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Austrália lança programa de rastreabilidade no Japão

Entrar com um número em um computador no supermercado e, então, ser informado de onde vem a peça de carne bovina, quem produziu o animal, de onde ele vem e quantos anos ele tinha, tornou-se uma realidade no Japão.

O diretor-gerente do Meat and Livestock Australia (MLA), Mark Spurr, que está atualmente em uma reunião no Japão com oficiais da indústria e varejistas, disse que a rastreabilidade da prateleira à fazenda está sendo oferecida por cada vez mais varejistas no Japão.

“A demanda, a tecnologia e os processos da cadeia de produção que permitem que isso aconteça já existem atualmente para este tipo de rastreabilidade. À medida que a demanda por este tipo de rastreabilidade aumenta, é vital que os produtores de carnes vermelhas da Austrália estejam em posição para suprir esta demanda e a chave para isso é a diferenciação do produto. Fornecer a rastreabilidade animal e vender uma imagem de saudável e limpa para a carne bovina australiana são plataformas chave para a criação desta diferenciação”.

Spurr, juntamente com a diretora do MLA, Vicki Hardwick, participaram do lançamento nesta semana da carne bovina certificada Rangers Valley JAS em Tóquio. O diretor-gerente da Rangers Valley – um dos maiores estabelecimentos de engorda da Austrália – foi o foco da atenção da mídia no evento, onde demonstrou o sistema JAS de rastreabilidade da prateleira à fazenda.

O Japan Agricultural Standard (JAS) é um sistema voluntário e bastante abrangente de rastreabilidade que existe juntamente com os requerimentos obrigatórios de rastreabilidade do Japão. As companhias que fazem parte do programa JAS precisam ser certificadas pelo governo japonês e fazer parte de um processo regular de auditoria.

Informações como idade, raça e sexo do animal, juntamente com o que o animal comia, onde ele foi criado e detalhes sobre os contados na planta de abate que processou o animal, são registrados como parte do programa de rastreabilidade JAS. Todas estas informações estão disponíveis aos clientes dos supermercados via computadores nas lojas.

“O sistema de rastreabilidade JAS de fato enfatiza as crescentes demandas aos consumidores e governos externos com relação à produção de carne bovina”, disse Spurr. “Como uma indústria, nós precisamos colocar o processo em prática no mercado doméstico e realizar uma campanha efetiva de marketing no exterior de forma que possamos sair na frente”.

O MLA promove ativamente a carne bovina australiana no Japão através de sua campanha promocional Aussie Beef. Adicionalmente, o MLA faz parte do Acordos Colaborativos da Indústria (Industry Collaborative Agreements – ICA) com os exportadores individuais de carne bovina da Austrália, através do qual o MLA fornecerá até 40% do financiamento para campanha de marketing nos mercados externos.

Spurr disse também que a indústria de carne bovina da Austrália está atualmente em uma forte posição no Japão como resultado da ausência dos produtos dos Estados Unidos devido à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mas notou que a indústria precisa fazer algo para manter qualquer vantagem.

“Nós esperamos que os EUA retornem ao mercado do Japão não antes do que no último trimestre deste ano. Precisamos manter o máximo dos ganhos na participação de mercado possível através da contínua diferenciação da carne bovina australiana no mercado”.

Fonte: MeatNews.com, adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Aécio Witchs Flores disse:

    Síndrome de caranguejo

    Incrível como o mundo caminha para frente no que tange o processo de rastreabilidade bovina e o Brasil consegue caminhar para trás.

    Como maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, seria o lógico que nós estivemos promovendo esse tipo de evolução no controle de nosso rebanho. Valorizando assim o produto brasileiro ainda mais e garantindo a posição de liderança que conquistamos.

    É pena que o SISBOV parou o seu processo evolutivo de controle, estacionando nos 40 dias antes do abate e não sendo encarado com a seriedade que merecia pela cadeia produtiva.

    Poderíamos hoje, sermos nós a divulgar ao mundo a rastreabilidade completa de nossos produtos, consolidando os mercados compradores e conquistando novos pelo diferencial de qualidade e controle de informação que a rastreabilidade pode proporcionar.

    Espero sinceramente que um dia o Brasil acorde para isso, só espero que não seja tarde demais.

    Aécio Witchs Flores

  2. Eloísa Muxfeldt Arns disse:

    A Austrália continua a ser referência mundial em ações para aumentar, não só o consumo de carne vermelha, como a confiança do consumidor em relação ao produto australiano.

    Enquanto isso, nós tupiniquins, já temos estas informações em algumas regiões onde as alianças mercadológicas funcionam.

    Em Guarapuava, por exemplo, o consumidor tem todas estas informações junto ao balcão de venda de carne. Nome do produtor do terneiro, do terminador, raça do animal, idade de abate, peso de abate, peso de carcaça e grau de acabamento.

    O cliente sabe o que está comprando. E volta para adquirir o produto novamente.

    Eloísa Muxfeldt Arns
    COTRISAL – São Borja/RS

  3. Jorge Andrade de Carvalho Gomes disse:

    Se avaliarmos as informações dos ultimos 10 dias sobre o comércio de carne com o Japão, veremos que não é só fazer um “churrasco” para os japoneses, e logo em seguida estaremos comemorando os lucros…

    Se queremos nos equiparar com nossos principais concorrentes, são necessários investimentos de toda a cadeia da carne em Sanidade e Rastreabilidade, e então estaremos aptos a vender carne para os melhores mercados do mundo.

    Caso contrário, vamos todos morrer ouvindo que o Brasil produz carne barata e não produtos de qualidade e valor agregado.

  4. Mario Angelino disse:

    Concordo com a opinião do colega Aécio.

    Urge a necessidade do produtor brasileiro se conscientizar de que hoje ele não mais vende o seu produto para um matadouro localizado em sua cidade, ele o faz, atualmente, para um frigorífico que, por sua vez, se encontra em um contexto globalizado de atuação. Estando este, sujeito as condições e premissas individuais de cada mercado consumidor.

    O que nós estamos fazendo hoje, nada mais é do que oferecer todas as ferramentas disponíveis para que os nossos concorrentes desqualifiquem o nosso produto no mercado internacional, para que a qualquer momento, este mesmo possa nos tomar o lugar, neste mercado que vem se mostrando cada dia mais exigente.

    Na minha opinião, o ponto fundamental deste problema se encontra na cultura do produtor brasileiro, que se viu de uma hora para outra com um imenso mercado consumidor em suas mãos, sem o mesmo estar preparado para suprir as suas necessidades.

    Entenda-se por necessidades, não só a entrega de uma carne com qualidade “aparente” ou “visível”, mas sim todo um contexto de produção em um ambiente seguro, onde o produtor ofereça ao seu consumidor, todas as garantias de que o seu produto está dentro das exigências que envolvem a classificação de um alimento tido como seguro.

    Enfim, o grande problema da rastreabilidade no Brasil não está relacionado à processos, e sim a cultura.

    Atenciosamente,

    Mario Angelino
    Brasil Certificação