A carne agora tem grife. A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil criou um programa que concede selo de qualidade à carne que cumprir as exigências. O produto, já embalado, está em exposição no estande da entidade na Feicorte.
Segundo André Luis Locateli, responsável pelo planejamento da associação, o projeto começou em 1999, quando Carlos Viacava assumiu a presidência da associação. Ele explica que o objetivo do selo é promover a raça, que representa 80% do rebanho brasileiro. “A forma que se tinha para promover a raça eram os leilões, as exposições e os julgamentos raciais”, afirma Locateli.
O problema é que esses métodos eram restritos ao gado de elite, não atingiam o boi que ia para o mercado. “Passamos então a trabalhar com o animal de mercado, que vai virar bife”.
Há pouco mais de dois anos, associação tinha 350 associados. Hoje, são 1.200. Ainda assim, Locateli diz que esse é um número bastante pequeno. “Temos atuação efetiva em três Estados: Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”. Com a ampliação da sua área de atuação, a entidade começou a desenvolver um trabalho para colocar no mercado a carne com a marca Nelore Natural. Locateli diz que o objetivo do programa não é “inventar a roda”: “Nosso lema é a simplicidade. Nossa casa é simples, mas é limpinha.”
Com isso, ele quer dizer que o objetivo do programa é apenas selecionar o que existe de melhor no mercado. Para aderir ao programa de qualidade, o criador tem que cumprir algumas exigências. Primeiro, tem que ser associado e, obviamente, o gado tem que ser nelore. Além disso, o gado tem que ser alimentado a pasto, receber uma suplementação mineral adequada e seguir o calendário oficial de vacinação.
Segundo ele, o governo exige apenas que o gado siga o calendário de vacinação e não consuma comida à base de animais. “Nosso diferencial é que temos um acompanhamento garantindo que o animal foi criado desse jeito”, diz.
Em Rondônia, o programa começou com 19 criadores cadastrados. Hoje, são 297 pecuaristas. “Já foram 135 mil animais abatidos nesse processo”, informa. A rede de varejo que vende o produto também tem que ser credenciada, para que seja possível fazer um controle sanitário.
A desvantagem fica por conta do preço. Locateli esclarece que a associação não tem nenhuma relação com aspectos comerciais. “O que temos observado é que a carne com selo de qualidade é cerca de 5% mais cara do que uma carne boa sem selo”.
Fonte: Folha de S.Paulo, adaptado por Equipe BeefPoint