Custará A$ 7 milhões (US$ 5,18 milhões), envolverá 40 mil hectares de pastagens da região norte da Austrália e será um dos mais amplos estudos já feitos sobre sustentabilidade em sistemas de pastagens no país. Trata-se do estudo chamado projeto Pigeon Hole, que tem buscado aumentar os lucros em sistemas de pastagens sem causar danos ao meio ambiente.
Bovinos com colares de alta tecnologia contendo sistema de posicionamento global (GPS) são apenas um dos componentes da pesquisa do projeto. O pesquisador da Organização Nacional de Pesquisa Industrial e Científica (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation – CSIRO) da Austrália, Leigh Hunt, disse que um dos principais problemas que a indústria de pastagens enfrenta é a irregularidade no momento do pastoreio.
“Os bovinos utilizam somente uma pequena porção do total de alimentos existente na pastagem e essa pressão irregular não somente reduz a produção em dólares, mas pode resultar na degradação da terra. No projeto, procuramos uma série de maneiras de aumentar de maneira mais uniforme a pastagem, incluindo a mudança do tamanho dos pastos e a alteração do número de pontos de irrigação. Os pesquisadores do Departamento de Negócios, Indústria e Desenvolvimento de Recursos de Northern Territory também têm trabalhado conosco na avaliação de níveis sustentáveis de pastoreio”, comentou.
Hunt disse que um receptor e registrador de dados GPS será usado nos bovinos para melhor entendimento de sua atividade de pastoreio. Outra característica do projeto é o reconhecimento de que o uso de pastagem mais intensiva poderia ter impactos negativos na biodiversidade, e ele tem procurado formas para evitar isso.
O cientista sênior do Departamento de Infraestrutura, Planejamento e Meio-Ambiente de Northern Territory, Alaric Fisher, disse que o pastoreio irregular pode beneficiar a vida silvestre à medida que menos áreas que foram bastante exploradas pelos animais possam fornecer refúgio aos animais silvestres.
“Áreas de pastoreio no norte da Austrália podem ainda fornecer um importante hábitat para a vida silvestre nativa. Vários estudos, porém, têm demonstrado que algumas espécies de plantas e animais nativos declinaram ou desapareceram conforme aumentou a pressão das pastagens”, disse.
Fisher destacou que seu papel no projeto Pigeon Hole é ajudar a garantir que novas estratégias de pastagens não resultarão em perda de biodiversidade. “Temos analisado os efeitos de diferentes sistemas de pastoreio na biodiversidade de pastos, particularmente para ver se há um ponto mínimo acima do qual o uso leva ao início da perda da biodiversidade”.
O cientista disse também que tem analisado o potencial valor de proteger algumas áreas de pastagens para atuarem como refúgios que não sofreram pastoreio aos animais silvestres. “Esta é uma oportunidade realmente interessante para vermos se essas áreas de conservação dentro de fazendas podem ter um papel significativo na manutenção da biodiversidade em grandes arrendamentos de pastos”.
O gerente de projetos da Heytesbury Beef, Steve Petty, disse que os resultados desse projeto servirão de base para os futuros desenvolvimentos da indústria de carne bovina do norte do país. “Uma grande quantidade de informações será reunida durante o período de cinco anos do estudo e isso terá uma contribuição inestimável para uma indústria sustentável de carne bovina nessa região. Pela primeira vez, os principais parceiros da indústria de carnes da Austrália, Heytesbury Beef e Meat and Livestock Austrália (MLA), unem forças com os pesquisadores do CSIRO e do governo de Northern Territory em um projeto de escala comercial”, acrescentou.
O projeto Pigeon Hole também é apoiado pela Associação de Conservação do Distrito de Victoria River, pela Universidade de Queensland e pelo Tropical Savannas CRC.
Fonte: CSIRO, adaptado por Equipe BeefPoint