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Aumenta a concorrência no exterior para a carne bovina

A volta de Argentina e Uruguai ao mercado mundial de carne bovina deverá manter as exportações brasileiras deste ano nos mesmos patamares do ano passado. Após passar 2001 praticamente sozinho no comércio mundial, o Brasil terá de volta a concorrência dos vizinhos latino-americanos. Livres da febre aftosa, doença que interrompeu as exportações no ano passado, os dois países tentam recuperar o espaço que o Brasil ocupou.

Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e do Frigorífico Minerva, Edivar Vilela de Queiroz, com o aumento da concorrência o Brasil deve manter os embarques de carne. “Se conseguirmos pelo menos manter o ritmo de exportações estaremos fazendo bonito”, afirma.

De janeiro a abril deste ano, as exportações de carne somaram US$ 337,2 milhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), um crescimento de 26,6%, sobre as vendas do mesmo período de 2001. Em todo o ano passado, o Brasil exportou pouco mais de 500 mil toneladas de carne bovina, segundo o MDIC, com receita de US$ 1,013 bilhão. Esses valores são 55,63% superiores em volume e 27,52% em receita, na comparação com as vendas de 2000.

Preço argentino

Um dos principais motivos para o Brasil se preocupar com suas exportações é que, atualmente, o preço da carne argentina está mais baixo que a da brasileira. Enquanto a arroba do boi gordo na Argentina sai por US$ 12, no Brasil o valor é de US$ 17 a arroba.

Segundo Queiroz, existe uma pressão muito grande na Europa para que seja concedida uma ajuda para a Argentina, em virtude da atual situação econômica do país. “Alguns países aceitaram dar um volume extra de 10 mil toneladas de Cota Hilton para a Argentina. Não podemos deixar que isso aconteça pois seremos muito prejudicados”.

Sem o volume extra, a Argentina possui uma cota de exportação de 28 mil toneladas por ano de Cota Hilton, enquanto o Brasil possui cinco mil toneladas. A ajuda européia para as exportações argentinas teria uma vigência de junho de 2001 a junho de 2003, segundo Queiroz. “Estamos muito preocupados. Já fizemos um pedido de aumento de nossa cota e deveremos ter um encontro com os ministros da Agricultura, Pratini de Moraes, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral”, diz.

No entanto, existem motivos que levam alguns representantes dos frigoríficos a acreditar que possa haver aumento, mesmo que pequeno, nas exportações deste ano. Para o diretor do Frigorífico Bertin, Marco Bicchieri, o mercado que o Brasil conseguiu no ano passado não deverá ser totalmente recuperado por Argentina e Uruguai. “Os dois países de fato estão com os preços mais baratos, mas eles não têm volume suficiente”, acredita.

Bicchieri lembra que alguns mercados, como o árabe, ainda não voltaram a comprar da Argentina, o que pode ser vantajoso para o Brasil. “Nós temos preferência em alguns mercados porque sempre cumprimos os prazos, temos uma oferta regular e pelo fato de a variação de preços não ser grande”.

Outro ponto favorável ao Brasil é que o dólar vem se valorizando nos últimos dias o que favorece ainda mais as exportações. Segundo Enio Marques, diretor executivo da Abiec, as exportações em 2001 se intensificaram a partir do segundo semestre, quando a média da taxa de câmbio estava em R$ 2,60. Ontem, o dólar comercial fechou a R$ 2,66, a maior cotação do ano.

Indústria nacional

O Bertin espera apresentar um crescimento de pelo menos 10% sobre as exportações do ano passado. Em 2001, o frigorífico exportou US$ 260 milhões e, para 2002, a expectativa é ampliar a participação nos mercados. “Queremos expandir nosso mercado na Ásia e Oriente Médio e estamos atentos ao mercado de carne in natura dos EUA, que também pode ser reaberto”, diz.

Mais conservador, Queiroz estima que as exportações deste ano devam permanecer nos mesmos patamares do ano passado, quando as receitas da empresa atingiram US$ 96 milhões.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Alexandre Inacio), adaptado por Equipe BeefPoint

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