O potencial do Brasil invadir o espaço duramente conquistado pela Austrália no comércio mundial de carne bovina está “assustando”, de acordo com o banqueiro Geoff Howard, que acabou de retornar de uma viagem à América do Sul.
O banqueiro do National Australia Bank, de Townsville, alertou que a indústria australiana precisa “pensar bastante” sobre como evitar a ameaça que se aproxima das indústrias agrícolas da América Latina e de sua crescente capacidade para competir nos mercados internacionais.
“Nós simplesmente não podemos pegá-los em termos de produção, de forma que precisamos focar no marketing e no fechamento dos mercados existentes. A capacidade de produção do Brasil é quase inimaginável – seu problema é infra-estrutura, incluindo abatedouros, estradas, estabelecimentos de manejo, transporte e armazenamento. Mas se eles tiverem isso sob controle, juntamente com o controle da febre aftosa, ficarão invencíveis”.
Somente o Brasil tem 90 milhões de hectares que poderiam ser desenvolvidos para grãos ou carne bovina, mas Howard disse que os produtores que ele conheceu estão atualmente com seu foco na melhoria de suas pastagens existentes ao invés de quererem intensificar ainda mais o uso da terra.
“Somente através da melhoria da pastagem eles estão buscando um aumento exponencial nos abates a partir da mesma quantidade de terra – a maioria dos produtores emprega seu próprio agrônomo em tempo integral e, em alguns casos, dois ou três, e eles estão realmente construindo sua criação animal e nutrição”, diz.
Com quilos de carne bovina produzidos por hectare por ano excedendo os parâmetros referenciais, os produtores brasileiros estão impulsionando bastante seus rebanhos para maximizar a produção e a capacidade em três anos.
A equipe que viajou à América do Sul viu estabelecimentos de engorda de bezerros para animais de dois meses de idade ou menos sendo retirados imediatamente de suas mães e sendo alimentados com matéria seca por pelo menos 40 dias antes de serem colocados de volta no pasto.
“Em muitos casos, os estabelecimentos de engorda não são vistos como uma ferramenta de produção, mas estão lá para liberar a área para a ciclagem de vacas”.
Nem mesmo o último foco de febre aftosa no Brasil foi uma causa importante de medo. “A indústria de lá disse que é prejudicial, mas que eles podem lidar com isso”.
A notícia do plano ambicioso do Brasil de financiar uma vacinação no atacado em todo o rebanho bovino sul-americano para exterminar a febre aftosa de uma vez por todas foi de grande interesse durante a viagem dos australianos.
As vantagens de mão-de-obra barata também ficaram aparentes. “Alguns dos melhores países que vimos foram comparáveis com a Austrália, com cerca de US$ 2000 por hectare, mas eles nos matarão na produção e na mão-de-obra”.
“Os produtores empregam um funcionário responsável pelo gado em tempo integral para cada 200 cabeças – os produtores australianos que viajaram junto disseram que eles empregam uma pessoa por 10 mil cabeças no norte de Queensland”.
Fonte: Farmonline.com.au (por Rebecca Winter), adaptado por Equipe BeefPoint