O Brasil experimentará forte avanço na produção agrícola nos próximos anos e precisará dispor de mais terra para o cultivo, destacou estudo divulgado ontem (24) pelo governo do Reino Unido. Mas, em vez de condenar o avanço da fronteira agrícola, os pesquisadores acreditam que o País poderá realizar o chamado "desmatamento bom". Segundo os especialistas, é preciso analisar o uso da terra e não "simplesmente preservar qualquer pedaço do ecossistema da floresta sem considerar seu nível de uso ou tamanho".
O Brasil experimentará forte avanço na produção agrícola nos próximos anos e precisará dispor de mais terra para o cultivo, destacou estudo divulgado ontem (24) pelo governo do Reino Unido. Mas, em vez de condenar o avanço da fronteira agrícola, os pesquisadores acreditam que o País poderá realizar o chamado “desmatamento bom”.
As conclusões fazem parte de um amplo estudo sobre agricultura conduzido por 400 especialistas em mais de 35 países, incluindo o Brasil. O governo britânico quis traçar as perspectivas para a produção de alimentos e os impactos sobre o mundo nos próximos 40 anos. Conforme o estudo, nos próximos 20 anos a produção das principais culturas nacionais avançará para atender o consumo, estimulada também pelo preços das commodities.
A produção de cana-de-açúcar passará de 711,5 milhões de toneladas em 2010 para 1 bilhão de toneladas em 2030. A safra de soja deve sair de 67,7 milhões de toneladas para 100,8 milhões de toneladas, do milho de 55,5 milhões de toneladas para 76,7 milhões de t, do trigo de 6,0 milhões de t para 7,1 milhões de t, do algodão de 3,8 milhões de t para 4,9 milhões de t, e do café de 2,7 milhões de t para 4,2 milhões de t. A produção de carne deve avançar de 9,2 milhões de t para 13,9 milhões de t no período.
Para abarcar toda essa produção, principalmente de cana e soja, o Brasil precisará de uma área de 50 milhões de hectares destinada à agricultura, ou seja, um aumento de 13,5 milhões de hectares em relação ao registrado em 2006. O estudo assume que a terra adicional virá principalmente da utilização de áreas hoje reservadas para o pasto. Mas os pesquisadores admitem a possibilidade de que o plantio avance pela floresta. “A possibilidade de que a área adicional necessária para produzir o nível estimado possa também vir do desflorestamento não precisa afetar negativamente o bem-estar da sociedade”, diz o estudo.
Segundo os especialistas, uma “política apropriada” pode assegurar que somente o “bom” desflorestamento ocorra. É preciso analisar o uso da terra e não “simplesmente preservar qualquer pedaço do ecossistema da floresta sem considerar seu nível de uso ou tamanho”.
O estudo mostra que a produção global de alimentos passará por pressões profundas nos próximos 40 anos. A população mundial deve sair dos atuais 6 bilhões e atingir 9 bilhões até 2050. A competição por terra, água e energia deve se intensificar, juntamente com os efeitos do aquecimento global.
O custo da comida deve subir nos próximos anos, o que aumenta a possibilidade de conflitos. “Nada mais do que um redesenho de todo o sistema é necessário para trazer sustentabilidade”, diz o estudo.
A reportagem é de Daniela Milanese, para o jornal O Estado de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.