Além dos grupos Bertin e Fribahia, a direção da Agropecuária CFM, empresa que pertence a um grupo de capital britânico e que tem sede em São José do Rio Preto (SP), já sonda realizar investimentos na Bahia voltados à implantação de uma fazenda própria para a criação de gado Nelore e Montana. A Agropecuária Jacarezinho, de Valparaíso/SP, também adquiriu uma propriedade no estado recentemente.
Entre os catalisadores de investimentos na cadeia da pecuária bovina estão: os incentivos governamentais, o baixo valor das terras em relação a estados tradicionalmente dedicados à atividade e a conquista do status de área livre de febre aftosa, em 2001.
“A Bahia é a porta de entrada para todo o Nordeste. Além disso, apenas ela e Sergipe são livres de aftosa na região. E nós somos referência aqui”, afirma o coordenador de Modernização Pecuária da Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri), Alex Bastos, informando que a Agropecuária CFM analisa propostas para instalar uma fazenda na região oeste do estado.
O coordenador de pecuária da CFM, Luis Adriano Teixeira, disse que a empresa estuda a instalação de uma nova fazenda. O local pode ser tanto a Bahia como Tocantins ou Mato Grosso. “Hoje, atuamos na Bahia por meio de um parceiro: a Fazenda Colatina, que serve como um distribuidor de touros das raças Nelore e Montana no extremo oeste do estado”, disse Teixeira.
Atualmente, o grupo, que desenvolve um programa de melhoramento genético bovino que tem a raça montana como chamariz, possui fazendas em Magda (SP), Pontes Gestal (SP), Lajeado (MS) e Cuiabá (MT). A CFM também abate animais que abastecem as linhas de produção dos frigoríficos Marfrig, Friboi e Minerva.
Em relação a novos investimentos concretos, o grupo Fribahia, originalmente com atuação na área educacional, acaba de assinar um protocolo de intenções com o governo para instalar um frigorífico na região de Ribeira do Pombal, nordeste do estado.
No protocolo de intenções assinado pela Fribahia, serão investidos R$ 8 milhões. Segundo o consultor da empresa, Milton Lopes, as metas prevêem, em um primeiro momento, abastecer os municípios vizinhos, depois outros estados e só depois partir para as exportações. Inicialmente serão feitos 300 abates por dia.
O Grupo Bertin foi o primeiro a instalar-se na região Nordeste, no final do ano passado, quando assumiu o Frigorífico Mafrip, em Itapetinga. Segundo informações da assessoria de imprensa, a partir de janeiro de 2005 o Bertin iniciou um processo de aprovação da planta para exportação que se estende até hoje. Os primeiros contatos comerciais incluem os 87 países da chamada Lista Geral (onde estão incluídos a China e as regiões do Oriente Médio e da América Latina), Estados Unidos e União Européia (UE).
Para atender à demanda, já está em andamento um programa de reformas e ampliação da fábrica, com previsão inicial de conclusão para janeiro de 2006. Deste momento em diante, será possível atingir uma capacidade de processamento de mil animais por dia.
Segundo a empresa, o status sanitário em relação à aftosa e a dimensão do rebanho local foram decisivos para a instalação do Bertin.
Além desses dois grupos, também estão instalados na Bahia os grupos Frisa, Unifrigo, Frifeira, Fribarreiras, Frigopar, Frigorífico Vitória da Conquista, Frigorífico Paulo Afonso, Frigorífico Juazeiro, Geomar, Criasisal, Costa Andrade, Frimatos, João Santos, Frigorífico Ruy Barbosa, Frigosaj e Campo do Gado. As informações são da Coordenadoria de Modernização Pecuária da Seagri.
Ainda segundo o órgão, vale lembrar que dos 18 frigoríficos já instalados na Bahia, apenas seis possuem habilitação para vender para outros estados da Federação. Os outros 12 estão habilitados só para atuar dentro dos limites do território baiano.
Auto-suficiente em carnes, o estado vende para outras regiões cerca de 620 mil animais, entre já abatidos e ainda vivos. Até o ano passado, a Bahia figurava como oitava colocada no ranking nacional de produção de carne bovina. A cadeia produtiva da carne baiana movimenta R$ 7,2 bilhões, pouco menos de 10% do Produto Interno (PIB) do estado.
Fonte: DCI (por José Guerra e Márcio Rodrigues), adaptado por Equipe BeefPoint