Diante dos sinais de fortalecimento da inflação, o Banco Central decidiu ontem (28), por unanimidade, elevar a taxa de juros básica da economia, a Selic, em 0,75%. Com isso, a taxa anual sobe para 9,50%. É a primeira alta desde setembro de 2008. Segundo a expectativa de analistas, trata-se do começo de um processo, e o ciclo de alta pode chegar a 3 pontos nos próximos meses.
Diante dos sinais de fortalecimento da inflação, o Banco Central decidiu ontem (28), por unanimidade, elevar a taxa de juros básica da economia, a Selic, em 0,75%. Com isso, a taxa anual sobe para 9,50%. É a primeira alta desde setembro de 2008. Segundo a expectativa de analistas, trata-se do começo de um processo, e o ciclo de alta pode chegar a 3 pontos nos próximos meses.
O breve comunicado divulgado após o encontro diz que a decisão dá “seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia”. O texto afirma, ainda, que a medida serve “para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas”.
Praticamente todos os indicadores recentes mostraram que a economia está aquecida e por isso respaldam a alta dos juros. O principal foco, porém, continua na inflação. Passada a pressão localizada nos primeiros meses do ano – quando transporte, educação e alimentos elevaram os índices -, a inflação mostra resistência em desacelerar. Além disso, há preocupação com o núcleo – conjunto de preços com maior peso na composição – do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Quando os diretores do Copom se reuniram em março, o núcleo do índice oficial de inflação registrava alta de 0,39%. Agora, o índice acelerou e já está 0,46%. O movimento mostra que as remarcações de preço estão cada vez mais pulverizadas na economia. Para os próximos meses, a preocupação cresce porque há expectativa de pressões adicionais, como nos medicamentos e vestuário.
Diante desse cenário, a previsão do mercado para o IPCA em 2010 sobe consistentemente. De março para abril, a aposta dos analistas para o índice em 2010 subiu de 4,99% para 5,41%. O problema é que essas estimativas caminham para perto do teto da meta, cujo centro é 4,50% com limite máximo de 6,50%. A última vez em que a inflação superou a meta foi em 2003, primeiro ano do governo Lula.
A matéria é de Fernando Nakagawa, publicada no jornal O Estado de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.