As tradicionais atividades da economia gaúcha, como agropecuária e abate industrial de animais, são as que apresentam os melhores resultados no emprego e na produção. A conclusão integra o estudo sobre os Impactos Setoriais na Economia Gaúcha, desenvolvido pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). A demanda envolve o consumo das famílias, as exportações, as compras de governos e os investimentos.
O estudo foi elaborado com apoio financeiro do Banrisul, Banco Regional de Desenvolvimento Econômico do Extremo Sul (BRDE) e Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais (Sedai). Segundo o diretor técnico da FEE, Flávio Fligenspan, os dois bancos apoiaram o projeto em busca de uma noção mais exata dos efeitos na economia a partir dos financiamentos que concedem aos vários setores e, a Sedai, para a orientação de suas políticas públicas.
A pesquisa engloba somente atividades que causam efeitos diretos no Rio Grande do Sul. Por isso ficaram de fora setores que compram matéria-prima ou insumos de outros Estados ou de fora do país, como a petroquímica ou metal-mecânica. “Se um grande volume é importado, o estímulo fica fora do Estado”, explica o economista e coordenador do estudo Alexandre Porsse.
Exemplificando, a pesquisa aponta que o aumento de R$ 1 milhão na demanda final do setor agropecuário vai proporcionar a geração de 203 empregos na economia gaúcha, sendo 134 diretos, 19 indiretos e 50 criados como conseqüência do efeito-renda.
Em outra análise apresentada pelo estudo, no impacto da produção, o aumento de R$ 1,00 na demanda do setor de abate refletirá num crescimento de R$ 2,59 na economia gaúcha. “É um instrumento bem consistente para a construção de políticas públicas”, afirma Fligenspan.
Por identificar os ramos da economia que melhor respondem à estímulos de aumento na demanda, Porsse lembra que o estudo pode auxiliar na elaboração de programas públicos de incentivo a determinados segmentos, com crédito ou redução de impostos, alavancando o desenvolvimento do Estado. “Políticas de exportação, por exemplo, podem potencializar estes efeitos”, conclui.
O segmento de abate e produção de carnes também aparece em primeiro no ranking que leva em conta a relação entre geração de emprego e impacto na produção, seguido pelos setores de beneficiamento de produtos vegetais; calçados, couros e peles; óleos vegetais e leite e laticínios.
O estudo foi feito tomando por base a matriz produtiva gaúcha de 1998, compilada a partir de 26 mil dados informativos. “Há uma defasagem natural, mas perfeitamente aceitável dentro desse cálculo”, afirma Fligenspan.
O economista acredita, no entanto, que pode haver alteração nos resultados quando for realizado novo levantamento da matriz. Em 1999 houve a desvalorização cambial, que tornou o mercado externo novamente atrativo para a exportação, movimentando a indústria calçadista, e no ano seguinte entrou em funcionamento a fábrica de automóveis da General Motors (GM) em Gravataí.
“Mas mudanças fortes na economia acontecem a médio e longo prazo”, acrescenta. Em outubro a FEE vai apresentar um estudo para definir o peso da agropecuária gaúcha no PIB do Estado.
Fonte: Valor On Line (por Marcelo Flach) e Gazeta Mercantil (por Caio Cigana), adaptado por Equipe BeefPoint