A indústria brasileira de carne bovina vem apresentando uma intensa concentração. No primeiro semestre do ano, os 4 maiores exportadores do produto – Bertin, Friboi, Independência e Minerva – embarcaram US$ 269 milhões ou 59% da produção exportada no período, segundo informações levantadas no mercado. No mesmo período de 2000, a participação desses frigoríficos foi bem menor, 47% – US$ 187 milhões – da receita gerada no exterior.
Esses novos líderes de mercado herdaram marcas e instalações industriais de grandes frigoríficos que entraram em colapso no final da década de 90 – como Swift-Armour/Bordon, Anglo, Mouran e Kaiowa – e continuam investindo em novas unidades para dar conta da crescente demanda pelo produto brasileiro, fomentada pela abertura de novos mercados no Oriente Médio e pela substituição de fornecedores da Argentina e do Uruguai, afastados temporariamente do comércio com a Europa, devido à febre aftosa. Com a crise da ‘vaca louca’, despencaram os abates de boi na Europa, o que levou o continente a demandar mais carne brasileira, embora a preços até 40% inferiores aos praticados em 2000.
Dentre esses 4 maiores exportadores, o Bertin, localizado em Lins (SP), consolida sua dianteira – mais de 70% de sua produção de carne bovina é destinada à exportação. No primeiro semestre do ano, as exportações do Bertin atingiram US$ 116 milhões, 35,5% mais que no mesmo período de 2000. Segundo Marco Bicchieri, gerente de exportação do frigorífico de Lins, as vendas do Bertin no exterior somarão pelo menos US$ 230 milhões em 2001, 18% mais que os US$ 195 milhões alcançados no ano passado.
A empresa não pára de investir na ampliação e construção de unidades de abate e industrialização. De julho para cá, o Bertin inaugurou prédio da unidade de carne cozida, que dobrou a capacidade de processamento do produto, e iniciou a desossa em seu frigorífico de Naviraí (MS).
A vice-liderança nas exportações é disputada pelos frigoríficos Friboi e Independência. A segunda posição foi ocupada em 2000 pelo Independência, que exportou US$ 91 milhões, mais que os US$ 75 milhões do Friboi. Contudo, no primeiro semestre deste ano, o Friboi, originalmente de Goiás (GO), mas hoje baseado em Andradina (SP), vendeu ao exterior US$ 57 milhões em carne bovina, cifra superior aos US$ 50 milhões do Independência.
O frigorífico Independência, que pretende voltar ao segundo lugar até o final do ano, reabriu na semana passada duas unidades do antigo Kaiowa que estavam paralisadas, uma em Anastácio, na entrada do Pantanal sul-matogrossense, fechada há quatro meses, e outra em Presidente Venceslau (SP). Em Anastácio, o Independência abate 700 animais/dia. Por enquanto, o frigorífico de Venceslau só trabalhará na desossa de boi abatido nas unidades do Independência situadas no Mato Grosso do Sul, retornando a abater mil bois/dia em dois meses.
Com a reabertura dos frigoríficos de Anastácio e Venceslau, o Independência elevará de 1.100 para 2.800 bois seu abate diário. As unidades do frigorífico estavam paralisadas por conta da barreira sanitária entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, revogada pelo governo, e da retração nos negócios com a América do Norte, devido ao boicote canadense à carne brasileira em fevereiro.
O Friboi arrendou o frigorífico Araputanga, de Mato Grosso, e ampliou para cerca de 5 mil animais o abate em suas sete unidades. Como perto de metade de sua produção fica no mercado interno, a disputa com o Independência tenderia para o empate, em razão da empresa deste frigorífico exportar 70% da carne processada. A vantagem do Friboi vai ser assegurada pela BF, associação com o Bertin onde detém 50% do controle.
O Minerva, quarto do ranking, também cresce aceleradamente. Sem revelar detalhes de investimentos e estratégia comercial, Edvar Vilela de Queiroz, presidente do frigorífico e da associação das indústrias de carne bovina (Abiec), projeta exportações de US$ 64 milhões este ano, 83% mais que os US$ 35 milhões de 2000. Fontes do mercado informam que o Minerva constrói seu segundo frigorífico, em Palmeiras de Goiás (GO), com finalidade de ampliar sua participação nas exportações de carne bovina.
fonte: Gazeta Mercantil (por José Alberto Gonçalves), adaptado por Equipe BeefPoint