BBM fecha convênio com BB para alavancar negociações

A Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), controlada pela BM&FBovespa, fechou convênio com o Banco do Brasil para oferecer crédito agroindustrial à aquisição de matérias-primas por meio de operações em bolsa. A linha de R$ 8 bilhões, que será anunciada hoje pelo BB, deve servir para alavancar o novo sistema eletrônico de comercialização de bois da Bolsa.

A Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), controlada pela BM&FBovespa, fechou convênio com o Banco do Brasil para oferecer crédito agroindustrial à aquisição de matérias-primas por meio de operações em bolsa. A linha de R$ 8 bilhões, que será anunciada hoje pelo BB, deve servir para alavancar o novo sistema eletrônico de comercialização de bois da Bolsa. Até aqui em ritmo lento, o sistema receberá essa injeção para auxiliar frigoríficos médios e pequenos a superar a crise de liquidez.

“Como 90% têm que ser pago antecipado pelo frigorífico no nosso sistema, essa linha servirá para facilitar nosso volume de transações”, resume o presidente do conselho da Bolsa, Joaquim da Silva Ferreira. O sistema eletrônico exige o depósito antecipado de 90% da aquisição do boi pelos frigoríficos em uma conta de liquidação operada pela bolsa. Os demais 10% são pagos após o abate dos animais.

A linha terá juros de 12,5% a 13,5% ao ano e será oferecido prazo de 720 dias para quitação. “Serão condições atrativas porque o custo ficará abaixo do praticado no mercado”, avalia Ferreira.

Para ter direito, a empresa terá que se cadastrar na Bolsa, por meio de corretora associada. Depois, a bolsa emitirá um atestado de cadastro ao BB. Em seguida, o banco analisará a capacidade de crédito e o risco da operação. A empresa entrará no sistema da Bolsa, comprará o gado ou registrará a operação no balcão. A Bolsa emitirá uma nota de negociação e a empresa irá ao BB. Haverá um saque da conta-financiamento do frigorífico, que será enviado à conta da Bolsa no BB. Cada operação terá uma retirada específica. Haverá uma taxa de negociação de 0,5% e um custo anual de adesão de 0,06%.

O dinheiro das operações via BB será vinculado à conta de liquidação. A bolsa será responsável pela quitação da compra diretamente com o pecuarista. O dinheiro não passará pela mão da indústria.

O modelo dará garantia ao pecuarista para evitar eventuais descumprimentos de contratos por frigoríficos. E reforçará a estratégia do governo de ajudar essas indústrias a superar a recente crise. Sem capital de giro, sobretudo para pagar a compra de gado, ao menos 10 frigoríficos entraram em recuperação judicial desde o início da crise financeira global de 2008. Os frigoríficos têm operado com capacidade ociosa e estão limitados pela baixa liquidez dos negócios, o que tem travado as operações de pagamento antecipado exigidas pela Bolsa.

O convênio entre BB e a Bolsa obrigará as empresas ao cadastramento. Só poderão ser feitas transações via operações fechadas diretamente na Bolsa. O BB tem registrado “sobras” no crédito agroindustrial, e o convênio ajudará a elevar a demanda por esta linha. O BB deve conceder mais recursos à empresa que oferecer como garantia das operações recebíveis (duplicatas, promissórias rurais) dos clientes para quem vende a carne – como varejistas e atacadistas.

No longo prazo, o convênio BB-Bolsa ajudará os compradores diretos de outras matérias-primas. Granjas, beneficiadores, moinhos, cooperativas, agroindústrias e até produtores cuja atividade demande aquisição de outros produtos. A nova parceria também deve ajudar a reduzir os custos para pecuaristas. Hoje, o frigorífico desconta até 5% do pecuarista como forma de financiar a captação de recursos no mercado. Com o convênio, o custo do dinheiro deve cair.

A matéria é de Mauro Zanatta, publicada pelo Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Esperar para ver. Acho que o crédito não devia ser carimbado. O novo sistema de comercialização ainda é muito incipiente.

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