A cadeia da carne vem passando por uma mudança rápida e muito forte, puxada pela consolidação dos frigoríficos e o poder de barganha do pecuarista diminuiu muito. Uma das soluções mais comentadas dos últimos anos é a criação de associações, cooperativas, entidades que reúnam os pecuaristas, facilitando compra, venda, gestão e representatividade setorial. O título do artigo é uma provocação para buscarmos melhorar nosso entendimento sobre o assunto. Porque existem poucas associações de pecuaristas?
A cadeia da carne vem passando por uma mudança rápida e muito forte, puxada pela consolidação dos frigoríficos. O JBS faturava, em 1996, US$ 300 milhões. Em 2008, consolidando todas as empresas, o faturamento foi de US$ 28,7 bilhões. O poder de barganha do pecuarista diminuiu muito. Proporcionalmente ao faturamento, o pecuarista que vendia 1.000 bois/ano para o JBS, agora precisaria vender 95.600 bois/ano para ter o mesmo poder de barganha.
Essa conta é apenas uma forma de visualizar, que em pouco mais de 10 anos, a empresa multiplicou seu tamanho em quase 100 vezes, mudando radicalmente sua dependência em relação a cada fornecedor individualmente. O pecuarista que era grande, agora é pequeno. O jogo de forças mudou muito, em pouco tempo. Entender, encarar a realidade e estudar o que pode ser feito é fundamental para que o negócio produção de gado de corte seja rentável hoje e no longo prazo.
Uma das soluções mais comentadas dos últimos anos é a criação de associações, cooperativas, entidades que reúnam os pecuaristas, facilitando compra, venda, gestão e representatividade setorial. O título do artigo é uma provocação para buscarmos melhorar nosso entendimento sobre o assunto.
Porque existem poucas associações de pecuaristas? Um dos motivos possíveis é a cultura, tradição da pecuária. A atividade, que se originou há centenas de anos do pastoreio, sempre foi solitária. Para ter sucesso, o pastor (ou pecuarista), por muitos e muitos anos precisava ser muito bom em atividades solitárias. Ter um bom relacionamento com seus pares não era fundamental para o sucesso da atividade. Era preciso suportar longas distâncias, enfrentar as dificuldades do “sertão”. Não havia quase nenhuma atividade em que a atuação em grupo era muito relevante para “dar certo” ou não. Malcom Gladwell, autor do livro Outliers, (Fora de Série em português), comenta como essas diferenças culturais podem afetar uma região ou setor por muitas e muitas décadas.
O desafio agora é que a cultura e tradição mudam devagar, mas a realidade mudou rápido. Será possível mudar a cultura de forma mais acelerada? Dois fatores podem ajudar a adiantar esse processo, além da necessidade, visível para cada vez mais gente. A primeira é a entrada de pessoas mais jovens, a nova geração. Isso sempre acontece, mas a diferença agora é a experiência em outros setores da economia. Um filho de pecuarista que já trabalhou em outros setores pode trazer ideias e conceitos para a cadeia da carne que funcionam em outras áreas. Outro fator, é a entrada de novos atores no negócio pecuária. Mesmo com a crise mundial, o movimento de investidores de fora do agronegócio continua e deve continuar como uma forte tendência nos próximos anos. Gente de fora e gente jovem do setor, com uma visão de fora, podem ajudar a aumentar o interesse pelo associativismo.
Os exemplos de associativismo são crescentes. Os pequenos e médios frigoríficos se uniram a empresas do mesmo porte de outros setores para atuarem em conjunto e se defenderem contra imposições do grande varejo. Diversas entidades buscam reunir pecuaristas atualmente no Brasil. Podemos citar a Assocon, Conexão Delta G, ACNB, Associação de Criadores de Angus. Todas buscando agregar valor para o pecuarista, de diversas formas.
O resultado de uma associação pode ser comprar melhor, comprar com mais serviços, vender melhor. Pode ser a criação de uma marca de carne, visando agregar valor e premiar o pecuarista que produz qualidade, produz uma determinada raça ou num sistema de produção específico. Outra forma que a associação pode ajudar é representando seus associados, fazendo lobby. Nos EUA, por exemplo, a atuação do JBS tem sido muito mais enfrentada do que no Brasil, por associações de produtores como a R-Calf, famosa por sua combatividade.
Cada associação tem seu tema central, a “liga” que une os associados. Essa “cola” pode ser uma raça, uma região, um sistema de produção. É importante que exista esse fator em comum, para criar mais integração e facilitar. A Conexão Delta G afirmou no Workshop Pecuária de Cria, organizado pelo BeefPoint em 22/outubro, que sua liga é a avaliação genética. Outras entidades têm diferentes pontos de união. A mais tradicional é a raça. Em muitos momentos, grandes desafios pontuais, fizeram com que pecuaristas se unissem. Na década de 80, a atuação da UDR foi muito mais intensa do que atualmente, visando influenciar mudanças na legislação da reforma agrária.
Outro desafio e questionamento constante é se essas associações devem cobrar pouco ou muito para quem deseja se associar. Muitos falam que devem cobrar o mínimo, para atrair mais e mais associados. Eu discordo. Acredito que as associações devem avaliar quais os serviços mais agregam, mais geram resultados líquidos para o associado. A melhor entidade será a que consegue entregar um “pacote” mais completo de serviços, que melhoram o resultado da fazenda. Provavelmente terá um alto custo, mas trará resultados líquidos superiores. A Assocon por exemplo está desenvolvendo “escolas de peões confinadores”, onde você poderá enviar seu vaqueiro para receber um treinamento completo sobre as especificidades de se trabalhar num confinamento. Está criando um serviço que vai ajudar o associado a transformar seu funcionário que é especialista na lida do gado a pasto, em especialista na lida do confinamento. Um serviço muito interessante, mas que deve custar.
Um dos grandes desafios de uma associação de pecuaristas, como a de qualquer associação é gerar valor real para os associados. Para que isso aconteça realmente, com custos factíveis, é preciso que se adote regras de governança, com contratação criteriosa de técnicos e executivos, sem favorecimentos e apadrinhamentos. É preciso que exista uma completa demonstração de resultados, receitas e despesas. É preciso transparência das ações. Isso é bastante difícil de se implementar. Muitas empresas brasileiras não têm isso funcionando, muito menos associações. Mas a governança é um dos fatores mais comuns entre empresas de grande sucesso no longo prazo. Se você está buscando se filiar a uma associação, ou mesmo pensando em criar uma, esse é provavelmente o fator mais crítico para seu sucesso.
Um exemplo recente que demonstra uma mudança interessante no padrão de comportamento e atitude do pecuarista é o processo de recuperação judicial do frigorífico Independência. A última proposta da empresa, de pagar todos os fornecedores que têm crédito de até R$100 mil, que atende mais de 80% dos pecuaristas, foi rejeitada. Uma demonstração de que mais de 80% preferiu agir em prol do bem comum da classe, do que em benefício próprio imediato. Surpreendente para muitos. Uma demonstração das possibilidades e oportunidades daqui em diante.
Se você conhece outras entidades, associações e cooperativas de produtores de pecuária de corte, gostaria de receber seu contato. Temos interesse de divulgar e conhecer esses trabalhos, no Brasil a fora. Comente, dando sua opinião sobre os desafios para que associações de produtores tenham sucesso. Ou ainda, os motivos pelos quais você não participa ativamente de nenhuma.
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Tenho conhecimento que foi criada em Goias, a APROVA, Associação dos Produtores do Vale do Araguaia.
Como não tem tido divulgação, não sei como está esta Asociação. Seria interessante a Beef Point pesquisar e divulgar.
Conheço a APROVA, no vale do Araguaia, com sede em Britânia (GO).
A associação é fruto de um trabalho antigo de congregação de pecuaristas feito pelo Wagner Marchesi, depois continuado pelo Marcelo Marcondes, duas lideranças fortes, desinteressadas e carismáticas.
Novas Associações, creio eu, poderão ter como modelo as D.O.C. (denominações de origem controlada) tão usadas na Europa para vinhos, queijos e outras iguarias.
O gado do vale do Araguaia pode ter como apelo a criação e acabamento a pasto, sem uso de mosquicidas e bernicidas. Outra regiões podem ter suas características, história, tradição como “gancho”. Penso no Pantanal, Barretos, Araçatuba, Guarapuava, Uberaba, Prata.
O apelo ecológico e social, do gado produzido sem agressão ao meio ambiente e de maneira socialmente justa e com respeito aos animais tende a se tornar muito importante também.
Miguel, o melhor caminho é buscar representatividade junto aos sindicatos. Sindicato forte, federação forte e confederação forte.
Procure entender a historia sindical do Brasil. Acredito que estão bem estruturados. Sou presidente de sindicato patronal da industria de alimentação. Temos conseguido muita coisa, bem como, isenção de impostos estaduais e federais, treinamento de mão de obra, participação em feiras, seminários, etc. Tenho acompanhado os movimentos feitos pela senadora Katia Abreu, presidente da CNA, ela tem feito um brilhante trabalho em defesa da classe rural brasileira.
Estou a sua disposição.
um abraço
Caro Miguel,
Sou associado da ABCZ, que creio dispense apresentações e se insere na categoria de associações de raça de maneira impar, com a principal função de gerenciar o registro genealógico e divulgação da raça.
Sou também associado da Delta G, que vem desenvolvendo um trabalho de melhoramente genético sólido e promissor.
Acredito que em sua área de atuação a ASSOCON venha desempenhando um papel de destaque.
São associações focadas e por isto com mais facilidade do mostrarem o custo / benefício aos associados.
Mas sinto falta de um trabalho de lobby mais profissional pela defesa dos interesse gerais dos pecuaristas, especialmente os novos desafios que se impõe (sustentabilidade ambiental, social, bem estar, etc).
Sou associado também da ABC (http://www.abccriadores.com.br), associação fundada em 1926 e, que ao meu ver, como a SRB, outra associação com larga historia, vem encampando a defesa dos interesses mais gerais, mas não por isto menos importantes, dos pecuaristas.
Só que este tipo de atuação gera mais dificuldade de mensuração dos reais benefícios aos associados, o que tem levado a uma adesão baixa dos produtores.
Mas um trabalho de lobby mais profissional demanda recursos e profissionais altamente qualificados e dedicados ao projeto. que são incompatíveis de serem custedaos por um pequeno numero de produtores.
Temos que encontrar um caminho para superar o impasse cultural que nos impede de termos um representação proporcional ao peso economico de nossa atividade. Talvez algum tipo de atuação conjunta das entidades já existentes, que viabilize os recursos e poder político necessários ao desafio que se impõe. Precisamos ao menos de espaço do contraditório em situações como o episódio recente envolvendo a atuação do Greenpeace no Pará.
Att,
Parabens pelo artigo Miguel.Voce tem toda razão, infelizmente não é só o pecuarista, mas sim o produtor Brasileiro de um modo geral não aceita a idea de cooperativa ou associação,
Voce se lembra daquela reunião que fizemos em Goiania onde tentamos criar atraves da FAEG uma central fde vendas de bois gordo? Pois é, nos 5 primeiros dias foi uma maravilha, mas depois nem te conto.Mas voce tem razão, não é possivel o pecuarista não acordar e ver que esta é a unica maneira dele competir, caso contrario o envernista esta fadado ou a acabar ou virar integrado das grandes industrias. Falei em varias palestras que fiz, que o futuro do pecuarista sera o de produzir bezerro ou recriar para vender para as industrias colocarem em seus confinamentos.Parabens Antenor Nogueira
Creio que o grande entrave para a eficiencia das associações está na grande quantidade de pecuarista que deveriam se associar quase que simultaneamente.
O efeito de uma associação na pecuária só teria efeito, diante da grandeza dos frigoríficos, se o número de fornecedores para cada frigorífico fosse, reduzido através das associações, a no máximo 50.
Se o comprador tiver 3 ou 4 fornecedores grandes (associações) e mais de 500 pequenos (alguns nem tão pequenos), ainda o que vai valer é a lei da oferta. Facilmente se substitui um grande por muitos pequenos.
Não sei se isso pode mudar. A agricultura que há muito mais tempo está sujeita a concentração de empresas ainda não tem um sistema de associação que possa negociar preços.
O que seria eficiente seriam as associações que representem a classe diante do governo, buscando benefícios para o setor. Mas isso já existe, embora não seja uma associação em que os associados entrem por que querem, o que por si só já é um fator que limita sua eficiencia.
Mas, se existe um sistema de associações que funcione, ela deveria ser de representação da classe, através de adesão voluntária e ampla, pagando-se por isso evidentemente.
Uma boa ideia,amparada pela oportunidade e sustentada pela necessidade.
Na decada de 30, os pecuaristas do RS, se uniram e fundaram diversas cooperativas
para o abate de bovinos. Naquela epoca, o RS tinha quatro grandes grupos internacionais,
Swift, Armour, Anglo e Wilson, que os pecuaristas consideravam que detinham o monopolio da carne. Dai veio o descontentamento, desconfiança e incertezas que o preço que recebiam era o justo e merecido. As Cooperativas tiveram periodos de grande prestigio e sucesso para enfrentar os quatro poderosos da epoca.
A historia se repete e os pecuaristas deveriam repensar, a luz da realidade atual, que rumo tomarem.
Sem dúvida nenhuma, temos a nescessidade de termos uma associação de cooperatismo para nossos interresses de produção tais como comércio da carne,cobrança de impostos e etc. Sabemos também que terá de haver uma concientização dos pecuaristas deste cooperativismo,porque os grandes produtores substimam os pequenos,achando que seus abates em grande quantidade,devem ser privelegiados em relação aos demais, esquesendo-se que os pequenos detem um rebanho sustentavel anualmente para fortalecer esta briga com os frigoríficos. Temos que olhar todos em uma só direção,proteger nossa mercadoria, que é a materia prima que os frigorificos prescisam.
Seria como uma bolsa de vendas, divididas em regiões, onde a classe negociaria, atraves desta cooperativa os valores do nossos produtos.
Miguel, achamos que além de ser uma boa idéia, é uma necessidade e pode gerar muitas oportunidades.
Infelizmente hoje o pecuarista está mais focado no custo do que na receita, então tudo que se coloca, primeiro analisa o custo, e, na maioria das vezes fica por ai mesmo.
Elaboramos um projeto de cooperativa, de rede, onde estamos criando um parceiro em cada município no MS para trabalharmos com o comércio de gado de corte e reprodução, que diminui o custo e amplia a oportunidade de fazer negócios. Acreditamos que cooperar é a melhor opção.
Miguel, estamos trabalhando com uma associação de produtores de angus. Como você disse a tradição e cultura realmente são difíceis de mudar. E como podemos ver, no mundo globalizado, não há lugar para tradições. A não ser que elas se viabilizem financeiramente.
Prezado Miguel
Fundamos ha 04 anos em Londrina a ANPBC-Associação Nacional dos Produtores de Bovino de Corte.
Estamos num trabalho de ampliação da área de atuação desta entidade.
Gostaria que voce consultasse o nosso site para poder verificar o trabalho que estamos desenvolvendo.
O que mais precisamos é dar maior visibilidade as nossas ações.
Temos como parceiro o Canal Rural e outros que estão dando muito apoio aos nossos desafios e propostas.
Atualmente estou como Presidente.
Estamos à sua disposição para desenvolver essas idéias que voce propõe.
Nosso site é http://www.anpbc.org.br
Atenciosamente
José Antonio Fontes
Excelente artigo.Toca no ponto fundamental de qualquer associaçã£o que é a “TRANSPARENCIA E GESTÃ?O PROFISSIONAL ” Parabens pelo artigo
parabens pelo tema abordado , e uma situacao que precisa ser bastante discutida e dessa maneira ,que voces abordaram o assunto ,mostra a fragilidade que se encontra o nosso setor diante dessa questao os gdes,medios e pequenos pecuaristas diante desse gigante que se transformou o grupo jbs , ficam com o mesmo poder de negociacao temos que aprender com eles a nos organizarem e buscar no mercado , juntos ,com quem tem experiencia nos demais setores da cadeia produtiva da carne para que possamos juntos achar uma solucao antes que seja tarde. se nao a nossa atividade vai se tranformar num sistema de integracao sem remuneracao ,acontecendo mais uma ves a descapitalizacao que ja se encontra o setor com essa economia torta ,
Olá a todos pecuaristas, o que venho pregando aos meus colegas de que não existe
outra forma de fazer pressão, se não se unirmos pois a cadeia de produção de alimentos é a mais forte do que todas as outras juntas,pois unica coisa que não ficamos sem é o alimento e a água o resto da se um jeito mas a comida não,e não adianta nada eu parar de produzir carne,milho,feijão pois sozinho não tenho força e representatividade, agora se todos do Brasil pararem garanto que poderemos ditar nossas regras como de margen de lucro,leis ambientais,politica de comercialização,etc…pois é a unica cadeia que vende pelo preço que os compradores dão é a nossa tendo lucro ou não.Vamos se unir cada vez mais para podermos ter força.Sou presidente da associação dos pecuaristas do vale do iguaçu fundada em
14/02/1985
Caro Miguel,
Aqui no ES, temos o exemplo que durante meses o preço da @ pago pelos frigoríficos, manteve-se bem abaixo daquele praticado nas regiões vizinhas, como RJ, MG e sul da BA. Não fosse a união e firmeza dos produtores, tendo à frente a orientação da ACCN (Ass. Capixaba de Criadores de Nelore) limitando a entrega isolada dos lotes para assegurar um aumento nos preços, a situação estaria mantida até hoje, com sérias consequências para a classe produtora. Neste episódio, ocorrido há cerca de 1 ano, ficou clara a representatividade das lideranças no setor e a forte lição de associativismo, que contribuiram para que a matéria prima de qualidade, conforme requerida pela indústria frigorífica, remunerasse adequadamente seus fornecedores. Neste exemplo, a união fez a força e esta, o preço justo.
Pois é SR. Miguel, um velho assunto que volta à tona quando os produtores veêm a corda apertando. Já temos um bom número de associações, sindicatos, etc., que no entanto estão distantes da grande maioria dos produtores, considerados pouco representativos, oferecendo minguados serviços que auxiliem diretamente os produtores no seu dia a dia, que , generalizando, não enxergam benefícios na atuação das entidades sindicais, pois estes benefícios chegam de forma difusa.
A aglutinação de produtores em torno de uma associação se dá de forma mais efetiva quando é palpável o benefício individual, e aqui entra a prestação de serviços aludida por você, onde a escala alcançada pelo associativismo reduz o custo do serviço, e no caso da comercialização aumenta o poder de barganha. Obviamente um menor custo de serviço não quer dizer custo zero para o produtor, que sim deve pagar.
Não creio na viabilidade de novas associações, cujos sócios seriam praticamente os mesmos que já participam de alguma já existente e só viriam a dividir a representatividade.
Mesmo que tenham como objetivos principais a representação ou servir como contraponto aos grandes grupos industriais, as associações devem ter como elemento aglutinador a oferta de serviços, sejam eles de ordem técnica, contábil, educacional, etc.
Ganhando a adesão e a confiança do produtor, se poderia pensa em atuar numa área mais sensível como a venda conjunta.
Caro Miguel.
É oportuníssimo o tema que você coloca muito bem e nos instiga a tentar colaborar de alguma maneira. Com certeza é urgente a necessidade de revermos nossa maneira de trabalhar da porteira para fora, não resta a menor dúvida. Quanto antes nos mobilizarmos no sentido de unirmos forças, em grupos que possuem aspectos em comum, menos sofreremos, como você bem colocou.
De um modo geral, nossa competência tem se revelado relativamente bem durante a fase de produção. Mas pára por aí. O que perdemos por exemplo na fase de comercialização, muitas vezes consome todo o ganho da fase produtiva e mais alguma coisa.
Não dá mais para nos darmos ao luxo de desprezarmos perdas, sejam quais forem em todas as fases do processo, desde o planejamento até o recebimento do frigorífico. Com margens cada vez mais estreitas, monopolização da industria frigorífica, consumidor cada vez mais exigente tanto em qualidade como em preço, pressões ambientalistas e sociais, sem contar os riscos de várias naturezas da atividade, estamos ficando sem alternativas para não sermos atropelados pelo rolar dos acontecimentos, a não ser pelo associativismo.
Concordo plenamente que o ponto fraco do associativismo é a governança da coisa e isso já vimos em várias tentativas frustradas por exemplo de se implantar frigoríficos cooperativas de produtores. Não sei se as causas foram por má gestão ou talvez por favorecimento de pequenos grupos ou talvez por vaidade pessoal dos diretores e até mesmo amadorismo. Por outro lado, acredito no resultado bastante positivo que a associação na comercialização pode trazer e a prática tem mostrado isso. Primeiro pela simplicidade de organização, baixo custo e alto benefício. Seria um bom ponto de partida, para se criar a cultura da organização em grupos e que pode crescer e se expandir para outras áreas da atividade na medida em que for se consolidando.
O importante é que se utilize as experiências que deram certo e até as que não deram certo para se estruturar associações de maneira a se evitar os mesmos erros do passado, com profissionalismo. Outros países estão mais avançados nesta área como Austrália, Nova Zelândia e EUA, podemos aprender com a experiência deles no que servir para nossas condições.
Sempre é bom lembrar o ditado popular: “Cateto fora do bando é comida de onça”
Acho que nossas associações deveriam se organizarem em condominios, pois parece ser mais simples que uma cooperativa.
Penso ainda, que essa idéia cooperativista será uma ferramenta de funtamental
importância nas futuras negociações com esses monopólios que estão sendo sendo criados e que irão fatalmente controlar o setor de carnes em nosso país.
Bom dia Miguel.
Nos anos noventa me empenhei muito para conseguir montar um Pool para esta finalidade, baseado no que a Australia faz. Na epoca a SEBRAI me informou que “POLITICAMENTE ISTO NÃO INTERESSA.” Veto o apoio, mais os pecuaristas turros, não prestaram apoio, nada consegui.
Eu apoio integralmente a opinhão do Sr Odorico Pereira de Araujo. Os sindicatos teoricamente já tem estrutura basica, o que evita maiores investimento.
Caberia a CNA e a respectiva Famasul e SEBRAI , treinar os novos profisscionais. Desta forma os Sindicatos fariam juiz a contribuição obrigatoria, o que não ocorre atualmente.
Atenciosamente
Hans Nagel
Parabéns Miguel! O melhor caminho é buscar o Sindicato dos Produtores Rurais de cada município. Este sim esta na constituição Federal tem todas as prerrogativas Art.8◦ III -ao Sindicato cabe a defesa dos direitos e interesse coletivos ou individuais da categoria,inclusive em questões judiciais ou administrativas Sindicato forte, federação forte e confederação forte.
O que nos falta e a união de nossa classe. Vamos aproveitar esse brilhante trabalho que a Senadora Kátia Abreu esta fazendo na CNA/SENAR. Vamos fotalecer o sistema Sindical Rural de nosso estado aqui estamos começando nosso dever de casa.
Evandro Cesar Padovani
100% PRODUTOR RURAL
Estou a sua disposição.
um abraço
Caro Miguel,
Gostaria de informar que no dia 3 de outubro de 2009, fundamos uma cooperativa com uma idéia inovadora, que foi juntar todos os integrantes da base da cadeia produtiva, ou seja, técnicos e profissionais da área, corretores e produtores rurais, em um mesmo grupo,
a COORRETA – Cooperativa de Serviços, Comercio e Produção Agropecuária Ltda.
Esta empresa, surge buscando unir as forças produtivas de forma profissional, fazendo com que o produtor disponha de uma assessoria, que lhe auxilie a produzir aquilo que o mercado quer, que o produtor oferte e através de corretores parceiros organize escalas e entreguem ao mercado de forma contínua, com a qualidade necessária à cada industria. Não esperando que alguém da industria venha comprar e diga seu preço e sim nós levarmos nosso produto cumprindo todas as exigências das mesmas e cobrar por isso.
No caso das pequenas e médias empresas frigoríficas, terão um apoio muito grande, pois poderão atender seu nichos de mercado com um padrão constante de produto garantido pelo produtor.
Assim, quando mostrarmos que somos capazes de dar o suporte necessário, poderemos cobrar das industrias, um valor agregado pelo serviço, qualidade e constância dos produtos, pois vamos reduzir a ociosidade e a seleção de produtos dentro das plantas.
Vale frizar que o ganho vem da agilidade na negociação, no poder de barganha da união e na profissionalização da comercialização, pois esta empresa não comprará nem venderá nada, somente tratará da comercialização, evitando que possa haver favorecimentos e enriquecimento com o produto alheio.
Acredito seriamente, que se não nos unirmos, seremos comida de onça, como disse o Sr. Paulo Lemos em seu comentário, pois os Supermercados formam redes, laboratórios se fundem e frigoríficos se somam todos adquirindo grande força e nós, profissionais, corretores e produtores rurais, vamos atrás de alguns centavos a mais para vendermos direto, não contarmos o preço recebido, etc… Exatamente para nos mantermos isolados e fracos, sempre reclamando, mas sem tomarmos atitudes firmes em defesa do coletivo.
Tenho convicção que vamos quebrar o paradigma que produtor não se une e um dia teremos um negócio realmente profissionalisado.
Miguel,estou totalmente de acordo com o ponto de vista do Sr.Evandro de Vilhena-RO.
Acho que os sindicatos têm conhecimento de quem está na atividade ,por isso mais fácil de fazer contatos e expor as vantagens da união,mas infelizmente nem todos os sindicatos contam com diretorias que disponham de tempo para se dedicarem a um trabalho destes.
Sugiro que fossem criadas admnistrações profissionalizads ,e os associados pagassem por isso e cobrassem resultados.
Prezado Miguel,
Achei a abertura dessa discussão muito oportuna, frente ao novo e duríssimo cenário de industrialização da carne que já começa a atuar no mercado do boi gordo. Como presidente da ACGC (Assoc. de Criadores de Gado de Corte do Norte de MG) há 4 anos, e estando à frente de uma Central de Comercialização de Bovinos de Qualidade para Abate há 2 anos, com 70 associados e comercialização conjunta de cerca de 36.000 bovinos/ano, gostaria de contribuir com a discussão fazendo algumas colocações:
– A participação de produtores em uma ou mais associações representativa de seus interesses é fundamental para seu sucesso profissional. Embora o produtor médio tenha um patrimônio não desprezível, este está predominantemente investido em terras e benfeitorias (pastos, etc), de forma que seu volume de compras e vendas é pouco significativo diante dos grandes fornecedores de insumos e frigoríficos
– O modelo ideal é a segmentação de associações sempre que houver um nicho específico que justifique o tempo e recursos de pessoas interessadas. Os Sindicatos de Produtores Rurais, embora tenham seu papel e prestem um serviço útil, não dispõe de conhecimento e disponibilidade para participação ativa em todas as áreas necessárias. No Norte de MG, nossa representação classista ganhou um grande impulso guando criamos várias associações temáticas: gado de corte, gado de leite, ovinos e caprinos, fruticultores, irrigantes, cavalos, agrônomos, veterinários e até associação de sindicatos. Cada associação conta com produtores de segmentos específicos, que conhecem muito bem os problemas e tem interesse direto nas iniciativas tomadas, estando portanto dispostos a doar seu valioso tempo para criar valor para seu próprio negócio e de seus colegas.
– É também fundamental nesse modelo que haja um sistema de associações, e isso já é muito bem utilizado pelas agroindústrias (ABAG foi formada pela união da ABIOVE, UNICA, ABCZ etc.). Sempre que associações distintas compartilharem de problemas ou interesses comuns, elas devem se associar (as associações, não os associados) para juntar recursos e idéias para solução de problemas. Por exemplo, em nossa região todas essas associações participam da Sociedade Rural de Montes Claros, que, com maior peso político e representatividade, toma a frente em questões menos específicas que afetam quase todo mundo, como a área ambiental e fundiária.
– Além da questão cultural já mencionada, que dificulta o associativismo do produtor rural, há uma outra que considero de efeito pior e sem perspectiva de melhora (ao contrário da primeira): trata-se da grande heterogeneidade de objetivos dos produtores. Entre grandes e médios, há os que vivem do negócio ou pelo menos o administram profissionalmente, e os que tem outros objetivos, como vaidade ou lazer. Esses últimos, além de atrapalhar o mercado (comprando caro e vendendo barato), atrapalham também as associações, porque não vêem valor em se filiar e são usados como massa de manobra
Muito bom o artigo tocou no ponto certo, lamentável é a atitude de nossos sindicatos que levam 60% da contrbuição sindical e muito pouco fazem, tentei ser presidente de um aqui em paranavaí foi a mais inultil peleia, a maioria dos presidentes não querem largar o osso de jeito algum.
Bom dia Miguel,
Infelizmente, o resumo disto tudo é a natureza do ser humano. Principalmente, o latino. O ego fala mais alto que qualquer outra coisa. Então, ninguém destas associações ou sindicatos que já existem, abririam mão deles para fazer parte de uma entidade privada nacional.
O MLA está aí, já falamos dele muitas vezes.
Me parece que as pessoas ficam vendo somente a parte de relação com o frigorífico, preços imediatos etc.
Uma entidade como o MLA é milhóes de vezes maior que somente preços.
Veja o que eles estão fazendo exatamente agora. Os EUA estão tentando conquistar o mercado Koreano de volta, e eles, estão pondo em prática estratégias enormes e muito bem pensadas e elaboradas para manter a conquista deste mercado.
De novo, é só ver o que eles estão fazendo e fazer igual. Já está pronto. Na minha opinião, a grande sabedoria desta empreita é convencer todos os egos que eles devem ficar debaixo de um só guarda chuvas.
Abração
limão
O barco é gande e a corenteza contra é forte. Fico feliz de ver muitos colegas dispostos a remar juntos. Inclusive você, benvindo a luta!
Só esclarecendo – 3 são as formas de união, cada uma com suas caracaterísitcas: associativa, cooperativa e sindical. São entidades mater: SRB – sociedade rural brasileira, OCB – organização das cooperativas brasileiras e CNA – confederação da agricultura e pecuária do Brasil. Essas tem força e representatividade. De alguma forma qualquer iniciativa de união de produtores tem que estar ligadas a uma delas.
Muitas são as iniciativas, temos que mostrar a força disso ao mercado e a toda a cadeia produtiva da carne. Já proponho um encontro de todas essas lideranças.
Caro colega Miguel… só para deixar alguns sonhadores felizes…
A Novilho Precoce-MS (ASPNP), com sede em Campo Grande- MS, já tem quase dez anos de vida, possui mais de 200 produtores ativos, abate em média, mais de 50.000 animais ano, e a partir de 2009 estamos encostanto em 70.000 animais.
Possuímos duas grandes parcerias com agregação de valores real ao nosso produto, em saindo de 2 até 10% de “bônus”.
Tem uma estrutura enxuta e possui um corpo técnico que vai diretamente ao produtor, dando-lhe suporte à produção integrada.
Sabemos que é muito difícil manter este tipo de união, mas graças a Deus, estamos conseguindo, e esperamos continuar a crescer…
Abraços
Alexandre Scaff Raffi
Vice Presidente da Novilho Precoce -MS
O caminho é o associativismo.
Agregar valor ao produto na hora de vender, comprar em melhores condicões, só mesmo com um bom poder de barganha.
Acho que os sindicatos, emboram facam bom trabalho, nao conseguem resultados interessantes nesta seara. Sua funcão é mais política e de conscientizacão.
Não vejo saida aos produtores, se não por esse caminho.
Profissionalizacão e associativismo.
Questões menores, competitividade predatória e visão míope das diferencas de tamanho, devem ser deixadas de lado, em funcão de se fazer um negócio melhor para todos.
Senão, o máximo que se vai conseguir é ser um dos últimos a sair da atividade, ou pior, ficar nela, sem lucratividade.
O tema é bom e aponta para um futuro melhor.
Prezado Miguel Cavalcanti.
Importante, oportuno e adequado ao momento contemporâneo esse seu inteligente editorial.
Sou produtor rural e engenheiro. Na Engenharia aplica-se cotidianamente a máxima: “Não se constrói nada sózinho”.Toda obra ou projeto final de engenharia é fruto de múltiplos esforços, é multidisciplinar.
Precisamos aplicar isso na cadeia produtiva da pecuária.Lembrar ,também, o lema do clássico Três Mosqueteiros:”Um por todos, todos por um”.
Concluindo, assim como se utlizam os 5 S, cinco sensos da qualidade, venho ,sempre, defendendo os 5C, caracteres da competitividade: Cooperação,Capacitação,Comunicação, Compromisso e Confiança.
Vamos continuar inovando e avançando.
Saudações
PAULO CESAR BASTOS
Srs!!! Nao podemos deixar de lembrar da importancia de filiarmos a alguma Associacao. Inicialmente ou seja,desde o inicio da formacao do nossos rebanho, temos como base a ABCZ , apesar de todas as dificuldades na implantacao do PROCAN,registros e controles , ja iniciamos a alguns meses o Programa de Ganho de Peso(PGP), o trabalho e arduo mas garantimos que vale a pena, os resultados sao muito bons pois serviu para melhorarmos nosso plantel. O melhoramento genetico foi a base da nossa producso de melhores bezerros e de femeas com maior produtividade.Tudo isto tomamos como meta para agregarmos melhores resultados a atividade.
Na regiao de Goias, somos associado da APROVA no Vale do Araguaia que é gerida pelos seus fundadores, pessoas serias e competentes e que teem feito um trabalho espetacular em benfeicio dos Associados e para o gado da Regiao do Araguaia, criando o selo de excelencia para o gado do vale do Araguaia, de qualidade e com excelentes praticas de producao.
Creio que este e o caminho!!!!
sds a todos
Renata Affonso-Fazenda Buriti Queimado – Goias