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Austrália: temperaturas chegam a 48oC, enquanto média em janeiro é de 35oC

Vários dias de calor extremo cobrindo a maioria do continente são raros e isolados. Não é comum para a temperatura média australiana exceder 39oC por até dois dias seguidos.

A Austrália começou 2013 com uma onda de calor recorde que durou mais de duas semanas em muitas partes do país. As temperaturas ficaram regularmente acima de 48oC, com o máximo registrado de 49,6oC em Moomba, South Australia. Nesse artigo, primeiramente publicado no The Conversation, os cientistas do clima do Bureau of Meteorology, Neil Plummer, Blair Trewin, David Jones, Karl Braganza e Rob Smalley, explicam porque esperam mais eventos de calor extremo ocorrendo com mais frequência.

A Austrália sempre registrou ondas de calor e elas eram normais na maioria dos verões. Entretanto, o evento atual afetando grande parte do interior da Austrália definitivamente não é típico. A coisa mais significante sobre o recente calor tem sido a cobertura do continente e sua persistência. É muito incomum ter essas temperaturas extremas disseminadas – e tê-las persistentes por tanto tempo. Somente por essas duas medidas, extensão espacial e duração, as duas últimas semanas ultrapassam a única situação semelhante registrada na história (desde 1910) – o período de duas semanas de calor durante o verão de 1972-1973.

Uma boa medida da extensão especial do calor é a temperatura diária australiana média. Esse é a média das mais altas temperaturas diárias do ar logo acima da superfície do continente australiano, incluindo a Tasmânia. A média nacional é calculada em três interpolações dimensionais (incluindo topografia) de mais de 700 locais observados por dia.

Nos dias 7 e 8 de janeiro, essa temperatura aumentou para mais de 40oC. A temperatura na segunda foi de 40,33oC, registrando um novo recorde, batendo o máximo diário anterior australiano de 40,17oC, registrado em 1972. A temperatura da terça ficou em terceiro lugar, em 40,11oC.

O mapa de acompanhamento das temperaturas mostra as regiões do país que registraram temperaturas extremamente altas, com mais de 70% do continente registrando temperaturas de mais de 42oC.

Estes registros ficaram entre dois e três desvios padrão acima da média de longo prazo de janeiro, de 35oC. Talvez mais incomumente, a temperatura média australiana (representando a média do máximo do dia e do mínimo da noite) registrou valores recordes em ambos os dias, de 32,22oC (7 de janeiro) e 32,32oC (8 de janeiro), que foram bem acima do recorde anterior de 31,86oC, registrado em 1972.

Entretanto, é a duração desta onda de calor extremo que a torna tão incomum e tão significante em termos de impactos. Embora algumas cidades da Austrália sejam famosas por seus longos períodos de temperaturas altas, a natureza geográfica limitada desses eventos as distinguem dessa onda de calor de janeiro. Vários dias de calor extremo cobrindo a maioria do continente são raros e isolados. Não é comum para a temperatura média australiana exceder 39oC por até dois dias seguidos. Uma sequência de três dias acima de 39oC ocorreu somente em três ocasiões e, de quatro dias, somente uma vez, em 1972. A atual onda de calor registrou uma sequência de temperaturas acima de 39oC por sete dias e, acima de 38oC, por 11 dias seguidos.

A sequência da temperatura média na Austrália foi impressionante. As duas primeiras semanas de janeiro de 2013 registraram recordes para o dia mais quente na Austrália, o período de dois dias mais quentes registrado, o período de três dias mais quentes, o período de quatro dias mais quentes e, bem, todos os dias sequenciais registrados de um a 14 dias para temperaturas médias diárias.

O número de recordes que foram quebrados para locais individuais estão são muito numerosos para catalogar aqui e o Bureau of Meteorology preparou uma Declaração Especial sobre o clima com análises detalhadas sobre os recordes de temperaturas quebrados. A lista de recordes é limitada àquelas estações onde há registros há pelo menos 30 anos.

Então, tudo isso tem a ver com a mudança climática? Para contextualizar isso, precisamos avaliar a influência das mudanças globais no sistema. O planeta Terra está esquentando. Cientistas do clima usam uma série de indicadores para rastrear o aquecimento global. Isso inclui o calor nos oceanos, as temperaturas na superfície do mar, o nível do mar, as temperaturas na troposfera inferior e média e a taxa de derretimento de geleiras e camadas de gelo.

O globo não se aquece uniformemente em todos os lugares, devido principalmente às variações regionais naturais no clima. Na Austrália, as temperaturas da terra e as temperaturas dos oceanos se aqueceram em aproximadamente 1oC desde 1910, bem próximo às tendências globais.

À medida que o sistema climático aquece devido à maior presença de gases de efeito estufa, mais energia é retida na baixa atmosfera. Essa energia extra influencia todo o clima. Em essência, todo sistema climático e oceânico atual opera em um sistema climático que é, agora, em média, um grau mais quente do que era há um século.

Então, embora a “causa” de um evento climático individual, incluindo ondas de calor, esteja mais proximamente relacionada com condições climáticas antecedentes – é possível determinar a influência da mudança climática na frequência de ocorrência deste tipo de evento. Isso é expresso pela maior probabilidade de que esses eventos extremos ocorrerão em comparação com o passado ou em comparação com cenários de modelagem de clima de um clima sem mudanças.

Além disso, as condições climáticas antecedentes na onda de calor de janeiro já mostraram a influência do aquecimento do mundo. O que antecedeu as condições climáticas nesse evento foram quatro meses de temperaturas muito quentes na Austrália. Setembro a dezembro de 2012 foram os meses mais quentes para o período registrado (desde 1910) para temperaturas máximas diárias. Nesse contexto, a recente onda de calor é um pouco mais do que uma extensão de um calor recorde por quatro meses para a Austrália, piorado por causa de estar no meio do verão.

Uma mudança relativamente pequena na temperatura média pode facilmente dobrar a frequência dos eventos de calor extremo. A Austrália ficou firmemente aquecida desde os anos quarenta e a possibilidade de um calor extremo agora aumentou quase cinco vezes comparado com 50 anos atrás. Na década passada, o número de recordes de calor extremo na Austrália ultrapassou o número de recordes de frio extremo em quase 3:1 para temperaturas máximas diárias e em 5:1 para temperaturas mínimas noturnas.

É importante notar que o verão dos Estados Unidos foi o mais quente já registrado, com recordes de calor extremo quebrados a uma taxa nunca vista antes. Estudos aqui e no exterior estão agora mostrando que muitos dos eventos de calor extremo no verão em todo o mundo – como a onda de calor na Europa em 2003, a onda de calor na Rússia em 2010 e as ondas de calor nos Estados Unidos durante 2011 e 2012 – teriam sido muito improváveis sem a influência do aquecimento global.

De grande preocupação na Austrália é o substancial aumento na tendência de formação de incêndios – clima propício para disseminação e intensificação de incêndios e queimadas de pastos – em cerca de metade dos locais monitorados estudados no país, com um aumento concentrado no sudeste do continente. A estação de fogo é agora mais longa, reduzindo o tempo para preparações, tais como redução de combustíveis. Novamente isso não surpreende e foi previsto com antecedência – o impacto combinado do calor e da seca na estação fria está aumentando os perigos de incêndio em regiões já altamente propensas a pegar fogo.

A reportagem é do Beefcentral.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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