A Austrália anunciou na quinta-feira que está pressionando o Japão contra o aumento das tarifas de importação de carne bovina, solicitando a Tóquio que cancele este aumento para proteger o recém-recuperado apetite dos consumidores japoneses por carne bovina.
O ministro do Comércio da Austrália, Mark Valie, disse que levantará este assunto à reunião que terá com o ministro japonês, Takeo Hiranuma, no Japão, em fevereiro, em uma tentativa de impedir o aumento da tarifa de importação de carne bovina para 50%, aumento que deverá entrar em efeito em primeiro de agosto deste ano.
Um porta-voz de Vaile disse que a Austrália obteve apoio dos Estados Unidos e do Canadá nesta batalha contra o aumento de 11,5% na tarifa de importação do Japão, além do apoio dos consumidores japoneses, que disseram que não querem que haja aumento dos preços justamente agora que o mercado está voltando ao normal.
O Japão ainda luta para se recuperar da crise gerada pelo surgimento de casos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), conhecida como doença da “vaca louca”, em setembro de 2001, que prejudicou a demanda por carne bovina no país, afetando seus fornecedores, como Austrália e EUA. As importações caíram cerca de 60% devido ao medo dos consumidores japoneses de contraírem a variante humana da doença – doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD).
No entanto, as importações desde então já voltaram a níveis de cerca de 80% dos níveis de antes da EEB – graças às campanhas multimilionárias feitas pelos EUA e pela Austrália para promover a segurança do produto no Japão.
Quase um terço das exportações de A$ 4,5 bilhões (US$ 2,63 bilhões) da Austrália são para o Japão, seu principal parceiro comercial, e os produtores de carne bovina da Austrália temem que o aumento da tarifa venha a prejudicar a indústria de carnes do país, que já está sofrendo as conseqüências da seca, bem como do aumento dos preços dos alimentos dos animais.
A Austrália está argumentando que o aumento da tarifa, que tem o apoio da Organização Mundial do Comércio (OMC), foi designado para proteger o Japão de um verdadeiro grande aumento nas importações – e não de um aumento natural nestas importações, estimulado pela recuperação do mercado após o medo gerado pela EEB.
“Não é interesse aos consumidores japoneses ter que pagar mais pela sua carne bovina justamente quando estão se recuperando do medo da EEB”, disse o porta-voz de Vaile.
Sob as regras comerciais da OMC, o Japão pode aumentar as tarifas de importação de carne bovina para 50%, dos atuais 38,5%, se as importações cumulativas de um trimestre aumentarem mais de 17% com relação às importações do mesmo trimestre do ano anterior. Isso irá quase que certamente acontecer porque as importações foram artificialmente menores devido à EEB e aqueles que se opõem ao aumento argumentam que este somente punirá a indústria de carnes por voltar à normalidade.
Apesar de o Ministério da Agricultura japonês ter dito que não há outra chance senão implementar o aumento, Vaile acredita que o país asiático cederá à pressão que a Austrália está fazendo contra o aumento. “Vamos ver o que acontecerá nos próximos dias, quando o assunto cair na mídia japonesa”, disse o porta-voz de Vaile.
Fonte: Reuters, adaptado por Equipe BeefPoint