Após o encerramento da parceria entre a ASPRANOR (Associação Brasileira dos Produtores de Animais Orgânicos) e o frigorífico Marfrig, foi realizado do dia 20 de setembro, segunda-feira, o primeiro abate de bovinos com certificação orgânica pela nova parceria formada entre a ASPRANOR e o frigorífico Friboi, unidade de Cuiabá.
Foi realizado um acordo de exclusividade entre a associação dos produtores de orgânicos e o Friboi. O frigorífico se responsabiliza em só abater animais com certificado orgânico pertencentes a produtores da ASPRANOR, e a ASPRANOR se compromete a só abater seus animais em unidades do Friboi.
Atualmente, os produtores estão recebendo pela “arroba orgânica”, um ágio de 7% sobre o índice Esalq cotado no Mato Grosso. As fêmeas que apresentarem carcaças pesando acima de 180 Kg também serão premiadas em 7% sobre o valor da arroba do macho. As cotações para carcaças mais leves estavam sendo decididas ontem, 29 de setembro.
Segundo o presidente da ASPRANOR, Henrique Balbino, este valor foi estipulado em função da queda da produtividade dos animais, limitada pela alimentação, que deve seguir o protocolo orgânico, que restringe a adição de alguns ingredientes. “Os animais levam 7 meses a mais para ficarem prontos para o abate. Fizemos as contas de perda de rentabilidade e chegamos a 1% ao mês, por isso os 7%”, explica Balbino.
No momento a ASPRANOR está pagando o preço do pioneirismo, que será recompensado mais para frente. “O Friboi está recebendo 25% a mais no mercado externo, mas não está podendo ainda dividir este acréscimo com a ASPRANOR. Apenas 5 cortes têm sido exportados. São clientes franceses que abriram o mercado para nós. Todo o dianteiro e os outros cortes são tratados sem diferencial. Só conseguiremos este ágio quando conseguirmos exportar o boi inteiro”, relata.
A parceira com o Friboi é um “livro aberto”, diz o presidente da ASPRANOR. “Todos os lucros adicionais serão divididos entre a associação e o frigorífico, na mesma proporção”.
No momento a associação está dando preferência ao cliente francês, apesar de outros grupos já terem manifestado interesse. Este comprador ajudou na legalização, regulamentação e no ajuste na certificação dos produtos na Europa, que divergiam das brasileiras, abrindo as portas européias ao produto nacional.
Segundo Henrique Balbino, a BioFach (feira de produtos orgânicos realizada no Rio de Janeiro) foi um “sucesso fantástico”. “Um grupo americano garantiu compra de 100% da produção quando a barreira contra a carne in natura brasileira for retirada pelos Estados Unidos. Paramos a feira no último dia quando começamos a servir nossa carne”, relata Balbino.
Atualmente existem quatro propriedades produzindo boi orgânico no Brasil, e três delas são filiadas a ASPRANOR. São as fazendas São Marcelo, Vale Formoso e Franciosi Agropecuária. Todas situadas no município de Tangará da Serra, MT. Estas três fazendas têm uma produção anual estimada em 20.000 animais para o abate.
O órgão responsável pela certificação orgânica das propriedades é o IBD (Instituto Biodinâmico), entidade sediada em Botucatu, SP. O IBD segue as normas internacionais de certificação e é reconhecido mundialmente.
Segundo Henrique Balbino, os planos da associação são a elevação da exportação de carne orgânica e o aumento do número de produtores na ASPRANOR.
Para abrir o leque internacional, a ASPRANOR fechou uma parceira com a ONG (Organização Não Governamental) WWF, instituição mundialmente conhecida pelo trabalho de conservação da natureza.
No mercado interno, uma linha de novos produtos está chegando às gôndolas de supermercados. Além de cortes cárneos, serão lançados hambúrguer, carne moída, almôndega, e uma linha de miúdos, que é a maior novidade.
A intenção é atingir as grandes redes varejistas, fazendo um trabalho de corpo-a-corpo com os clientes dentro dos supermercados. “Teremos uma equipe de frente. Meninas treinadas irão esclarecer os clientes a respeito do produto orgânico. Iremos usar banners e sinalizações”, conta Balbino. Segundo Balbino é preciso “criar uma imagem institucional”, para melhorar o acesso aos mercados.
Outra dificuldade a ser suplantada é a oferta de animais a entrar neste mercado. “A certificação de uma propriedade demora dois anos. Precisamos de mais produtores para garantir o abastecimento dos supermercados, mas também temos que garantir demanda quando os novos produtores entrarem no mercado. Temos que tomar cuidado ao abrir o leque, tudo tem que ser bem calibrado”.
O mercado de orgânicos, segundo Balbino, responde por 1% do mercado mundial de alimentos. Dentro deste 1%, 60% são representados por frutas, verduras e legumes, 39% respondem por grãos, óleos e farináceos, e para todo o resto sobra o 1% restante, que engloba toda a proteína animal, cachaça e muitos outros produtos.
Em fase final de implantação estão: suínos no Mato Grosso, vitelo no Pantanal, MS e frango em Goiás.
O telefone para contato com a Aspranor é (65) 326-3059.
Fonte: Equipe BeefPoint