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Aumento da ociosidade dá força à pressão baixista

Segundo a Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), 40% da capacidade produtiva está ociosa. No Mato Grosso do Sul 48% das unidades cadastradas no Estado estão com as atividades suspensas. "O cenário é preocupante, pois sem os abates está havendo uma sobreoferta e o gado vai sobrar no pasto", diz Luiz Carlos Meister, consultor da Famato.

A crise internacional vem provocando uma freada brusca no ritmo de abates. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, 31 das 76 unidades credenciadas para a exportação estão com os abates suspensos. Em Goiás, dois dos maiores frigoríficos locais estão sob recuperação judicial, o que contribuiu para a eliminação de 2.000 empregos no setor, de acordo com sindicatos.

Segundo a Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), 40% da capacidade produtiva está ociosa. No Mato Grosso do Sul 48% das unidades cadastradas no Estado estão com as atividades suspensas.

“O cenário é preocupante, pois sem os abates está havendo uma sobreoferta e o gado vai sobrar no pasto”, diz Luiz Carlos Meister, consultor da Famato. A entidade divulgou nota de alerta, na qual diz que a crise “afetou todos os segmentos, inclusive empresas que têm tradição de boa gestão”. A nota recomenda que os pecuaristas comercializem apenas “a quantidade estritamente necessária”.

Segundo Meister, grandes mercados diminuem rapidamente as importações do Brasil. Ele cita Oriente Médio, Venezuela e Rússia, afetados pela queda no valor do petróleo. A crise da indústria frigorífica, diz o consultor, “começou antes da crise internacional”. “Os frigoríficos começaram a sentir o primeiro baque em fevereiro de 2008, quando a União Europeia estabeleceu restrições à carne brasileira. Com a crise generalizada, vieram a redução na demanda e a falta de crédito para exportar.”

Para o vice-presidente da Federação da Agricultura de Goiás, Mozart Carvalho, a falta de uma administração profissional em frigoríficos do Estado contribuiu para a situação. Segundo ele, as empresas cresceram muito em pouco tempo. “Até cinco anos atrás, [os frigoríficos] tinham uma unidade ou duas. Com o crescimento das exportações, começaram a passar para cinco, dez. A meu ver, muito mais do que a crise [financeira], é uma crise de gestão. Eles não conseguiram administrar esse complexo.”

José Magno Pato, do sindicato da indústria da carne em Goiás, acha que não houve falta de planejamento. Diz que a crise “pegou todo mundo de surpresa” e que a situação deve melhorar até o meio do ano.

Apesar do sentimento de aumento na oferta em algumas regiões, após a redução na capacidade de abates com a paralisação das atividades em alguns frigoríficos, para Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), ainda há falta de boi. As indústrias que estão operando estão com dificuldades de firmar escalas de abate por mais de sete dias, e a queda no preço da arroba do boi é mais reflexo do pânico que tomou conta do mercado com a saída do frigorífico Independência que até o final da tarde de ontem não tinha ainda previsão de retomada de abates em suas unidades de Rondônia e Mato Grosso, segundo informou a assessoria da empresa.

As informações são da Folha de S. Paulo e da Gazeta Mercantil, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

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