    Em relação a pergunta muito escutada “quem vai pagar a conta?”, defendo que qualquer empresa, independente do ramo em que a mesma se encontra, precisa gerenciar para crescer e se sustentar ao longo dos anos dentro do mercado, entre crises e períodos lucrativos. Gestão necessariamente envolve medição, afinal, o que não se mede não se gerencia. Medições e controles, registros, envolvem, num primeiro momento, mudança de cultura e, por que não, alguns investimentos. Rastreabilidade tem que ser vista além do fato de brincar animais, tem que ser vista como ferramenta de gestão, melhora na monitoria do rebanho, no controle dos animais, no resultado (correto) de cruzamentos, no desempenho da atividade. O retorno da gestão profissional paga a conta, mas por tratar-se de algo difícil de medir e ainda engatinhando no sistema como um todo, muitas vezes passa despercebido pelo produtor.

    Para rastrear efetivamente é necessário brincar os animais individualmente, emitir um “passaporte” para esse animal (como o modelo adotado pela França, referência de rastreabilidade no mundo), e nesse passaporte constar todas as características desse animal, suas movimentações (seja para feiras, elilões, fazendas, etc). E nas fazendas ou qualquer outro local que este animal tenha passado tem que haver um sistema de registro de matérisprimas, tratamentos, etc., o que, realmente, não existe. Ou seja, leitores, rastreabilidade efetiva não existe, nem aqui e em nenhum país do mundo, para a cadeia de produção de carne bovina. Se considerarmos a cadeia produtiva de frangos, por ex., veremos que rastreabilidade é algo inerente a esta cadeia, ou seja, é possível, com um mínimo de estrutura, rastrear a origem do frango que se consome e aspectos relativos a medicações, alimentos, etc.. Entretanto, isso deve-se, sob meu ponto de vista, a estruturação da cadeia e dos elos que a compõem.

    Considerando os aspectos acima, concluo que o Brasil tem, considerando seu sistema de produção e suas dimensões, desafios pela frente no que diz respeito a produção de carne bovina. E certificá-la não é o maior desafio, daí a adequação do SISBOV com a nova proposta, que acredito ser mais adequada a nossa realidade. É inclusiva, reduziu-se os custos para sua implementação, dá a informação que precisamos – sanitária e propriedade de origem.

    Com a nova porposta em vigor, consumidores estarao aptos a comprar nossos produtos avaliando se as propriedades que o originaram respeitam o meio ambiente, se tais animais provem de areas livres de doencas, se o frigorifico responsavel por sua comercializacao tem sistemas de gestao da qualidade e seguranca do alimento implementados e em funcionamento, se as condicoes de trabalho dos colaboradores nao se assemelham as de escravos. Para muitos mercados isso e mais do que suficiente, pois a percepcao de qualidade subjetiva dos mesmos satifaz-se com tais informacoes e caracteristicas do produto. Para outros, teremos uma minoria de produtores e frigorificos dispostos a atende-los com informacoes mais completas, e assim receberao por isso.

    Para o futuro, penso que estamos em evolucao. Cada vez mais os governos tendem a estabelecer normas e regras para os produtos de seu pais, pois isso da forca na negociacao e reconhecimento internacional. As oportunidades – temos espaco para aumento de producao e de produtividade, ou seja, oportunidades para reducao do nosso custo, que e um dos mais competitivos do mundo. Temos espaco para melhoria no sistema de qualidade, na gestao das propriedades, na certificacao dos nossos produtos. Todos os estudos mostram aumento do consumo de proteina animal pelo mundo e perspectivas colocam o Brasil ainda a frente como o mais importante player do mercado de carnes. As ameacas – outros paises emergentes produzirem bem como o Brasil, com custos competitivos, e com qualidade. Afinal, o comprador, seja ele quem for, quer preco e qualidade.

  47. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Olá Fernanda,

    Agradeço pelos comentários, vindos obviamente de alguém que ama e acredita no que faz.

    Eu também sou assim, e lamento não poder dar-lhe no momento uma resposta mais extensa. Vou me ater a três pontos.

    a) Você afirma que “O sistema que temos no Brasil, ainda vigente pela IN 17 e por várias alterações a estas feitas por meio de Instruções Normativas, e mesmo com a nova proposta, não se trata de rastreabilidade. Trata-se de certificação, cujo foco principal, como sabemos, é atestar a qualidade sanitária dos nossos produtos”. Sua crença está em desacordo com o texto da cartilha do “novo SISBOV”, publicada em 2006 por pelo MAPA em colaboração com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) e com a Associação das Empresas de Certificação e Rastreabilidade Agropecuária (ACERTA). A ABIEC, nos tempos anteriores ao Otavio Cançado, e a CNA, foram grandes apoiadoras do lamentável SISBOV. O texto deles é o seguinte: “O que é SISBOV? É o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos. Tem como objetivo o controle e rastreabilidade do processo produtivo no âmbito das propriedades rurais de bovinos e bubalinos.” Sua tese, portanto, não coincide com a deles.

    b) Discordo frontalmente de sua afirmação de que “Para rastrear efetivamente é necessário brincar os animais individualmente” e espero ter mostrado meu ponto de vista no artigo. O Congresso Nacional também discorda, já que promulgou uma lei a respeito.

    c) Discordo também de que para gerenciar gado de corte seria preciso identificar individualmente cada res. Não é assim na prática das fazendas que adotam a filosofia do KISS. Gado para genética, gado que vale mais do que pesa, é outra coisa. Neste caso sim, a identificação individual é fundamental.

    Atenciosamente,

    Humberto Tavares

  48. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro Roberto Trigo Pires de Mesquita,

    Concordo com suas críticas ao “sistema burocrático” e “sem nenhuma funcionalidade a nível de fazenda”. Mas nem por isso ele deixa de servir para rastrear. Tolamente, nada acrescentando (exceto complicações) ao rastreamento com marca da fazenda, SIF no abate, GTA, nota fiscal.

    Em que o SISBOV diferiria deste rastreamento simples e efetivo, por exemplo no caso atual de condenação de carne enlatada nos EUA, com supostos resíduos de Ivermectina? Tanto um quanto outro vão permitir chegar às fazendas que originaram o abate do dia que gerou o lote de carne exportada, e nada mais. O restante do trabalho de detetive vai ser feito por fiscais do MAPA, que visitarão estas propriedades.