Primeiro foi a seca e depois o retorno da carne bovina dos Estados Unidos ao Japão e à Coréia. Agora, o dólar australiano é o que está tendo a maior influência na indústria de carne bovina da Austrália. Em sua atualização do meio do ano das Projeções da Indústria de Bovinos 2007, o Meat and Livestock Austrália (MLA) reportou que o rápido e inesperado aumento do dólar australiano tem levado a um declínio significante nos retornos de exportação e nos preços dos bovinos.
Primeiro foi a seca e depois o retorno da carne bovina dos Estados Unidos ao Japão e à Coréia. Agora, o dólar australiano é o que está tendo a maior influência na indústria de carne bovina da Austrália.
Em sua atualização do meio do ano das Projeções da Indústria de Bovinos 2007, o Meat and Livestock Austrália (MLA) reportou que o rápido e inesperado aumento do dólar australiano tem levado a um declínio significante nos retornos de exportação e nos preços dos bovinos.
O analista chefe de mercado do MLA, Peter Weeks, disse que 2007 tem mostrado ser um ano mais difícil aos produtores de bovinos, estabelecimentos de engorda, processadores de carne bovina e exportadores do que foi antecipado em janeiro quando as previsões iniciais foram feitas, devido ao aumento do dólar australiano, à lenta demanda de exportação e a continuação da seca.
“O aumento de 10-14% no dólar australiano com relação ao dólar dos EUA e o iene japonês desde o começo do ano deixou todos surpresos e este impacto tem sido amplificado pela menor demanda de exportação, devido à queda nas compras por Coréia e Japão e ao menor mercado de importação dos EUA”.
“Olhando adiante, os preços deverão ter uma média mais baixa do que o ano anterior durante o restante de 2007 e 2008, com o alto dólar australiano adicionando pressão à competição dos EUA no Norte da Ásia”.
“Entretanto, uma forte queda nos preços dos bovinos e da carne bovina deverá ser evitada, devido às menores ofertas australianas, à forte demanda dos pecuaristas por reabastecimento após a seca, aos preços historicamente altos da carne bovina dos EUA, à retenção de uma participação adicional nos mercados do Japão e da Coréia, à firme demanda doméstica por carne bovina e, esperançosamente, a uma queda significante no dólar australiano”.
O aumento do dólar australiano e o retorno dos EUA influenciarão nas exportações de carne bovina e de bovinos da Austrália em curto prazo, com ambas devendo cair em cerca de 2% em 2007, e as exportações de carne bovina deverão declinar mais 4% em 2008.
Apesar de o retorno dos EUA aos mercados de carne bovina do Japão e da Coréia estar sendo muito mais lento do que o esperado, não evitou o antecipado impacto negativo nos preços, à medida que a baixa demanda da Coréia e dos EUA e a maior oferta da Austrália devido à seca têm permitido que os compradores usem a competição dos EUA para significantemente reduzir os preços de importação.
Com o provável fim da longa seca na primavera, as ofertas de bovinos e de carne bovina deverão cair significantemente abaixo dos níveis do ano anterior durante o restante do ano de 2007 e em 2008, deixando a produção em cerca de 2,12 milhões de toneladas em 2008, 3% a menos que o recorde registrado em 2006.
“A indústria de carne bovina tem sobrevivido bem a mais um ano de seca severa, com somente uma modesta queda estimada de 2,1%, ou 600 mil cabeças, no rebanho, um contínuo investimento de alto nível nas fazendas, preços recordes das terras e somente um pequeno aumento nos débitos”, disse Weeks.
“Como resultado disso e mesmo com a expectativa de menores preços do gado, muitos produtores estão antecipando uma atitude em direção à reconstrução dos rebanhos em 2007-08, levando a uma expansão de 7% no rebanho nos próximos cinco anos, para 30,5 milhões de cabeças até 2011”.
Junto com o movimento do dólar australiano, a velocidade do retorno dos EUA ao Japão e à Coréia é destacada como uma incógnita crítica na previsão para a indústria de carne bovina e de bovinos da Austrália.
“Se a Coréia concordar em permitir carne bovina dos EUA com osso no final deste ano, como antecipado, o impacto nas exportações australianas a este mercado poderá ser significante, com o produto sendo desviado ao mercado doméstico ou a outros mercados de exportação, particularmente EUA e Japão”.
Similarmente, o Japão poderá relaxar seus protocolos de importação de carne bovina dos EUA no meio de 2008, permitindo um aumento significante de entradas do produto dos EUA.
Em contraste, as exportações australianas de carne bovina aos EUA e aos mercados do Sul da Ásia deverão começar a se recuperar em curto prazo, à medida que a competição por carne bovina australiana no Norte da Ásia recua.
As exportações de carne bovina aos EUA também serão estimuladas pelos fortes preços de carne bovina processada no país e pela crescente demanda por cortes oriundos de animais alimentados com grãos de qualidade e pasto, com os envios aumentando 10% em 2007 e 5% em 2008, para 340 mil toneladas.
O MLA também projetou uma melhora nas margens dos estabelecimentos de engorda, com uma grande colheita de grãos no inverno devendo fornecer alívio dos altos custos dos grãos, maior crescimento na demanda por carne bovina de animais alimentados com grãos na Austrália e nos EUA e a retenção de muito do novo comércio com o Japão e, possivelmente, com a Coréia.
As previsões das exportações de gado em pé da Austrália à Indonésia continuam fortes, com um setor de confinamento em expansão e maiores preços locais da carne bovina devendo levar à expansão em curto e médio prazo. Entretanto, em outros locais no Sudeste da Ásia, Oriente Médio e África o alto dólar australiano tem prejudicado as vendas, principalmente dada a competição da carne e animais da América do Sul, Índia e África.
O consumo doméstico de carne bovina deverá aumentar, apesar das menores ofertas, à medida que a demanda no varejo e no setor de foodservice continua firme e a competição dos exportadores diminui, atingindo 760 mil toneladas (35,8 kg/pessoa) em 2008, 3% a mais que em 2006.