Apesar da crescente demanda por carne bovina australiana, particularmente nos lucrativos mercados do Japão e da Coréia do Sul, o banco especializado em agribusiness, Rabobank, alertou que a indústria poderá em breve perder espaço.
A indústria de carne bovina da Austrália está crescendo com base na forte demanda no Japão, onde o país agora é responsável por 90% de todas as importações de carne bovina. Os Estados Unidos, principal competidor da Austrália neste mercado, está fora do Japão devido à crise gerada pelo surgimento de casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), ou doença da ‘vaca louca’.
No entanto, o analista do setor de carne bovina do Rabobank, Bill Cordingley, disse que a concentração das exportações australianas no Japão, Coréia do Sul e EUA é um risco substancial. Segundo ele, a Austrália precisa prestar atenção em outros mercados, menores, onde o Brasil, a Argentina e o Uruguai estão, agora, começando a fazer investimentos substanciais.
Eventualmente, esses três gigantes do setor de carne bovina da América do Sul começarão a focar os mercados do Japão, Coréia do Sul e EUA – e a Austrália poderá ter que lutar para competir.
“Brasil, Argentina e Uruguai coletivamente produzem cinco vezes mais carne bovina que a Austrália e estão cada vez mais buscando mercados de exportação como valiosas fontes de lucros para suas indústrias e economias. Esses três países também possuem uma vantagem competitiva na produção de carne bovina magra de animais criados a pasto”.
“O Brasil, a Argentina e, em menor extensão, o Uruguai, têm um baixo custo de produção, grandes excedentes exportáveis, moedas competitivas e fabricam um produto que é altamente substituível pela maior parte da carne magra exportada pela Austrália”.
Cordingley disse que é vital para a Austrália manter suas vantagens competitivas, particularmente nas áreas de qualidade e segurança. Ele disse que ter um rebanho livre de doenças com um sistema de produção de baixo custo dá à Austrália uma importante vantagem sobre os outros produtores. Manter os consumidores confiantes na carne bovina australiana pode ser um longo caminho para se defender os competidores emergentes.
O alerta do Rabobank veio após o ministro da Agricultura, Peter McGauran, ter colocado um fim na confusa divisão da cota de 378 mil toneladas de carne bovina que a Austrália tem nos EUA. Segundo ele, no próximo ano, as companhias que quiserem acesso à cota terão que agir na base de “o primeiro que chega é servido primeiro”.
Anteriormente, a cota era alocada para companhias particulares, baseado nas vendas anteriores aos EUA. No entanto, a Austrália não estava preenchendo a cota, que aumentará em 20 mil toneladas em 2007, disse McGauran, de forma que, segundo ele, chegou a hora de colocar um fim no atual sistema de divisão desta cota.
“Eu acredito que o esquema de não-alocação, do primeiro que chega é servido primeiro, minimizará a intervenção do governo, as distorções na cota e as restrições de cumprimento inerentes ao esquema atual”, disse ele.
Fonte: The Age, adaptado por Equipe BeefPoint