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Até quando as commodities vão segurar a balança comercial?

A balança comercial continua batendo recordes sucessivos mesmo diante de um dólar fraco, como anunciou ontem o Ministério do Desenvolvimento. Qual o segredo? Este paradoxo, segundo o trader Roberto Giannetti da Fonseca, ocorre por conta de dois fatores: os conjunturais e os estruturais.

E como estudos técnicos mostram que os fatores conjunturais explicam cerca de 2/3 do crescimento recente das exportações brasileiras, enquanto os fatores estruturais explicam o um terço restante, há muita dúvida sobre esse comportamento. “Tudo o que é conjuntural é efêmero e temporário”, coloca, duvidando principalmente sobre o caminhar da China e dos EUA.

No seu ver, apesar do crescimento comercial mundial expressivo nos últimos 24 meses, essas duas grandes nações exibem fragilidades notórias em suas economias. A China tem apresentado um crescente desequilíbrio em sua matriz insumo-produto, revelando crescentes gargalos ao crescimento econômico por conta de sua deficiente infra-estrutura, especialmente a energética.

Por outro lado, seu setor financeiro tem elevado nível de inadimplência em relação ao setor produtivo local, eventualmente superior a 30% de seus ativos bancários totais. “Um dia, mais cedo ou mais tarde, isto virá à tona.” Enquanto nos EUA, os déficits gêmeos são reconhecidamente insustentáveis a médio e longo prazos.

Portanto, a tendência em 2006 e 2007, segundo Giannetti, será de baixa dos preços das commodities, o que trará uma nova fase de retração da economia mundial. E é o alto preço das commodities, justamente, o vento a favor que o Brasil aproveita hoje. Trata-se do principal fator conjuntural que impulsiona as exportações brasileiras.

Entre os fatores estruturais, Giannetti cita a diversificação de mercados externos e da pauta exportadora, que vem se desenhando desde 2000, quando o ânimo exportador brasileiro revelou um novo e entusiasmado dinamismo.

“A cultura exportadora disseminou-se pelo País e, desde então, a base exportadora brasileira quase dobrou”, destaca. O coeficiente exportador do setor industrial brasileiro, por exemplo, em preços constantes, avançou de modestos 11,5% em 2000 para cerca de 17,5% no ano passado. “Mas isso não será suficiente para segurar a balança comercial”, prevê o executivo.

Fonte: O Estado de São Paulo (por Sonia Racy), adaptado por Equipe BeefPoint

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