Embarques de bovinos e frangos cresceram 38% e 3,6% em março e somam US$ 182 milhões
Os embarques brasileiros de carne bovina, suína e de frango foram, mais uma vez, os principais destaques na pauta de exportação de produtos agropecuários no mês de março, repetindo o bom desempenho verificado no primeiro bimestre.
As vendas ao exterior de carne bovina in natura somaram US$ 69 milhões no mês passado, segundo dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex), US$ 19 milhões ou 38% acima do valor de mesmo período de 2001, de US$ 50 milhões. Os embarques de frango in natura cresceram 3,6% ou US$ 4 milhões em março, para US$ 113 milhões, em comparação ao valor obtido em igual período do ano passado. As exportações de suínos, de acordo com a Secex, tiveram aumento de 31%, para US$ 38 milhões.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Edivar Vilela de Queiroz, diz que os exportadores brasileiros de carne bovina tiraram até agora proveito da má fase vivida pelo mercado exportador da Argentina, país concorrente que está com dificuldade de conseguir linhas de crédito para os embarques. “Houve, sim, benefícios para o Brasil com a ausência da Argentina, embora, no momento, a preocupação do setor recaia sobre a forte queda no preço da carne argentina em função da desvalorização do peso”, afirma.
Para ele a carne argentina ficou extremamente competitiva após a desvalorização de sua moeda, o que forçará a queda de preço do produto brasileiro no mercado internacional. Em março, o preço médio da carne bovina exportada pelo Brasil sofreu retração de 6% sobre a cotação média de fevereiro.
No trimestre, as vendas ao exterior de carne bovina in natura somaram US$ 187 milhões, um aumento de 57% sobre os US$ 119 milhões registrados no acumulado de janeiro a março de 2001. A atual imagem da carne brasileira no exterior, de um produto saudável, livre das doenças sanitárias que atingiram o rebanho europeu no ano passado (“vaca louca” e febre aftosa), também colaborou para o aumento das vendas nos primeiros três meses do ano. Embora haja este ano um controle maior sobre as doenças nos países da União Européia, para Queiroz, os consumidores europeus ainda estão cautelosos. “Entre a escolha de uma carne francesa e brasileira, o consumidor europeu fica com a segunda opção”, diz.
A proliferação das doenças que atingiram os bovinos da Europa no ano passado também ajudou a alavancar as exportações de carne de frango, substituto natural da carne vermelha. Em 2001, o frango brasileiro teve excelente desempenho na pauta de exportação agrícola, com receita de US$ 1,292 bilhão, 60% acima do valor de 2000.
Este ano, as indústrias exportadoras de carne de frango, como Sadia e Perdigão, mantêm os clientes conquistados no ano passado e ainda partem para novos mercados, com esforços para furar bloqueios em países como Japão e Rússia. A prova de que as vendas de carne de frango ao exterior continuam aquecidas, apesar do aumento, ocorrido este ano, no consumo de carne vermelha na Europa, está no resultado obtido nos primeiros três meses do ano. Entre janeiro e março, os embarques do setor somaram US$ 312 milhões, um acréscimo de 11% em relação ao valor alcançado no mesmo período de 2001, de US$ 281 milhões.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Denis Cardoso), adaptado por Equipe BeefPoint