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Austrália: indústria de carnes enfrenta obstáculos

Diante dos altos preços globais para as carnes, a indústria de carne bovina da Austrália deveria estar esperando uma expansão, mas uma série de fatores está limitando este crescimento. O alto dólar australiano, o retorno da carne bovina dos Estados Unidos nos mercados do Norte da Ásia, a seca e o rápido aumento nos custos agrícolas deverão manter o rebanho bovino e a oferta de carne estáveis em curto prazo, de acordo com as últimas previsões feitas pelo Meat and Livestock Australia (MLA).

Diante dos altos preços globais para as carnes, a indústria de carne bovina da Austrália deveria estar esperando uma expansão, mas uma série de fatores está limitando este crescimento. O alto dólar australiano, o retorno da carne bovina dos Estados Unidos nos mercados do Norte da Ásia, a seca e o rápido aumento nos custos agrícolas deverão manter o rebanho bovino e a oferta de carne estáveis em curto prazo, de acordo com as últimas previsões feitas pelo Meat and Livestock Australia (MLA).

No lançamento do relatório, o analista de mercado chefe do MLA, Peter Weeks, disse que apesar de haver razão para otimismo em médio e longo prazo, os próximos 12 meses permanecerão desafiadores para grandes segmentos das indústrias de criação de gado e de produção de carne bovina.

“Os retornos aos grandes e médios produtores do norte que não estão sofrendo com a seca deverão permanecer favoráveis, enquanto muitos pequenos e médios pecuaristas do sul do país que estão sofrendo com a seca e com os maiores custos enfrentarão perdas”.

“Se a seca recuar, poderemos ver uma recuperação mais geral nos rendimentos dos criadores a pasto e nos confinamentos, a níveis atrativos, direcionados inicialmente pela melhora na produtividade e na eliminação nos custos e, eventualmente, também nos aumentos nos preços da carne bovina”.

“A promessa de uma boa colheita de grãos no inverno, seguindo a grande colheita de sorgo no verão, deverá fornecer uma redução parcial nos custos para os produtores e confinadores a partir da primavera. Entretanto, com os preços globais dos grãos permanecendo altos, a mudança da produção de carne de animais alimentados com grãos para de animais alimentados a pasto parece que persistirá nos próximos anos”.

Nacionalmente, o rebanho deverá permanecer em cerca de 28 milhões de cabeças até junho de 2009, antes de começar a lentamente aumentar para 29,5 milhões em 2012. A extensão da seca no sul da Austrália para o sétimo inverno e a competição com a agricultura deverão levar a uma queda nos números dos rebanhos do sul, compensada pela recuperação nos rebanhos de Queenslad após as chuvas no começo do ano e algumas chuvas no inverno.

A produção australiana de carne bovina e de vitelo deverá aumentar em 1% em 2008, devido aos abates relacionados à seca, e deverá cair em 2009, para 2,14 milhões de toneladas, com menores produções de carne de animais alimentados com grãos do que nos últimos anos. A produção de carne bovina de qualidade de animais criados a pasto deverá pelo menos se manter, particularmente na segunda metade deste ano, como resultado de melhores condições de pastagem e da disponibilidade de novilhos e novilhas deixados no pasto devido ao severo corte nas colocações em confinamentos.

Os preços do gado deverão permanecer firmes em curto prazo, com os aumentos esperados para reprodutores e animais jovens devendo compensar qualquer queda nas exportações de novilhos e novilhas, causada pelo retorno da carne bovina dos EUA no Norte da Ásia e do alto dólar australiano.

“As perspectivas do mercado global de carne bovina em curto, médio e longo prazo têm se fortalecido significantemente nos últimos dois anos, devido ao impacto dos maiores custos dos grãos nos preços de todas as carnes (parcialmente devido à produção de etanol), crescente demanda de importação de carnes na Ásia e na Europa (devido ao contínuo crescimento econômico e à inflação nos preços dos alimentos), a emergência da Rússia como um importante mercado australiano, atrasos na reconstrução do rebanho dos EUA e ao forte aumento nos preços da carne bovina da América do Sul”, disse Weeks.

“A indústria australiana teve sorte este ano pelo fato de a queda na demanda de nossos grandes e médios mercados tradicionais, como Japão, Coréia, Taiwan, EUA e Canadá, ter sido em grande parte compensada pelo dramático aumento nas compras da Rússia e do Sul da Ásia”. Com esses mercados emergentes comprando cortes processados congelados e cortes mais baratos, o mercado global para estes produtos tem sido positivo.

Isso está relacionado ao forte crescimento econômico e na demanda por carnes nessas regiões e à menor competição com os fornecedores da América do Sul. Os cortes australianos de carne bovina congelada industrializada e os cortes mais baratos estão agora com os mesmos preços que os brasileiros em muitos mercados externos.

Embora as exportações à Rússia devam cair na segunda metade do ano e em 2009, o país deverá comprar 90 mil toneladas de carne bovina australiana em 2008 – comparado com somente 5 mil toneladas em 2007. A Rússia poderá se consolidar como um importante mercado para a carne australiana em médio e longo prazo, dependendo da extensão da competição com a América do Sul.

No geral, as exportações de carne bovina da Austrália deverão aumentar somente 1% em 2008, para 950 mil toneladas, antes de cair 5% em 2009 (para 900 mil toneladas), devido à menor oferta, à maior competição com os EUA no Japão e na Coréia, e ao alto dólar australiano. Entretanto, a Austrália deverá manter grande parte de participação no mercado que ganhou durante a ausência dos EUA, com uma queda de 7% nas exportações ao Japão em 2009 e 11% à Coréia – ainda 19% e 93% a mais que as exportações a esses mercados em 2003, respectivamente.

Após um impressionante crescimento na demanda por carne bovina, o mercado doméstico da Austrália deverá se estabilizar em 2008 e 2009, com os cortes nos gastos das famílias impactando nas vendas, com os consumidores buscando os cortes mais baratos, comendo mais em casa e optando por fast foods mais baratos e restaurantes de cozinha asiática quando comem fora de casa.

Entretanto, o consumo doméstico de carne bovina deverá se manter em cerca de 770 mil toneladas devido a uma queda antecipada nos preços no varejo com relação a outras carnes e ao crescimento no setor de fast food.

Além dos crescentes mercados da Indonésia e do Oriente Médio, as exportações australianas de gado em pé têm sido impulsionadas pelos grandes números de bovino jovens sendo vendidos de regiões afetadas pela seca, resultando em uma previsão de aumento de 11% nos envios totais em 2008, para 800 mil cabeças. Entretanto, as ofertas deverão cair temporariamente no final de 2008, levando a uma queda de 2,5% nas exportações de gado vivo em 2009, apesar da forte demanda.

Em médio prazo, a previsão é de firme expansão no rebanho bovino australiano, na produção de carne bovina e de vitelo, nas exportações de gado em pé e no consumo doméstico, instigados pelo contínuo crescimento na demanda global de carne bovina e nas esperadas melhoras climáticas e na queda do dólar australiano.

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