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Aumento de requisitos para exportar carnes para UE gera polêmica entre os frigoríficos exportadores argentinos

Como tudo o que acontece na vida econômica, a decisão de desabilitar 17 frigoríficos para exportar carnes para a União Européia (UE) não se pode reduzir a somente um enfoque; ou seja, a um ponto de vista absoluto. O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina determinou na semana passada que deixaria de fora da “lista positiva” várias empresas devido a um crescente nível de exigências com relação à documentação e rastreabilidade dos produtos.

Os mais de 60 frigoríficos habilitados há dois meses “não resistiam a nenhuma análise”, informou um funcionário do setor, ainda que, em algum momento, tenham sido aceitas inspeção prévia e pagamento de tarifas.

Por isso, fica aberta uma janela para presumir sobre como e por que alguns foram rechaçados e outros não. Mais ainda, porque o Senasa decidiu ao mesmo tempo incluir na “lista positiva” outros 11 frigoríficos que obteriam 3000 toneladas de cota Hilton, contra as 7000 toneladas que deixaram as que foram retiradas.

Nascem aí algumas suspeitas, dado que, segundo o advogado Mariano Varela, representante de várias empresas desabilitadas, haveria uma suposta “manobra” com o objetivo de procurar um volume maior de cota para repartir entre menos empresas.

“Não é questão de estar de acordo ou não, mas sim, de manter aberto o mercado da UE; não é discutível”, disse o vice-presidente do Argentine Beef Consortium (ABC), Luiz Bameule.

Este novo grupo de empresas exportadoras concentra 95% das operadoras da exportação de carnes. A Cota Hilton – cortes de alta qualidade e preço – que este ano será de 28 mil toneladas, 10 mil a menos que no ano passado, representa um negócio de US$ 200 milhões anualmente. Desta forma, esta cota é hoje a principal motivação empresarial para investir na atividade.

No entanto, nem tudo é tão simples. Supõe-se que “os cortes de alta qualidade” que compõem a cota Hilton são, precisamente, isso. Porém, no último ano, houve queixas da UE com relação ao envio de todo tipo de carne que não correspondia à tipologia estabelecida. Assim, foram suspensos pela Oficina Anti-Fraude (Office Européen de Lutte Anti-Fraude – Olaf) os frigoríficos Ecocarnes (ex Cocarsa) e CEPA.

“Há que se entender que o país está em risco, as exigências são mais rigorosas”, disse o presidente do frigorífico Rioplatense, Rodolfo Constantini. Este frigorífico, que agora poderá operar, foi suspenso há oito meses por “observações menos relevantes do que as que são feitas agora”.

Os funcionários e dirigentes agropecuários da Argentina ocultaram e mentiram durante 2000 e 2001 com relação à real situação sobre a febre aftosa. A isto o país pagou caro. Os mercados fecharam e a credibilidade caiu.

Entre os frigoríficos desabilitados estão: Sadowa (Mar del Plata), Morrone (Temperley), Yaguané (La Matanza), CPC (San Fernando), Frigo Oeste (Carlos Tejedor), Látigo (Florencio Varela), Fricop (Rosario), Estancias del Sur (Córdoba), Alem (Misiones), CV Internacional (Avellaneda) e Quim Mit (Olavarría). No entanto, entraram na lista de frigoríficos permitidos o ex Vizental, adquirido pela Swift e o ex Nelson, comprado pela Finexcor, duas empresas que pertencem ao ABC.

As baixas dos frigoríficos levariam à demissão de cerca de 2000 trabalhadores, segundo o presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da República Argentina (Ciccra), Miguel Schiariti. A isto se somariam apresentações administrativas ante à carteira da Agricultura e uma provável denúncia penal contra o presidente do Senasa, Bernardo Cané, segundo Varela.

E há mais. Em dois meses deverá ser colocado em marcha o novo sistema de rastreabilidade para o gado bovino de exportação, que promete uma nova polêmica.

Fonte: La Nación (por Franco Varise), adaptado por Equipe BeefPoint

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