Um mês depois do único caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), ou doença da “vaca louca”, ter ocorrido no Canadá, o consumo de carne bovina nos EUA não sofreu mudanças significativas.
A menor oferta de carne bovina devido ao fechamento da fronteira do país aos bovinos canadenses inicialmente levaram ao aumento dos preços dos animais. Porém, quanto mais tempo esta barreira permanecer ativa, maior será o efeito no mercado dos EUA, disse o economista agrícola da Universidade de Kansas, James Mintert.
Um grande aumento na oferta de carne bovina quando a barreira for retirada é esperada, o que deverá fazer uma pressão para baixo nos preços. O quanto estes preços baixarão dependerá de quanto tempo a barreira permanecerá em atividade – mas os preços poderão cair rapidamente cerca de 10% ou mais, disse Mintert.
Agora, os pecuaristas de Kansas estão preocupados sobre “como e quando” a barreira aos bovinos canadenses será retirada, disse o porta-voz da Associação de Pecuaristas do Kansas, Todd Domer. Eles temem que se os EUA unilateralmente reabrirem suas fronteiras, outros países – incluindo Japão, Coréia e México que também proibiram a entrada de carne bovina – pararão de comprar carne bovina dos EUA.
Oficiais canadenses registraram em 20 de maio o primeiro caso de EEB do país, desde 1997. Nenhum outro caso da doença foi registrado no país desde então.
Devido à descoberta da doença no mês passado, as taxas de abate no Canadá declinaram severamente. Já nos EUA, a taxa de abates aumentou bastante para suprir a lacuna deixada pela redução no fornecimento mundial de carne bovina, disse Mintert.
Os abates de bovinos dos EUA na primeira semana de junho atingiram seu maior volume desde a metade da década de setenta e a média de abate diário durante a primeira metade de junho foi quase 8% maior do que no ano passado. Mintert estimou que a proibição das importações de bovinos e de carne bovina do Japão foi responsável por pelo menos 5% da produção de carne bovina dos EUA. Porém, o maior abate de bovinos foi equilibrado por algumas das perdas nas importações.
O aumento nos preços da carne bovina no atacado do meio de maio até o início de junho indicou que a demanda dos consumidores caiu pouco, em resposta aos anúncios da EEB, segundo Mintert. O economista cita como exemplo o preço médio de carne bovina, de US$ 328,49 por 100 quilos na primeira semana de junho – um valor recorde. Este valor não se manteve até o final do mês à medida que os abates aumentaram e o fornecimento de carne bovina aumentou, de forma que os preços começaram a enfraquecer.
“Eu diria que isso teve um efeito muito pequeno, e acho que a razão disso se deve ao fato dos consumidores estarem confiantes nos processos de inspeção de nosso governo”, disse o Comissário de Saúde Animal de Kansas, George Teagarden.
Se a barreira à carne bovina canadense for retirada no começo de julho, os frigoríficos canadenses provavelmente operação em capacidade máxima e as exportações de bovinos abatidos aos EUA deverão aumentar, disse Mintert. Isso levará a um grande aumento na oferta de carne bovina, com conseqüente queda nos preços da carne.
Isso parece ser exatamente o que os preços no mercado futuro de bovinos vivos estão antecipando. Entretanto, Mintert disse que há uma boa chance de que o aumento dos abates dos EUA ocorrido em resposta aos altos preços deverá se reduzir caso a barreira às importações seja retirada.
Os níveis de abates domésticos dos EUA deverão cair então significantemente nas próximas semanas à medida que o fornecimento de alimentos dos animais deverá se estreitar. Se isso acontecer – e a barreira mundial às exportações canadenses permanecer – os preços neste verão deverão se fortalecer de forma mais significativa do que as previsões feitas para os mercados futuros.
A Associação de Produtores de Bovinos de Kansas pediu ao Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) que, quando reabrisse a fronteira com o Canadá, permitisse primeiro a entrada de produtos de baixo-risco ou nenhum risco – como bovinos com menos de 24 meses de idade e cortes de carne sem osso, disse Domer.
Fonte: The Associated Press (por Roxana Hegeman), adaptado por Equipe BeefPoint