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3 de julho de 2012
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3 de julho de 2012

BeefPoint TV: carne de qualidade no mercado interno versus exportação, por Felipe Moura (ABA) na Feicorte 2012

 

Nesta Feicorte 2012, o BeefPoint também conversou com Felipe Moura, Diretor de Marketing da Associação Brasileira de Angus, ABA. Na conversa, aproveitamos a especialidade do Felipe em marketing de carne e os principais pontos abordados foram a demanda por qualidade, mudança no padrão de consumo, carne bovina e suas particularidades, criação de uma marca, volume X qualidade, papel da indústria frigorífica, carne commodity X carne de qualidade, exportação X mercado interno e certificação de origem.

Relacionando a carne bovina com o aumento da demanda por produtos de qualidade e do poder de consumo, Felipe diz que mudanças no padrão de consumo já eram esperadas, e por isso a cadeia produtiva deve se adaptar a essas mudanças. A necessidade de se certificar produtos, garantir sua origem, promover diferenciação e maior valor agregado faz parte destas adaptações pelas quais a indústria deve passar.

E para isso, Felipe comenta que há dez anos, no início do trabalho de certificação da carne Angus, existia certa resistência da indústria, pois trabalhando com mais de um tipo de produto, os processos internos também seriam modificados, onerando o sistema de produção, sob julgamento da indústria.

No entanto, atualmente este conceito foi superado, principalmente por causa da garantia de volume disponível de matéria-prima para o frigorífico. Da mesma forma, a indústria reconhece os ganhos de se trabalhar com produtos de qualidade. A oferta de carne certificada, com garantia de origem e animais rastreados tem aceitação no mercado, inclusive com sobre-preço, pago pela agregação de valor.

Para o médio/longo-prazo, Felipe espera uma maior estruturação da cadeia produtiva, como a de aves e suínos. Hoje, ele comenta, falta integração entre os atuantes, e estes têm objetivos contrários, salvo em casos de parceria e certificação. Em casos convencionais, “o produtor quer vender o mais caro possível, e a indústria que comprar da forma mais barata possível”.

Sobre os mercados interno e de exportação para a carne bovina, Felipe enfatiza o potencial do mercado interno para a carne de qualidade. E mesmo para a carne commodity exportada, ele acredita que é necessária alguma diferenciação também, e não somente competir pelo preço mais barato, pois há países exportadores com custo de produção menor que o brasileiro, como a Índia.

Concluindo, Felipe diz que o Brasil tem dois caminhos para seguir ao mesmo tempo para a carne bovina, o de quantidade e o de qualidade. O caminho para a quantidade é resolvido primariamente pelo aumento da taxa de lotação do rebanho no país. Ele comenta que o Brasil tem capacidade e condições para produzir duas ou três vezes mais carne, com mesmo rebanho e mesma área, “é só as vacas emprenharem mais, mais cedo e os pecuaristas tratarem destas matrizes como deveriam, aí sim será possível comparar a pecuária com a agricultura de alta tecnologia”. Já o percurso para a qualidade, Felipe reforça que o maior mercado é o consumidor brasileiro.

4 Comments

  1. André Paglioli disse:

    Concordo com o Felipe. Podemos dobrar o rebanho brasileiro com investimentos em forrageiras e irrigação.

  2. Fabiano Pagliarini Santos disse:

    Muito interessante essa matéria e gostaria que encaminhasse algumas perguntas ao entrevistado se possível for.

    1 – Quando fala da procura de carne de qualidade, com maior valor agregado, em qual elo da cadeia chega essa agregação, no varejo, na indústria, para o produtor? Pois os preço de corte diferenciados em alguns casos subirão enquanto a @, reduziu.

    2 – Com relação ao aumento de produtividade sobre área, acredito também ser o caminho, agora a questão que tenho é sobre sustentação de mercado, pois a agricultura de alta tecnologia tem seu ciclo curto, e ainda assim sofre instabilidade, enquanto para se fazer um bezerro de alta performance leva em média 17 mesea, ainda tem que agregar valor até o ponto de abate, isso mais algum tempo. Como resolver essa equação para o produtor?

  3. Felipe Moura disse:

    Quanto ao aumento da produtividade esta parte da equação é a maior determinante de rentabilidade dentro de uma propriedade rural, independentemente aonde ela se encontre. Isso gera sustentação e maior fluxo de caixa. Claro que cada ano a situação pode mudar, e muda mesmo, mas conseguiremos maior eficiência quanto mais próximo trabalharmos com ciclos mais curtos, e mais eficientes, não necessariamente mais caros! Não sei se para o nosso sistema o de 17 meses seria o mais ideial, pode ser que não…..no PR em algumas situações o de 14 meses é mais eficiente. Aqui no RS conheço alguns sistemas que o de 18 a 24 meses se torna mais rentável. Vai do local e do sistema de produção. Agora uma coisa em comum todos os lugares devem ter…….PRODUTIVIDADE!. ABRAÇO

  4. Felipe Moura disse:

    Fabiano, bom dia. Com relação ao elo da cadeia e remunerações, etc…este sempre foi um tema difícil. Entendo a sua preocupação que é pertinente. Porém, existem no país alguns exemplo aonde isso não é real. O programa de novilhos jovens da Aliança Mercadológica de Guarapuava no PR é uma prova disso, onde o vendedor do bezerro quando o seu comprador abate o animal já acabado, uma parte da remuneração daquele animal volta ao “dono” do bezerro. Este exemplo mostra que ao meu ver somente um programa de certificação; ou seja, que se envolve em toda a cadeia pode resolver isso. No RS a nossa Associação de Angus, trabalha no campo desde a certificação de bezerros ANGUS (Terneiro Angus Certificado), até a certificação de abate. O mercado tem sinalizado positivamente em termos de valores a estas ações e acredito que isso seja um dos caminhos.